Lançado à berlinda em razão dos boatos de que iria acabar, o Bolsa Família saiu fortalecido de sua mais rumorosa crise. Propriedade do governo, o programa tem sua criação reivindicada pelos adversários do PSDB. De olho no alcance social do benefício, o senador Aécio Neves, presidente e presidenciável do PSDB, foi o primeiro a lembrar que o Bolsa Família de hoje teve origem nos programas assistenciais desenvolvidos no governo Fernando Henrique. O ex-presidente José Sarney igualmente pode tirar um lasquinha da popularidade do Bolsa Família, à medida em que estabeleceu o programa do leite, que levava o produto às famílias em situação de extrema pobreza.
Sabe-se agora que a Caixa Econômica Federal alterou, na véspera do boato, o modo de pagar o benefício. Não para terminar com ele ou promover uma redução, mas para adiantar o pagamento ao beneficiários, despejando todos os recursos num único dia, 17. Talvez essa movimentação de bastidores tenha motivado um diz-que-diz-que que alcançou dimensão nacional. É o que a Polícia Federal está investigando.
O certo é que o Bolsa Família sai extremamente fortalecido do episódio dos boatos. Como registrou o ex-porta-voz da Presidência da República André Singer em artigo no jornal Folha de S. Paulo, ele mostrou, em razão da agitação popular, toda a sua importância. Na sexta-feira 24, o governo divulgou, em relação ao programa, um dado irretorquível: a mortalidade infantil teve uma redução de 17% nos últimos anos, em razão da melhor nutrição das crianças brasileiras de zero a cinco anos. Um efeito direto dos R$ 144, em média, acrescidos na renda das 13,6 milhões de famílias beneficiadas.
Pode-se entender o Bolsa Família como um programa efêmero e assistencial, tão somente, mas o mais prudente é não colocá-lo em questão. Sob pena, para um presidenciável, de sair na corrida ao Palácio do Planalto com um déficit superior a uma dezena de milhões de votos. Com os boatos, o Bolsa Família cresceu, apareceu e se tornou imutável.
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