Do Correio Braziliense
Grasielle Castro
O Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou, ontem, com uma
representação na Procuradoria Geral da República (PGR) exigindo que os
ministros da Educação, Aloizio Mercadante; da Saúde, Alexandre Padilha; e
das Relações Exteriores, Antonio Patriota, expliquem a decisão de
convocar médicos estrangeiros, principalmente de Cuba, para atuar no
país sem a necessidade de validar o diploma. Recentemente, Patriota
anunciou que o governo firmou um acordo para trazer 6 mil profissionais
cubanos. Padilha e Mercadante, porém, frisam que o objetivo é atrair,
prioritariamente, médicos de Portugal e da Espanha. Para o CFM, a
decisão de isentar os médicos do exame para comprovar se o profissional
está apto a atuar no país põe a saúde da população em risco.
O presidente do conselho, Roberto Luiz d’Ávila, acrescenta que, onde
há missões semelhantes, como na Venezuela e na Bolívia, os médicos
cubanos desertam e acusam esse países de conivência com as condições de
trabalho, que consideram análogas à escravidão. “Essa é a primeira
medida que estamos tomando, porque já estamos também preparando outras
medidas judicias. Até mesmo uma ação direta de inconstitucionalidade
(Adin) se, efetivamente, o governo federal insistir nessa sandice, nessa
irresponsabilidade de trazer os médicos sem revalidação de diploma para
atender o nosso povo”, frisa d’Ávila.
Na opinião dele, a falta de médicos disponíveis para algumas
especialidades ou para atuar em regiões mais carentes do país é um
problema estrutural, que tem origem na própria formação profissional,
nos programas de residência e na falta de uma carreira de Estado que
estimule a interiorização.
Ontem, o ministro da Saúde disse que o governo está disposto a
esclarecer os fatos. “Esse debate tem que ser transparente”, disse.
Padilha lembrou que ele e Mercadante já falaram sobre o tema no
Congresso Nacional. “Estamos absolutamente abertos a fazer esse debate
amplo e transparente com toda a população do país”, completou. O
ministro também criticou a postura do presidente do CFM de chamar
profissionais estrangeiros de pseudomédicos. “Um médico brasileiro que
presta o exame nos Estados Unidos e não passa deve ser chamado de
pseudomédico? Eu acho que não. Também acho que é arrogante chamar
profissionais formados em outros países de pseudomédicos.”
Colaborou Julia Chaib
Frase
“Já estamos também preparando outras medidas judicias,
até mesmo uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) se,
efetivamente, o governo insistir nessa sandice”
Roberto Luiz d’Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina
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