Do Valor
Por Vinícius Pinheiro
O projeto do parque de geração de
energia eólica Barra dos Coqueiros, localizado no Estado de Sergipe,
obteve um financiamento de US$ 56 milhões do China Development Bank
(CDB). A operação foi a primeira na modalidade de "project finance"
realizada pelo banco chinês no mundo.
A assinatura do empréstimo coincidiu com a inauguração da usina, que
possui capacidade de produção de 34,5 MW (megawatts de energia), o
suficiente para abastecer uma cidade com 120 mil habitantes, em setembro
passado. A liberação dos recursos ocorreu no fim de dezembro.
O parque eólico é controlado pela Desenvix, que tem como sócios a
empresa de engenharia Jackson Empreendimentos, a norueguesa SN Power e a
Funcef, fundação de previdência complementar dos funcionários da Caixa
Econômica Federal. A usina vendeu a produção no primeiro leilão de
energia eólica realizado no país, em 2009.
O financiamento para o projeto viria originalmente do Banco do
Nordeste, agente repassador do Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste (FNE). A entrada dos chineses ocorreu após uma mudança nas
regras do fundo, que deixou de atuar em projetos de infraestrutura.
Sem os recursos do FNE, a empresa precisou buscar fontes alternativas
de crédito. O BNDES seria o caminho mais lógico, mas o banco possui
restrições ao financiamento de componentes importados usados nas usinas
eólicas. Os chineses estão entre os maiores fornecedores de equipamentos
para a indústria, o que facilitou a entrada do China Development Bank,
de acordo com Humberto Gargiulo, diretor presidente da Upside, que atuou
como assessor financeiro da Desenvix na operação.
Até a liberação efetiva dos recursos, as negociações levaram pouco
mais de um ano. "Foi um prazo relativamente curto, se levarmos em
consideração que o CDB nunca havia atuado em project finance antes", diz
Gargiulo. Toda a atuação do banco chinês, inclusive em projetos no
Brasil, sempre se deu com garantias corporativas.
O financiamento obtido com o CDB tem prazo de 15 anos e será
amortizado em 29 parcelas semestrais. A empresa pagará juros de 5,1% ao
ano mais a variação da taxa interbancária de Londres (Libor). Segundo o
executivo da Upside, as condições fechadas com os chineses permitirão
aos sócios da usina de Sergipe obter um retorno do investimento melhor
do que em um empréstimo do BNDES.
Embora com valor pequeno, o empréstimo deve abrir espaço para que
outras obras obtenham recursos do banco chinês. "Para uma instituição
como o CDB, não há número que assuste", afirma o executivo da Upside,
que já possui outra proposta em andamento na instituição, também
relacionada à área de energia.
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