sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O arsenal do Irã e as tentativas de ataque por Israel 11/01/2013





Uma questão que ocupava de manei­ra obsessiva a di­plomacia ociden­tal desapareceu há alguns meses dos radares: já não se fala mais dos progressos rea­lizados pelo Irã para se dotar de uma arma nuclear.
Paralelamente, não se evo­cam mais os bombardeios que Israel, ou os Estados Uni­dos, poderiam realizar para erradicar as instalações nas quais engenheiros e Operá­rios estariam preparando uma bomba atômica irania­na.
Esse silêncio tem razões políticas: os dois países ap­tos a lançar uma ação mili­tar, Israel e Estados Unidos, estavam indisponíveis. Os Estados Unidos tinham a eleição presidencial de 6 de novembro e Israel vai votar no dia 21 para definir se o atual governo se mantém.
Isso não significa que Tee­rã tenha acalmado seus ardo­res. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à Organização das Na­ções Unidas, diz o contrário: "O programa iraniano não vai parar. Cada mês, este país instala duas novas casca­tas de centrífugas".
Depois que essas duas dis­putas eleitorais ficarem defi­nitivamente para trás, é bem provável que o perigo nu­clear iraniano volte à baila. Mas o problema poderá mu­dar de figura.
Até o ano passado, Israel estava impaciente para agir, para lançar bombas e Barack Obama temperava esses ar­roubos militares, chegando a "repreender" o primeiro-minis­tro israelense, Binyamin Netanyahu, que não gostou nem um pouco.
Hoje, Israel se sente um pou­co ultrapassado pelos aconteci­mentos. A verdade é que o Irã enterrou seus sítios nucleares tão profundamente no subsolo que a aviação israelense já não será capaz de destruí-las.
Somente a aviação america­na tem meios militares sufi­cientemente poderosos para realizar semelhante operação.
Barack Obama não tem esca­patória. O que ele vai decidir? É verdade que ele prometeu que  não deixaria o Irã dominar a ar­ma nuclear. Mas ele fez essa promessa a contragosto. Aliás, ele também declarou que encer­raria a "década de guerra" da era Bush.                  .
O presidente americano dis­se também que tal operação po­deria provocar uma escalada dos preços do petróleo e, com toda certeza, uma explosão do mapa político desse Oriente Médio instável. Sabe-se tam­bém que o Irã construiu meios de defesa antiaéreos formidá­veis ao redor de seus sítios nu­cleares.
No entanto, embora os israe­lenses reconheçam que não têm a capacidade para realizar a operação sozinhos, eles conti­nuam decididos a pressionar de todas as formas os Estados Unidos.
O período que se abrirá após as eleições israelenses do dia 2i1 será propício. Seja qual for o resultado (Netan­yahu ou não), o futuro gabi­nete israelense será compos­to de "falcões".
Israel fará de tudo então para arrastar os Estados Uni­dos para uma ação militar. Mas a maioria dos ministros israelenses não confia em Obama e desconfia que ele prefere contemporizar.
Netanyahu e seus minis­tros têm adotado um discur­so de viés alarmista. Eles ar­gumentam que é preciso agir muito rápido contra o Irã: "O ponto de máximo pe­rigo será atingido no dia em que os iranianos dispuse­rem da quantidade de urâ­nio para fabricar uma arma atômica, ou seja, 250 quilos de urânio enriquecido a 20%, e eles estão fabricando regularmente 15 quilos por mês. Um simples cálculo permite concluir que res­tam aos americanos e ao Oci­dente aproximadamente seis meses para agir".
Esses cálculos, esse prazo de seis meses, circulam em Israel há algumas semanas. E constata-se que foram re­tomados, sem citar sua ori­gem, por alguns meios de co­municação importantes do Ocidente, como se Israel ti­vesse conseguido impor aos ocidentais, conscientemen­te ou não, seu próprio calen­dário.

O Estado de S. Paulo

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