segunda-feira, 20 de maio de 2013

CFM quer barrar vinda de médicos cubanos 20/05/2013

Do Correio Braziliense

Grasielle Castro
O Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou, ontem, com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) exigindo que os ministros da Educação, Aloizio Mercadante; da Saúde, Alexandre Padilha; e das Relações Exteriores, Antonio Patriota, expliquem a decisão de convocar médicos estrangeiros, principalmente de Cuba, para atuar no país sem a necessidade de validar o diploma. Recentemente, Patriota anunciou que o governo firmou um acordo para trazer 6 mil profissionais cubanos. Padilha e Mercadante, porém, frisam que o objetivo é atrair, prioritariamente, médicos de Portugal e da Espanha. Para o CFM, a decisão de isentar os médicos do exame para comprovar se o profissional está apto a atuar no país põe a saúde da população em risco.
O presidente do conselho, Roberto Luiz d’Ávila, acrescenta que, onde há missões semelhantes, como na Venezuela e na Bolívia, os médicos cubanos desertam e acusam esse países de conivência com as condições de trabalho, que consideram análogas à escravidão. “Essa é a primeira medida que estamos tomando, porque já estamos também preparando outras medidas judicias. Até mesmo uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) se, efetivamente, o governo federal insistir nessa sandice, nessa irresponsabilidade de trazer os médicos sem revalidação de diploma para atender o nosso povo”, frisa d’Ávila.
Na opinião dele, a falta de médicos disponíveis para algumas especialidades ou para atuar em regiões mais carentes do país é um problema estrutural, que tem origem na própria formação profissional, nos programas de residência e na falta de uma carreira de Estado que estimule a interiorização.
Ontem, o ministro da Saúde disse que o governo está disposto a esclarecer os fatos. “Esse debate tem que ser transparente”, disse. Padilha lembrou que ele e Mercadante já falaram sobre o tema no Congresso Nacional. “Estamos absolutamente abertos a fazer esse debate amplo e transparente com toda a população do país”, completou. O ministro também criticou a postura do presidente do CFM de chamar profissionais estrangeiros de pseudomédicos. “Um médico brasileiro que presta o exame nos Estados Unidos e não passa deve ser chamado de pseudomédico? Eu acho que não. Também acho que é arrogante chamar profissionais formados em outros países de pseudomédicos.”
Colaborou Julia Chaib

Frase
“Já estamos também preparando outras medidas judicias, até mesmo uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) se, efetivamente, o governo insistir nessa sandice”
Roberto Luiz d’Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina

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