quarta-feira, 27 de março de 2013

Nigéria: Petrobras quer vender blocos por US$ 5 bilhões 27/03/2013

Por Denny Thomas e Joe Brock
HONG KONG/ABUJA, 27 Mar (Reuters) - A Petrobras lançou um leilão para vender suas participações em campos de petróleo na Nigéria, em uma operação que pode alcançar até 5 bilhões de dólares, em meio aos planos da companhia para levantar recursos para seu plano de investimento, disseram fontes próximas do assunto.
A companhia contratou a Standard Chartered para conduzir o processo, que deve começar nos próximos dois meses, segundo as fontes. Companhias petrolíferas da Ásia devem participar do leilão.
Representantes da Petrobras e da Standard Chartered não comentaram o assunto.
A Petrobras iniciou operações na Nigéria em 1998, em águas profundas do Delta do Níger. Os parceiros da Petrobras nos dois projetos nigerianos são Total e Chevron.
A estatal brasileira do petróleo detém uma participação de 8 por cento nos blocos em mar de Agbami, que são operados pela norte-americana Chevron, e 20 por cento de participação no projeto de Akpo, operado pela francesa Total.
A produção de petróleo nos campos de Agbami começou em 2008. A extração na área pode atingir 250 mil barris por dia, num projeto com reservas estimadas em 900 milhões de barris.
Akpo começou a produção em 2009 e a produção pode atingir 175 mil barris diários de condensado de óleo leve e 9 milhões de metros cúbicos de gás. O ativo tem reservas provadas e prováveis de 620 milhões de barris de condensado e mais de 28 bilhões de metros cúbicos de gás, de acordo com a Total.
A Petrobras tem um programa de desinvestimentos de 9,9 bilhões de dólares, de acordo com o plano de negócios de cinco anos atualizado neste mês. A estatal indicou os recursos totais das vendas de ativos devem entrar no caixa da empresa principalmente em 2013.
Os recursos das vendas de ativos ajudarão a Petrobras a fazer frente ao seu plano de negócios de 236,7 bilhões de dólares, o maior programa de investimentos corporativos do mundo.
No plano anunciado em 13 de março, a Petrobras indicou que focará a exploração e produção no Brasil, onde a estatal enfrenta o desafio de explorar as reservas do pré-sal.
Do total de investimentos em cinco anos, o segmento de Exploração & Produção (E&P) receberá 147,5 bilhões de dólares e, diferentemente do plano anterior, os recursos serão direcionados exclusivamente para o Brasil. O objetivo, segundo a empresa, é a "manutenção das metas de produção de óleo e gás natural".
No plano de negócios, a meta de produção de petróleo e gás foi mantida, com expectativa de que em 2016 chegue a 3 milhões de barris de óleo equivalente/dia no Brasil, ante os 2,36 milhões de barris de janeiro. Para 2017, esse volume deverá subir para 3,4 milhões de barris (com 35 por cento tendo origem no pré-sal). E, para 2020, a extração está prevista para subir a 5,2 milhões de barris.
REALISMO
A decisão de vender ativos na Nigéria aponta para um recuo na estratégia da companhia para mercados externos, antes considerados estratégicos, em favor dos objetivos do governo do Brasil em busca de uma autossuficiência em energia.
A venda de ativos, no entanto, não tem sido fácil, com compradores potenciais detectando a necessidade de a empresa fazer dinheiro, e realizando lances baixos.
A empresa recentemente cortou sua meta de venda de ativos para 9,9 bilhões de dólares ante quase 15 bilhões de dólares, após não conseguir receber ofertas atraentes para seus ativos de energia no Golfo do México.
A ConocoPhillips, por sua vez, está vendendo seu negócio na Nigéria para a Oando Energy por cerca de 1,79 bilhão de dólares, a fim de conseguir focar seus projetos de menor custo de gás de xisto norte-americano e gás natural.
(Reportagem adicional de Jeb Blount e Guillermo Parra-Bernal)

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