Modo petista de governar é copiado por 65 países - do blog de Rui Falcão
A Venezuela foi um dos muitos países que já adotou programa semelhante ao Minha Casa Minha Vida, criado no governo Lula. |
O
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lançou na última semana seu mais
novo programa social, o Misión Hijos de Venezuela, em que famílias
pobres irão receber o equivalente a US$ 100 mensais para manter até três
filhos na escola. A semelhança com o Bolsa Família brasileiro não é
apenas coincidência.
Chávez,
assim como outros presidentes dos dois lados do oceano Atlântico, tem
contado com o apoio do governo brasileiro para criar suas próprias
versões dos programas sociais criados no Brasil.
Estima-se
dentro do governo que 65 países usem algum dos programas brasileiros.
Prestes a enfrentar sua terceira tentativa de reeleição, possivelmente a
mais dura delas, Chávez aposta justamente nesses programas com viés
popular para atrair de volta parte da população pobre que se afastou de
seu projeto bolivariano.
Além
da Misión Hijos de Venezuela, Chávez implantou uma versão local do
Minha Casa, Minha Vida, o Gran Misión Viviendas, sua tentativa de
resolver o crônico problema de moradias no país, especialmente na
capital, Caracas.
Essa
cópia detalhada do projeto brasileiro vai da urbanização das favelas
até a forma dos contratos de financiamento, e conta com uma ajuda de
peso: a ex-presidente da Caixa Econômica Federal Maria Fernanda Coelho
vai ao país uma vez por mês dar assessoria técnica aos venezuelanos. Ela
atende a um pedido do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar
de recente, o Minha Casa, Minha Vida já entrou na pauta de cooperação
externa do Brasil. Hoje há seis países africanos e latino-americanos que
recebem ajuda brasileira para implantá-lo. Um deles é a Nicarágua, onde
Daniel Ortega também enfrentou uma dura reeleição este ano. Seu
chanceler, Samuel Santos, esteve no Brasil em julho tratando justamente
dos projetos de cooperação.
“O
Brasil é visto hoje como um laboratório de políticas sociais, tanto
pelos países que vêm pedir cooperação como pelos desenvolvidos, que nos
pedem para fazer mais projetos”, justifica o presidente da Agência
Brasileira de Cooperação (ABC), embaixador Marcos Farani. “Temos hoje
projetos de cooperação com 65 países. Eu diria que em todos existe algum
programa social.”
O
próprio governo brasileiro oferece aos vizinhos e aos africanos suas
experiências sociais. O Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes,
recentemente alvo de denúncias que mostraram o programa como um duto
para desvio de dinheiro através de organizações não-governamentais de
fachada, virou estrela das propostas de cooperação esportiva. O programa
já foi iniciado em cinco países – entre eles Angola e Moçambique – e há
outras propostas aguardando a resposta brasileira.
Transferência de renda.
Um dos projetos mais pedidos é o fiador de boa parte da popularidade de Lula, o Bolsa Família. De acordo com Farani, os programas do Ministério do Desenvolvimento Social, com ênfase na transferência de renda para famílias pobres, só perdem para os da Agricultura, que vão desde o desenvolvimento de tecnologias pela Embrapa até os de compra local, passando por financiamento de agricultura familiar e alternativas para o produção de biocombustíveis.
Um dos projetos mais pedidos é o fiador de boa parte da popularidade de Lula, o Bolsa Família. De acordo com Farani, os programas do Ministério do Desenvolvimento Social, com ênfase na transferência de renda para famílias pobres, só perdem para os da Agricultura, que vão desde o desenvolvimento de tecnologias pela Embrapa até os de compra local, passando por financiamento de agricultura familiar e alternativas para o produção de biocombustíveis.
Atualmente,
pelo menos 14 países copiam ou planejam copiar o Bolsa Família. A
procura pelo programa, no entanto, tem arrefecido. As dificuldades de
implantação do projeto muitas vezes assustam os possíveis candidatos a
“Lulas” locais. A promessa de popularidade nem sempre compensa os
problemas que surgem.
“Não
é fácil implantá-lo”, explica Farani. “O Bolsa Família necessita não
apenas de recursos financeiros, mas de uma estrutura. É um processo
complexo, exige uma enorme capilaridade para atender os beneficiários,
exige uma rede bancária eficiente. Eles querem entender, mas nem sempre
vão adiante.”
Investimento.
Normalmente, o lado brasileiro da cooperação não custa muito. São apenas os recursos para enviar e manter técnicos no país que recebe o projeto. No caso do Gran Misión Vivienda, na Venezuela, a projeção é de pouco menos de US$ 270 mil.
Normalmente, o lado brasileiro da cooperação não custa muito. São apenas os recursos para enviar e manter técnicos no país que recebe o projeto. No caso do Gran Misión Vivienda, na Venezuela, a projeção é de pouco menos de US$ 270 mil.
Há
casos, no entanto, em que o Brasil participa mais ativamente. Em
Moçambique e Angola, a criação do Pintando a Liberdade – projeto do
Ministério do Esporte em que presos fabricam material esportivo – contou
com a doação de matéria-prima por empresas brasileiras.
Outro
projeto ao qual o ex-presidente Lula dava muita atenção, o dos
biocombustíveis, também teve mais investimentos brasileiros. A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foi a responsável por
estudos de viabilidade em pelo menos 12 países latino-americanos e
africanos.
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