Se Robson Marinho contar o que sabe, elo entre cartel no metrô paulista e gestões do PSDB pode se fechar; ex-chefe da Casa Civil de Mario Covas, atual deputado federal já tem US$ 3 milhões identificados em contas secretas na Suíça; suspeita é origem na Alstom; chefão entre os tucanos, Marinho já foi presidente da Assembleia e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (foto); na Siemens, escândalo derruba presidente no Brasil Peter Loscher; governador Geraldo Alckmin virou alvo das ruas; investigação chega ao paraíso fiscal de Liechtenstein
De estilo tonitruante, passou a ser uma figura queimada no partido desde que o Ministério Público obteve de autoridades da Suíça, este ano, a confirmação da existência de suas contas no exterior. Agora, espera-se no MP a chegada de novas informações, vindas do Principado de Liechtenstein, vizinho à Suíça, de forma a rastrear o trânsito de grandes recursos no circuito de empresas e bancos do paraíso fiscal. O alimentador desse esquema seria a multinacional Alstom, que teria feito sua amarração com os tucanos a partir do governo Covas e antes mesmo da Siemens.
Na multinacional alemã, o presidente no Brasil, Peter Loscher, foi afastado do cargo, numa responsabilização indireta sobre a gestão que teria participado de um cartel formado por 15 empresas, todas participantes de um esquema de pagamento de propinas para participar de obras do metrô paulista. Durante o último governo de Geraldo Alckmin, empreiteiros paulistas não escondiam sua irritação com o que consideravam extremas dificuldades para a participação de empresas nacionais nas obras do sistema de trens.
"QUE DEVOLVAM O DINHEIRO" - As provas que podem chegar da Europa podem deixar a situação de Marinho insustentável dentro do partido. Foi para ele, interpretam integrantes do partido, que José Serra deu o recado sobre levar responsáveis pelo recebimento de propinas a devolver o dinheiro aos cofres públicos. A investigação formal contra Marinho é a que está mais próxima de chegar a esse desfecho.
O problema, para os tucanos, é que Marinho é dono de toda a memória dos bastidores do primeiro governo Covas e seus subsequentes. Por ele, no Gabinete Civil do Palácio dos Bandeirantes, passaram todas as articulações políticas, com as respectivas trocas de promessas, que arquitetaram seguidas vitórias do partido nas eleições estaduais. No Tribunal de Contas, familiarizou-se com os processos mais importantes das administrações estaduais, ciente de como foram produzidas muitas sentenças. Sacrificar Marinho para estacar o sangramento político provocado pelo escândalo pode parecer fácil, mas tende a ser um drama para os tucanos. Ele é o homem que sabe demais.
Famosos por fazerem campanhas políticas faustosas em São Paulo, a suspeita é que os recursos obtidos com propinas em torno das obras do metrô tenham servido não apenas para o enriquecimento pessoal dos beneficiados pelo esquema, mas também para a formação de um caixa dois único para o financiamento de disputas eleitorais.
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