sábado, 28 de setembro de 2013

Médica cubana é recebida com festa em SP 28/09/2013

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Especialista em saúde integral e mestra em reabilitação e pediatria, Santa Ester Gonzales chorou emocionada durante recepção em Embu-Guaçú: “Eu quero trabalhar e contribuir com meu esforço e minha boa vontade para ajudar os mais pobres desse povo”, disse
Sarah Fernandes, da RBA – Uma das médicas cubanas que trabalhará no Brasil pelo programa Mais Médicos foi recebida hoje (27) em Embu-Guaçú, extremo oeste da região metropolitana de São Paulo, por um grupo de aproximadamente 50 pessoas, em um café da manhã na cidade. Emocionada e bastante tímida, Santa Ester Covas Gonzáles chegou a chorar em seu discurso, enquanto agradecia a prefeitura e o governo federal pela oportunidade de trabalhar no Brasil.
“Eu quero trabalhar e contribuir com meu esforço e minha boa vontade para ajudar os mais pobres desse povo”, disse. “Estou muito agradecida por essa recepção. Eu não esperava nada disso. Quero agradecer.” Santa Ester, como já é chamada pelos colegas, chegou ao Brasil em 21 de agosto e ficou por cerca de 20 dias em Brasília participando da formação para os médicos do programa. Depois disso, esteve na capital por três dias e chegou a Embu-Guaçú no último sábado (21).
Santa Ester é formada há 26 anos, “um pouquinho de tempo”, como ela definiu, em tom de brincadeira. Natural de Havana, capital cubana, a médica trabalha com saúde geral integral e é mestra em reabilitação e pediatria, tendo estudado nas duas maiores cidades do país, Havana e Santiago de Cuba. Além disso, participou de missões na Venezuela e no Paquistão, onde trabalhou com vítimas do terremoto que devastou o país em 2005.
“Foi um trabalho em uma condição muito difícil, mas ajudei muitas pessoas. É uma experiência boa para a formação de qualquer médico. Eu trabalhei ali com doutores de vários outros países, todos muito bons”, contou. “Está também será uma experiência maravilhosa. Estou muito feliz por participar do programa Mais Médicos.”
A RBA tentou questionar a médica sobre a reação contrária ao programa de algumas entidades de classe que criticam, em especial, o fato de os cubanos ganharem R$ 6 mil a menos que os outros médicos do programa. Autoridades do município, no entanto, interromperam o questionamento, julgando que ser inapropriado para a ocasião.
Além dela, outros dois médicos cubanos já chegaram a São Paulo, sendo um em Pedreira e o outro em Santo Antonio da Posse, ambos na região de Campinas. Santa Ester aguarda a emissão do registro provisório para começar a atender, o que, segundo o prefeito, Clodoaldo Leite da Silva, deve ocorrer nos próximos dias. Enquanto isso, ela está estudando sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro.
Só em São Paulo, 55 médicos intercambistas aguardavam a emissão do registro no começo da semana. A Advocacia Geral da União (AGU) pediu, nesta quarta-feira (25) à Procuradoria Geral da República (PGR) que investigue os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) pela demora em conceder registros. Segundo o órgão, há suspeita de “ocorrências de condutas ilícitas” pelas entidades de classe. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que os registros não foram liberados por problemas na documentação.
A médica já conheceu o lugar onde irá trabalhar: a Unidade Básica de Saúde Paulo Maneta, no bairro do Cipó. “É bonito e dá para fazer um trabalho bom, mas o fundamental são as minhas mãos para trabalhar e minha boa vontade. Acho que posso ajudar em muitas coisas. Só quero trabalhar”, disse, emocionada.
Santa Ester integrará o Programa Saúde da Família (PSF) no município, que hoje só conta com quatro dos 15 médicos necessários para estender a ação para todo o município. Por isso, outros 14 profissionais foram requisitados pela prefeitura ao Mais Médicos. A expectativa da administração municipal é de que até janeiro de 2014 a equipe do programa esteja completa nas cinco Unidades Básicas de Saúde do município.
“A situação da saúde em Embu-Guaçú é, como em todo país, difícil. Nós ficamos longe do centro de São Paulo, somos o município mais distante da região oeste. A maioria dos médicos de São Paulo prefere trabalhar na capital, mais próximos da sua residência, e temos dificuldade de trazer médicos para a cidade”, disse o prefeito. “Desde o início fui favorável ao Mais Médicos porque sei que esses profissionais são experimentados em outros países que podem colaborar conosco.”
“Embu-Guaçú é uma das cidades que paga melhor o médico. Demos um aumento que por um tempo funcionou, mas depois não deu certo. O médico vem, se cansa, a gente abre concurso e as vagas não são preenchidas”, conta o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Bueno. “Isso porque estamos falando de Embu-Guaçú, na Grande São Paulo. Imagina como é nos lugares mais distantes do nosso país?”
Santa Ester está hospedada em um hotel da cidade e a Secretaria de Saúde procura uma casa para alugar que, no futuro, possa ser dividida com os outros médicos que integrarem o programa no município.

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