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Em 2012, 120 mil pessoas deixaram Portugal, mais do que em 1966. São 10 mil pessoas por mês, o que ultrapassa o auge do movimento emigratório da década de 60. A quebra da população é “preocupante”, alertam demógrafos.
ARTIGO | 30 OUTUBRO, 2013 - 16:32
O aumento exponencial da emigração pode ter uma semelhança com a dos anos 60: a fuga a uma política desastrosa do governo português
O jornal “Diário de Notícias” destaca que “dez mil pessoas deixam Portugal todos os meses”.
De acordo com os dados das Estatísticas Demográficas 2012 do INE, divulgadas nesta terça-feira, 121.418 pessoas abandonaram Portugal em 2012, um número superior ao pico da emigração portuguesa dos anos 60 do século passado, com a emigração de 120.239 pessoas em 1966. Os destinos principais de quem sai continua a ser prioritariamente a Europa, com destaque para França, Luxemburgo, Suíça e Reino Unido. A seguir a estes 4 países, Angola é o destino mais procurado.
O jornal ouviu vários especialistas que mostram preocupação com o crescimento da emigração, as caraterísticas da emigração atual e a queda da população.
Para o demógrafo Mário Leston Bandeira à saída da população é preciso acrescentar a diminuição da imigração e dos nascimentos e o aumento das mortes. O demógrafo sublinha que o país está no “pior dos mundos possível em termos demográficos”. A queda da população, em 2012, foi de 55.109 pessoas.
Carlos Pereira da Silva, professor universitário, refere os prejuízos para o país no terreno económico. “A população é um fator importante no terreno económico, especialmente a faixa entre os 15 e os 64 anos” e, apesar dessa faixa não ter diminuído muito, os níveis “desesperadamente baixos de natalidade são insuficientes para a renovação das populações e isso vai refletir-se no ativos que sustentam a economia”, sublinha Carlos Pereira da Silva.
Este especialista destaca também que a emigração atual é diferente da dos 60, com consequências mais gravosas para a economia e para o país. A atual onda de saídas é caraterizada por jovens que “o país forma e que vão para outros países europeus que não gastaram um tostão na sua formação”, destaca Carlos Pereira da Silva.
No entanto, se os demógrafos e especialistas estão preocupados, outra é a posição do governo PSD/CDS-PP. Em 2011, o então secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Miguel Mestre, afirmou: “Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras”. Passos Coelho afirmou, dois meses depois, referindo-se aos professores sem trabalho: “Nos próximos anos haverá muita gente em Portugal que das duas, uma, ou consegue, nessa área, fazer formação e estar disponível para outras áreas ou, querendo manter-se, sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa”.
Na verdade, o aumento exponencial da emigração pode ter uma semelhança com a dos anos 60: a fuga a uma política desastrosa do governo português. Nos anos 60 era a ditadura e a política do governo de Salazar, que provocava a guerra, a miséria e levava a população a fugir. Atualmente, é a desastrosa política de austeridade do governo e da troika que empobrece o país, aumenta o desemprego, espalha a miséria e ameaça já a Constituição portuguesa.
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