Por Maged El Gebaly
A greve geral já começou em todo o Egito. Ocupações massivas dos
movimentos sociais avançam para ocupar os centros do governo. Famílias
das lideranças da Irmandade Muçulmana e da elite militar do antigo
regime, que entregou o poder para a Irmandade, saíram semana passada do
Egito com sua família para Bruxelas.
O povo egípcio (90 milhões) decide sair para as ruas contra 300 mil
militantes (número da composição da Organização Internacional da
Irmandade Muçulmana). A oposição secular egípcia (Frente de Salvação do
Egito) reuniu 23 milhões de procurações, que reivindicam impeachment de
Morsi e uma constituição para um estado secular para todos os egípcios e
não somente para os islamistas. Essa oposição afirma que não perdeu a
eleição porque, simplesmente, nunca houve eleições justas, porque as
eleições foram boicotadas pelo povo por conta do assassinato sistemático
da militância juvenil egípcia nas praças durante os dias de votação. A
metade dos membros da atual câmara, chamada legislativa, foi nomeada por
Morsi e a outra metade ganhou em eleições boicotadas, nas quais
participou só 6% do eleitorado.
O Egito quer eleições justas
antecipadas com supervisão dos juízes egípcios, ONGs e a ONU, após uma
constituição com base em uma cidadania igual. Os egípcios saem para as
praças e as ruas protestar contra a perseguição da oposição, e contra o
projeto neoconservador de querer acabar com as instituições egípcias
modernas e substituí-las por um estado religioso apoiado em milícias
terroristas.
A Frente de Salvação do Egito (Rebelião) está bem
organizada para retirar Morsi e a Irmandade Muçulmana do poder a partir
do dia 30 de junho. A oposição está preparada também para ganhar as
próximas eleições, e conta com uma lista eleitoral única, com um
aparelho organizado para a observação das eleições, e um aparelho
mediático pronto para a propaganda eleitoral. Cada bairro sabe por quem
vai votar após a queda de Morsi. A oposição egípcia conta com um plano
econômico misto para um desenvolvimento autônomo no período pós-Morsi.
Esse plano foi acordado entre os diferentes partidos seculares egípcios
num congresso nacional aberto.
Enquanto isso, Morsi apela a
milícias vestidas de policiais e militares do HAMAS, braço armado da
Irmandade Muçulmana na palestina, para fazerem oposição às Forças
Armadas Egípcias e para assassinar os ativistas da juventude egípcia,
por isso houve acordo entre a oposição e as Forças Armadas Egípcias para
apoiar a movimentação dos jovens da REBELIÃO e os milhões que vão para
as ruas. Também foi comprovado por uma sentença de um tribunal egípcio
que Hamas participou da opressão da revolução dos secularistas egípcios
em 2011 e tentou criar intrigas entre as forças seculares e os militares
egípcios, para favorecer o projeto religioso de Morsi e seu grupo.
Jovens
da polícia criaram sindicatos ligados a oposição e estão nas ruas para
defender os manifestantes contra qualquer violência por parte dos
islamistas. A Juventude dos Policias está a favor da mudança democrática
e começou a deter muitos militares islamistas e confiscar seus
armamentos. Nessa situação a oposição secular conta com o apoio de
setores das forças armadas, sindicato dos policiais, grupos de black
block, comissões de defesa civil para garantir a participação massiva do
povo. O núcleo sólido do Estado Egípcio (As Forças Armadas Egípcias, a
polícia, e o judiciário) se posicionou a favor da REBELIÃO. O ministro
de defesa do Egito se comprometeu a apoiar as mobilizações das massas
nas ruas.
Além dos cristãos egípcios que apoiam a oposição
secular, Al Azhar, a maior instituição religiosa islâmica se posicionou
contra a Irmandade Muçulmana. Os Xiitas estão com raiva pelo assassinato
de um líder deles no Egito a semana passada pela Irmandade. O
assassinato foi um novo fenômeno no Egito que produziu indignação até
entre os sunitas contra a intolerância do Estado da Irmandade.
Manifestações
massivas celebraram nas ruas a sentença do Tribunal Constitucional
Egípcio que declarou a semana passada o cargo do presidente do Egito
vago e pediu eleições antecipadas e a detenção do presidente com 11
membros da Irmandade por espionagem com Estados Unidos. A sentença
afirma que Morsi se reuniu em 2007 com oficias da CIA e combinou com
eles manter as contratações de gases e petróleo sem impostos e estar a
serviço da geoestratégia descontrolada do GRANDE ORIENTE MÉDIO, que quer
reorganizar o mapa da região em estados sectários para poder controlar
melhor os povos com a religião. Para isso, Morsi colocou o aparelho de
comunicações do povo egípcio do centro do Cairo a serviço da CIA. A
Irmandade no Egito fez atos terroristas de sequestros de oficiais,
juízes e seus familiares. Egito vive sem sua gasolina, que sai todos os
dias em barcos americanos abençoados pela Irmandade.
A semana
passada o novo príncipe do Qatar expulsou os líderes da Irmandade
Muçulmana e fechou seus escritórios. Ainda falta tempo para ele
conseguir superar a velha guarda do governo. Na estratégia americana,
elaborada por elites religiosas militares conservadores, que não
contemplou as novas gerações, a Arábia Saudita e a Irmandade (Forças
sunitas) têm que estar a serviço de um plano americano de enfrentar os
xiitas do Irã. Porém, a crise dessa estratégia é a nova juventude
liberal que emerge nos países do Golfo e que é como o príncipe de Qatar,
uma revolução geracional simpatizante da juventude egípcia, e que está
aguardando o momento oportuno para explodir novas mudanças seculares nos
países do Golfo.
Manifestações em frente a Casa Branca nos
Estados Unidos apelam para o povo americano pressionar seu governo a não
violar os direitos dos outros povos de viver dignamente como seres
humanos. A administração americana gastou um bilhão e quinhentos milhões
de dólares para financiar a Irmandade Muçulmana.
O Povo egípcio
se sente indignado por causa do apoio da administração americana ao
regime da Irmandade Muçulmana com tropas americanas que estão próximas
do litoral mediterrâneo do Egito. A oposição nacional secular entendeu a
mensagem da administração americana como uma ameaça, que caso caia a
Irmandade Muçulmana, os EUA vão fazer uma intervenção militar para
manter o sistema econômico neo-liberal intacto. Por isso, setores da
oposição egípcia combinaram com tropas de jovens do exército egípcio
preparadas para a proteção das fronteiras do Egito. Esta semana,
oficiais egípcios ligados a oposição egípcia pediram aos diplomatas da
Embaixada Americana para fiarem nas suas casas no Egito até que os
jovens terminem seu plano de mudança do regime. Nesse cenário, Putin se
manifestou contra o governo de Morsi, e congelou os acordos com seu
governo.
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