CAROLINA MATOS
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O poder de compra do dólar no Brasil, considerando a inflação americana e a brasileira, caiu 55% em dez anos. Isso significa que, se com US$ 100 se compravam 100 unidades de um produto, hoje, com a mesma quantia, compram-se apenas 45.
A análise da taxa de câmbio corrigida pela inflação é importante porque mostra o impacto real das cotações para consumidores e empresas.
O gráfico ao lado, feito para a Folha pelo economista da FGV Samy Dana com dados do BC, mostra a evolução do poder de compra de janeiro de 2003 -início do governo Lula, em que o dólar foi a R$ 3,59 (média em fevereiro)- até junho de 2013, dado mais recente, quando a moeda ficou em R$ 2,17 em média (queda de 37% no período).
A retomada da força do real nesse período, porém, foi interrompida em momentos de crise, como em 2008, início das turbulências no exterior logo após a quebra do banco de investimentos do EUA Lehman Brothers, e, ao que tudo indica, em junho deste ano.
Só nesse mês, o poder de compra da moeda americana aumentou 7% em relação ao de maio -reflexo do aumento da cotação do dólar.
A moeda americana está numa escalada devido à saída de investimentos estrangeiros do país rumo aos EUA, que se recuperam da crise.
Segundo o economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, o consumidor brasileiro, neste momento, está perdendo poder de compra em dólar, o que tende a reduzir viagens ao exterior e aquisição de importados.
Por outro lado, a recente alta da moeda americana ajuda as empresas brasileiras a recuperar capacidade de competir com as estrangeiras, uma vez que recebem mais em reais por produtos vendidos no exterior e sofrem menos com a concorrência de importados, que ficam caros.
Comparando o real com uma cesta de 15 moedas, a perda do poder de compra foi de 42%.
Isso pode ajudar a atividade econômica, diz Salto. Mas, para ele, aumenta o risco de elevar os preços num momento de pressão da inflação.
Para o consultor de investimentos Marcelo D'Agosto, o BC poderá retomar as intervenções no mercado de câmbio à vista, injetando dólares da reserva internacional para conter as cotações.
Por enquanto, a autoridade monetária tem se limitado a tentar frear a alta da moeda americana atuando no mercado futuro.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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