Música brasileira perde Dominguinhos
Músico morreu no Hospital Sírio Libanês, onde estava internado desde janeiro para tratar das complicações de um câncer no pulmão; ele ouviu 'Casa Tudo Azul' antes de partir
23 de julho de 2013 | 19h 58
Julio Maria, de O Estado de S. Paulo
José Domingos de Moraes, Dominguinhos, morreu no final
da tarde desta terça-feira, 23, no Hospital Sírio Libanês, onde estava
internado desde janeiro para tratar das complicações de um câncer no
pulmão. O sanfoneiro, herdeiro de Luiz Gonzaga, estava com 72 anos. A
cantora Guadalupe, casada com o músico, disse que passou a tarde com
ele, ao lado de sei leito, dizendo o quanto era especial, o quanto ela
queria que ele ficasse com a família. Juntos, ouviram ainda a música
Casa Tudo Azul, do próprio Dominguinhos, a que seria a de sua despedida.
"Casa tudo azul, eu me lembro de você / Mas hoje foi difícil lhe deixar
/ todo amor que havia em meu retrato podes ver / e tudo que eu vivi
nesta janela vai passar." "Ele partiu assim, lentamente, foi embora com
os anjos", disse Guadalupe.
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José Patricio/AE
O cetro de uma nação nordestina inteira foi passada para ele antes mesmo que o Rei do Baião morresse. Luiz Gonzaga dizia a quem quisesse ouvir que seu maior seguidor, muitas vezes maior do que ele mesmo, era aquele moleque danado de Garanhuns, com voz menos potente mas dedos muito mais ligeiros. Dominguinhos ainda não era um mito, mas seria para ele que o mundo olharia quando quisesse saber de baião, xote, xaxado, forró. "Não é tudo a mesma coisa não. Cada nome é um ritmo muito diferente do outro", ensinava. Mais: o jovem de sorriso grande e fácil estudou um pouco mais do que Gonzaga e pulou a cerca para a fazenda do vizinho. Aprendeu assim a fazer jazz, choro, bossa nova. O que lhe caía nas mãos ele tocava. E com uma entrega que fazia a testa de Gonzaga suar nas vezes em que os dois se apresentavam juntos.
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