Com discurso longo e firme, a presidente Dilma Rousseff encerrou nesta quarta-feira em Salvador as comemorações dos 10 anos de governo do PT e não decepcionou quem esperava posicionamento sobre as manifestações populares que continuam a acontecer em todo o país.
A presidente voltou a falar do pacto (composto de cinco itens) proposto como medida para atender às demandas do povo e responsabilizou diretamente "os antecessores do (ex) presidente Lula" pela "falta de desenvolvimento urbano e social do Brasil nos 25 anos" antes do petista.
Dilma seguiu a linha do ex-presidente e dos petistas em geral de que a população está indo cobrar mais porque foi o governo do PT quem proporcionou vida melhor.
"Queremos fazer mais e podemos fazer mais. Justamente porque fizemos o que está de melhor aí agora. Quem fez o que nós fizemos é capaz de promover ainda mais melhorias e aprimorar nosso trabalho pelo povo. Democracia gera anseio por mais democracia. Tudo o que nós fizemos é apenas o começo. Um começo de novas transformações, de transformações mais avançadas. Nossa estratégia de desenvolvimento exige mais. Isso é o que nos diferencia. Por isso podemos ter certeza de que 10 anos virão. Mais dez anos de transformação são possíveis".
A presidente falou sobre mobilidade e citou como exemplo "absurdo um trabalhador gastar três horas para ir trabalhar e mais três para voltar para casa em São Paulo" e reforçou a importância do programa Mais Médicos para suprir a demanda nas cidades do interior e nas áreas carentes das metrópoles.
"Nós garantimos que a prioridade será sempre para preencher as vagas com médicos brasileiros e formados no Brasil, sem necessariamente ser de nacionalidade brasileira. O médico estrangeiro só será contratado se não conseguirmos preencher o quadro do programa".
Sobre "a tão pleiteada, tão debatida e adiada reforma política", a presidente responsabilizou o Congresso por ela não acontecer. "Só o presidente Lula já mandou duas vezes uma reforma de proposta ao Congresso. Não foi, presidente?". Lula respondeu que foram duas.
"Propus e enviei para o Congresso itens que poderão promover a reforma política com consulta popular, através de um plebiscito. O povo tem que balizar sobre o que quer que seja mudado. Sabemos que a estrutura política precisa ser mudada e o PT tem o dever de liderar esse processo. A melhoria de vida vem com a reivindicação. Precisamos urgentemente de uma mudança no sistema político brasileiro, como resposta as manifestações. A população tem queixas e isso faz parte do processo de transformação".
A comandante do Executivo comentou sobre os ataques da oposição sobre a instabilidade econômica e também fez comparação com os antecessores do PT. "Vemos alguns falando e alarmando sobre os riscos da inflação, mas a verdade é que há exatamente dez anos a inflação está absolutamente sob controle no Brasil. Esse é o governo do PT".
Atraso e confusão do lado de fora
Marcado para as 17h, a festa só teve início depois das 19h e desde cedo manifestantes do Movimento Passe Livre, médicos, pescadores e marisqueiros faziam protesto em frente ao hotel Othon Palace, inclusive com interdição da Avenida Oceânica.
Duas confusões aconteceram, mas nenhuma relacionada às manifestações. Um grupo do MST foi impedido de entrar porque estava sem credenciamento. Houve empurra-empurra e os seguranças não conseguiram contê-los.
No outro episódio, Daniele Ferreira, da União Nacional de Estudantes (UNE), acusou seguranças de racismo. Acompanhada por dois negros, ela reclamou da revista feita nos rapazes. Segundo ela, foram os únicos revistados.
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