segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

FBI investigou Occupy Wall Street como ameaça terrorista e criminosa 24/12/2012

Opera Mundi

Documentos secretos obtidos por organização civil também revelam que agência secreta colaborou com empresas financeiras

O serviço secreto norte-americano conduziu investigações sigilosas sobre o movimento Occupy Wall Street em colaboração com as principais empresas financeiras e controlou a vida de integrantes do grupo. Mesmo tendo reconhecido que os ativistas convocaram manifestações pacíficas e não toleravam a violência em suas ações, os oficiais encaram o grupo como uma possível ameaça terrorista e criminosas.


Thiago Carrapatoso/OperaMundi (16/11/2011)

É isto o que consta nas 112 páginas de uma investigação sigilosa do FBI reveladas por uma organização civil a partir da lei de liberdade de informação dos Estados Unidos.  Os documentos internos obtidos pela organização Partnership for Civil Justice foram divulgados neste sábado (23/12) em seu site e estão abertos para consulta pública.

O movimento ficou conhecido em setembro de 2011 quando centenas de ativistas ocuparam o parque Zucotti em Nova York próximo ao coração financeiro dos Estados Unidos e protestaram contra os bancos e corporações resgatados pelo governo do país na crise econômica. Sob o lema “Nós somos os 99%” e sem líderes, o grupo se expandiu para outras cidades, conquistou milhares de pessoas e inspirou movimentos ao redor do mundo.

No entanto, antes mesmo do acampamento nas principais ruas norte-americanas e da fama consequente, os agentes do serviço secreto já estavam atentos sobre a atuação de ativistas.

Os documentos mostram que um mês antes das ações de setembro, os oficiais já se reuniam com os principais representantes do mundo financeiro e outras agências de repressão do país para coordenar ações contra o grupo.

O Departamento de Segurança Doméstica (Department of Homeland Security),  Conselho de Aliança pela Segurança Doméstica (Domestic Security Alliance Council) e Serviços de Investigação Criminal da Marinha (Naval Criminal Investigative Services) estão entre os serviços envolvidos na investigação.

Alerta terrorista

No estado de Indianapolis, o órgão chegou a publicar um “alerta sobre possível atividade criminosa” para agências e empresas no dia 15 de setembro antes do movimento ter marcado protestos ou qualquer tipo de ação pública.

Na Flórida, os agentes prepararam um relatório sobre “terrorismo doméstico” sobre a “expansão do Occupy Wall Street” em outubro de 2011 e no Alasca, oficiais informaram sobre um encontro de uma “força tarefa contra terrorismo”.

A relação do movimento, de orientação de esquerda e contra o capitalismo, com organizações sindicais e de trabalhadores também foi denunciada pelos órgãos norte-americanos como perigosa para a segurança nacional.

Governo a mando das corporações financeiras

“Esses documentos mostram que o FBI e o Departamento de Segurança Doméstica tratam os protestos contra a estrutura bancária e financeira dos Estados Unidos como atividade criminosa e terrorista”, conclui Mara Verheyden-Hilliard, diretora executiva da Partnership for Civil Justice Fund. “Esses documentos também mostram que as agências federais funcionam como um braço de inteligência de Wall Street e da América Coorporativa”.

A organização civil considera que o relatório obtido é apenas “a ponta do iceberg” e denota o controle secreto do serviço de inteligência norte-americano na vida dos ativistas em uma suposta democracia.

Como os documentos possuem poucas informações e muitos códigos, a Partnership for Civil Justice Fund considera que o FBI ainda possui informações relevantes que não foram divulgadas e quer entrar com uma nova ação na Justiça para liberar outros detalhes.

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