Cerca de 80% dos trabalhadores aderiram ao movimento, de acordo com os sindicatos
Os gregos saíram mais uma vez às ruas nesta quarta-feira (20/02) durante uma nova greve geral, a primeira de 2013, contra as medidas de austeridade e a política do governo conservador de Antonis Samaras.
O movimento teve participação massiva, segundo os sindicatos GSEE e ADEDY, que estimaram em 80% o total de trabalhadores que aderiram à convocação.
Agência Efe
Ao menos 40 mil pessoas protestaram nesta quarta-feira contra a situação econômica na Grécia
Com cartazes contra as medidas de austeridade e gritando palavras de ordem contra o governo, milhares de pessoas - 40 mil segundo a polícia, 200 mil de acordo com os sindicatos - passaram pela Praça Syntagma no centro de Atenas.
"Que saiam todos: o governo, o FMI e a troika! Com eles não há futuro para a Grécia", esbravejou Mihalis, um professor de 56 anos que está desempregado há dois e vive da pensão de sua mulher, Ada, de 60 anos.
Foram convocados para a greve geral funcionários públicos, trabalhadores da área de saúde, advogados, engenheiros, professores, bancários e empregados dos portos e aeroportos, entre outras profissões, apesar de a greve não ser de 24 horas em todos os setores. Nos aeroportos, houve cancelamentos e atrasos.
Em hospitais e clínicas só foram prestados serviços essenciais e os meios de transporte urbanos - exceto os trens - funcionaram para permitir que os manifestantes chegassem até o centro da cidade. Os meios de comunicação, por sua vez, anteciparam a greve para a terça-feira para poder fazer a cobertura dos acontecimentos de hoje.
A convocação da greve tem como objetivo "repelir as medidas antissociais, ineficazes e contrárias aos trabalhadores por parte de um governo autoritário", segundo o manifesto dos sindicatos.
Os representantes dos trabalhadores também se queixam da extinção dos convênios coletivos que englobam 600 mil trabalhadores por causa das medidas assinadas pelo governo com a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), que chega a Atenas na próxima semana para revisar o cumprimento do programa de austeridade.
O presidente do sindicato GSEE, Yannis Panagopulos, denunciou que os "erros" nos cálculos da troika e do governo "destroçaram o povo inteiro" e que os trabalhadores "estão pagando o preço mais alto".
Além disso, pediu que, "caso continue a política desastrosa do governo seguindo as ordens da troika", o povo siga"lutando".
O desemprego disparou na Grécia desde a intervenção econômica no país e, conforme os últimos dados, de novembro, afeta 27% da população economicamente ativa e quase 61% dos jovens com menos de 25 anos.
É o caso de Eleni Tziortzi, de 29 anos, que não encontra emprego há cinco anos e vê o futuro "muito difícil", por isso pensa em deixar o país.
"Estou muito decepcionada porque há muito desemprego, não há esperança neste país, nossos sonhos foram roubados. Há muito medo e muita tristeza. Por isso estou aqui, para resistir contra tudo isto", disse Vaso, uma estudante de 22 anos.
"Não pode haver saída para este desastre no marco do memorando. A única saída é maior democracia, independência e o desenvolvimento justo", afirmou Alexis Tsipras, líder do partido de esquerda Syriza e chefe da oposição.
Agência Efe
A manifestação em Atenas transcorreu pacificamente, apesar de alguns incidentes, como a tentativa de um grupo violento de incendiar um veículo, além de confrontos isolados entre manifestantes e policiais.
Em outras cidades do país também houve protestos, sendo que nas localidades de Larissa e Chania, os agricultores, que bloqueiam as estradas há três semanas pelo atraso nos pagamentos e a alta de impostos, se uniram aos manifestantes. Em Iráclio - maior cidade da ilha de Creta - ocorreram confrontos entre manifestantes e agentes antidistúrbios, informou a imprensa local.
* com Agência Efe
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