Com esta pergunta, feita por um editor 
da revista Época ao investidor Mark Mobius na reportagem "O eclipse do 
Brasil", a Editora Globo rasgou de vez a sua fantasia e mostrou de que 
lado está. Está do lado dos juros altos, do rentismo e saudosa de um 
tempo em que o Brasil, como dizia Delfim Netto, era o último pernil com 
batatas disponível no mundo. E o mais impressionante é que, embora o 
investidor tenha demonstrado otimismo com a economia nacional, Época viu
 uma catástrofe
247 - A revista Época que chega às 
bancas neste fim de semana traz um editorial do diretor Hélio Gurovitz 
em que ele deixa claro de que lado a revista semanal das Organizações 
Globo está. "Desde o início estamos com Yoani Sánchez", avisa.
Este, no entanto, não é o único posicionamento relevante 
da publicação. Neste edição, uma reportagem chamada "O eclipse do 
Brasil", assinada pelo editor José Fucs, relata que o País perdeu o 
encanto diante dos investidores internacionais. "A festa acabou, a 
economia empacou, o investidor fugiu. E agora?", indaga a publicação.
O grande achado da reportagem, no entanto, é uma pergunta 
do editor ao investidor Mark Mobius, que deveria ancorar as teses da 
revista. "Com a queda dos juros, o Brasil perdeu o charme?", pergunta o 
jornalista. Repetindo: "Com a queda dos juros, o Brasil perdeu o 
charme?"
É exatamente esta a questão colocada pela Editora Globo ao
 investidor. E o mais surpreendente é a resposta de Mobius. "Na verdade,
 os investidores estrangeiros continuam vindo ao Brasil (…) Hoje, apesar
 da queda recente, os juros no Brasil ainda são mais altos do que na 
maioria dos países. O retorno ainda é de 6% ou 7% ou ano. Ainda é muito,
 comparado a 1% ou menos nos EUA e na Europa".
Ao longo de toda a entrevista, Mobius demonstra mais 
otimismo com o Brasil do que a revista Época. Ele fala de "pleno 
emprego" no País, de um "consumo explodindo", de uma "renda per capita 
subindo" e de investidores que "querem ter acesso a este mercado".
Mobius também fala de sua visão otimista antes de receber a
 seguinte afirmação: "Só que, até agora, quase nada foi feito em 
infraestrutra para a Copa e a Olimpíada". E ele responde: "Em qualquer 
Olimpíada, todo mundo está sempre atrasado. O Brasil terminará as obras a
 tempo, e tudo dará certo. Isto colocará o Brasil no mapa". Mobius 
finaliza a entrevista dizendo que o Brasil é uma "excelente aposta" e 
que continuará a investir no País.
Mas Época vendeu a seus leitores a ideia de um eclipse. "A festa acabou, a economia empacou, o investidor fugiu…"
Nada disso aconteceu. O único ponto é que a Editora Globo 
rasgou sua fantasia e se mostrou saudosa de um tempo em que o Brasil era
 o paraíso dos juros altos, do ganho fácil dos rentistas e, como dizia 
Delfim Netto, o "último pernil com batatas disponível no mundo".
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