FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Chokri Bensaïd, líder da oposição de
esquerda na Tunísia, assassinado em fevereiro, e Hugo Chávez foram muito
homenageados no evento
Agência Efe
Fórum Social Mundial acabou neste sábado (30/03) na Tunísia
É Páscoa e não é. Na Tunísia, país predominantemente muçulmano, a Páscoa passa quase em branco. É engraçado: muitas lojas guardam ainda a decoração natalina, com luzinhas imitando renas e pinheiros. Não tive tempo de pesquisar o significado disso, além do comercial.
Mas não há coelhinhos, nem sexta-feira santa (a não ser no sentido de toda a sexta ser o dia sagrado, da grande oração, para os muçulmanos), nem chocolate, nem corrida às igrejas. É claro que há comunidades cristãs no país, e elas celebram a Páscoa. Mas são minoritárias e não aparecem na paisagem geral.
Entretanto, vivemos uma forma especial de “sincretismo”. Na quinta-feira santa do calendário cristão, houve uma cerimônia especial no Teatro Municipal da cidade, em homenagem aos “mártires do Fórum”.
O primeiro mártir celebrado era local: Chokri Bensaïd, o líder da oposição de esquerda, assassinado em fevereiro. Seu nome e seu retrato estão em toda parte, encabeçando uma longa lista de mártires e desaparecidos, donde despontavam mais os mortos – autoimolados ou não, durante a “Revolução do Jasmim” aqui na Tunísia – e os desaparecidos, sobretudo na Argélia.
A bem dizer, este é o desafio que está colocado para o novo governo (composto também por dois partidos laicos), junto com o de elucidar o crime de Bensaïd.
Já o segundo “mártir do Fórum” era nada mais nada menos do que o ex-presidente Hugo Chávez. Parece que a morte prematura, vitimado por um câncer relativamente fulminante, o ungiu não apenas no plano nacional e latino-americano, mas mundial. Isto foi palpável não apenas na homenagem oficial do Fórum, mas em todo ele. Para onde quer que a gente se voltasse, Hugo Chávez e seu carisma estavam presentes. Eram retratos, cartazes, menções (se num evento, sempre aplaudidas), lembrando que o Fórum continua sendo um espaço de mobilização antimperialista.
(*) texto publicado originalmente em Carta Maior
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