– A estreita margem da liberdade consentida
por Jorge Figueiredo
Hoje há mais censura em Portugal do que antes da Revolução
de 25 de Abril de 1974. Mas trata-se de uma censura camuflada, que não
se assume como tal. Os censores já não são
funcionários do Estado e sim empregados, com carteira de jornalista, das
empresas que dominam os media portugueses. Eles são contratados (quando
não precarizados) preferencialmente pela sua afinidade com a ideologia
dominante. Assim já não precisam sequer de auto-censurar-se,
aquilo sai-lhes naturalmente. Para os recalcitrantes, há as regras
não escritas impostas pelo patronato e pela publicidade que os financia.
Nem por serem não escritas elas são menos respeitadas. Pode-se
dizer, até, que as regras mais estritamente cumpridas são as
não escritas. Os empregados das empresas de TV que não tiverem
antenas afinadas para captá-las não terão ali uma carreira
muito longa, pouco importando se os canais são estatais ou privados.
Tal como noutros países, os media portugueses (TV e não só) adoptam o sistema da "margem de liberdade consentida", bem explicado por Chomsky [1] . A diferença com os outros países é que no Portugal de hoje esta margem é extraordinariamente estreita. Entretanto, eles precisam promover algum debate ou fingimento de debate para dar a ideia de democracia. Mas o mesmo tem de ter, necessariamente, limites precisos e rígidos que não podem ser ultrapassados. Devem, de preferência, centrar-se em questões acessórias e ignorar as essenciais. Promove-se assim a ilusão do debate, mantêm-se as pessoas entretidas e faz-se perdurar a ideia de que ainda há liberdade de imprensa.
Para os neófitos nessas lides, aqui vão algumas das regras não escritas da TV-empresa que domina Portugal ministrando-lhe a sua dose diária de desinformação.
Tal como noutros países, os media portugueses (TV e não só) adoptam o sistema da "margem de liberdade consentida", bem explicado por Chomsky [1] . A diferença com os outros países é que no Portugal de hoje esta margem é extraordinariamente estreita. Entretanto, eles precisam promover algum debate ou fingimento de debate para dar a ideia de democracia. Mas o mesmo tem de ter, necessariamente, limites precisos e rígidos que não podem ser ultrapassados. Devem, de preferência, centrar-se em questões acessórias e ignorar as essenciais. Promove-se assim a ilusão do debate, mantêm-se as pessoas entretidas e faz-se perdurar a ideia de que ainda há liberdade de imprensa.
Para os neófitos nessas lides, aqui vão algumas das regras não escritas da TV-empresa que domina Portugal ministrando-lhe a sua dose diária de desinformação.
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- É proibido dizer ser desejável, necessário e
indispensável que Portugal recupere a sua soberania monetária. Na
verdade, a TV portuguesa prefere nem sequer mencionar o assunto: a
pertença à Zona Euro é por ela considerada eterna,
definitiva, imutável e irrevogável – jamais pode ser posta
em causa.
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- É proibido igualmente recordar que, com o programa da troika, a
dívida pública portuguesa aumenta e aumentará cada vez
mais, mencionar que já é absolutamente impossível
liquidá-la e que por sua causa as riquezas do país estão a ser saqueadas.
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- É proibido dizer que Portugal já é um contribuinte
líquido da UE pois paga mais do que dela recebe. Para esta TV, mencionar
a possibilidade da saída de Portugal da UE é o mais
terrível dos pecados.
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- É proibido falar do estado catastrófico em que se encontra hoje a economia e o povo
grego sob a ditadura da Troika BCE/UE/FMI. E é ainda mais proibido
recordar que em relação a Portugal a Grécia tem apenas dois anos
de avanço temporal quanto à imposição de medidas da
Troika.
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- É proibido mostrar imagens com gente jovem em
manifestações do PCP.
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- É proibido falar da existência do Pico Petrolífero e,
muito menos, da necessidade de Portugal tomar medidas urgentes a fim de
minimizar os seus efeitos.
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- É proibido falar das munições com urânio
empobrecido, das regiões do mundo por ele devastadas, dos soldados que
morreram devido à sua contaminação e das suas pavorosas
consequências entre as populações civis atingidas.
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- É proibido condenar os alimentos geneticamente modificados. Se deles
se falar será sempre em tom neutro ou apologético, com muito
respeitinho para com as transnacionais que os comercializam.
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- É proibido dizer que o chamado "aquecimento global" (agora
ridiculamente rebaptizado como "alterações
climáticas") é uma impostura.
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- Foi permitido discutir extensamente a localização do novo
aeroporto de Lisboa, mas rigorosamente proibido discutir se havia alguma
necessidade real de um novo aeroporto (agora o projecto está adiado
sine die
devido apenas à ruína do país, não por ter sido
objecto de uma decisão racional e consciente de rejeição).
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- É proibido por em causa quaisquer das várias versões
incongruentes e absurdas do governo estado-unidense acerca dos acontecimentos
do 11 de Setembro de 2001.
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- É proibido chamar a invasão do Iraque de invasão (e o
mesmo quanto as invasões/agressões ao Afeganistão,
Líbia, Mali, Síria, Jugoslávia, Sudão ou qualquer
outro país por parte da NATO ou de membros da NATO).
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- É proibido chamar o imperialismo de imperialismo.
- - É proibido convidar para quaisquer programas televisivos quem possa dizer verdades como estas acima.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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