quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Desemprego no Brasil fecha 2012 em 4,6%, menor nível histórico--IBGE 31/01/2013


Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO, 31 Jan (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil fechou 2012 no seu menor nível histórico, ao mesmo tempo em que a renda do trabalhador acumulou ganhos no ano, mas o mercado de trabalho mostrou uma importante desaceleração na criação de novas vagas.
Em dezembro, o desemprego brasileiro caiu para 4,6 por cento, ante 4,9 por cento em novembro, desbancando o recorde anterior de 4,7 por cento atingido em dezembro de 2011, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O número de agora, no entanto, veio um pouco acima do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters mostrou que a taxa recuaria para 4,4 por cento, segundo a mediana das previsões de 27 analistas consultados. As estimativas variaram de 4,0 a 4,9 por cento.
"Tem o efeito de uma menor procura (de emprego) entre Natal e Reveillón, e pessoas que já se inseriram no mercado em novembro para trabalhar... Quem não conseguiu (se inserir no mercado) pára e retoma (a procura) em janeiro", explicou a economista do IBGE Andriana Berenguy.
Segundo o IBGE, a taxa média de desemprego em 2012 ficou em 5,5 por cento, também recorde de baixa na série histórica iniciada em março de 2002. O resultado veio mesmo após o pior ano de geração de emprego formal em uma década, com 1,3 milhão de novos postos de trabalho em 2012.
Esse quadro foi consequência do mau desempenho da economia no ano passado e também captado pelo IBGE. Segundo o instituto, a geração de emprego formal teve expansão anual de 3,7 por cento em 2012, contra 6,8 por cento no ano anterior. Já a geração geral de postos de trabalho cresceu 2,2 por cento no ano passado, mantendo o ritmo do ano anterior.
"Você sente a crise pela menor geração de emprego e menos trabalho registrado", afirmou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo.
RENDA EM ALTA
De acordo com o IBGE, o rendimento médio da população ocupada caiu 0,9 por cento em dezembro ante novembro, mas subiu 3,2 por cento sobre dezembro de 2011, atingindo 1.805 reais. Segundo Azeredo, os trabalhadores ligados ao salário mínimo, que recebeu grandes ajustes nos últimos anos, tiveram ganhos acima da média no ano passado.
O rendimento do trabalhador brasileiro cresceu no ano passado 4,1 por cento ante 2011, que havia registrado avanço de 2,7 por cento, segundo o IBGE. "Os ganhos são maiores para a baixa renda, como pedreiros, operários e domésticos", acrescentou o coordenador.
O principal responsável pelo baixo nível de desemprego foi o setor de serviços, que, associado à renda em alta, ajudou a sustentar a demanda dos consumidores e a evitar um desempenho pior da economia no ano passado.
Para este ano, a expectativa é de que a atual tendência do mercado de trabalho deve continuar, num cenário de recuperação econômica, depois de um crescimento de cerca de 1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, segundo as projeções do mercado.
"Pode haver uma deterioração com 'd' minúsculo, alguma perda de qualidade na margem, mas tenho a impressão de que continuaremos assistindo a um quadro bastante favorável de emprego", disse o economista do CGD Securities, Mauro Schneider, ao avaliar que o setor de serviços segue em expansão, diferentemente da indústria.
Entretanto, já há expectativas entre especialistas de perda de dinamismo no curto prazo e redução de vagas, uma vez que a economia continua patinando.
COMÉRCIO
Os setores que mais contrataram entre novembro e dezembro foram o de Comércio, com alta de 3,3 por cento (143 mil pessoas), e Outros serviços, com avanço de 1,6 por cento (67 mil pessoas).
Na outra ponta, destaque para os setores de Construção, com queda de 3,4 por cento nas contratações (-64 mil pessoas), e Educação, saúde e administração pública, com perda de 2 por cento (-77 mil pessoas).
Já a população ocupada recuou 0,1 por cento em dezembro na comparação com novembro, mas cresceu 3,1 por cento ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 23,437 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
A população desocupada chegou a 1,136 milhão de pessoas no mês passado, queda de 6,0 por cento ante novembro, e alta de 0,2 por cento sobre um ano antes. Os desocupados incluem tanto os empregados temporários dispensados quanto desempregados em busca de uma chance no mercado de trabalho.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione, em São Paulo)

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