Autor: Fernando Brito
O Globo de hoje noticia que, a oposição está chamando de “oportunismo eleitoral” o reforço de apenas R$ 1 bilhão – de R$ 14,7 bi para R$ 15,7 bilhões – no orçamento do programa Minha Casa, Minha Vida.
Diz o senador Cássio Cunha Lima, tucano, que está se formando “uma grande bolha” imobiliária e que “a inadimplência está altíssima”.
Na verdade, o que o senador diz é um “requentado” de uma matéria da Veja, que em setembro disse que a inadimplência do programa era um “subprime” brasileiro, referindo-se à bolha imobiliária que se tornou símbolo da crise mundial de 2008.
Tudo conversa fiada.
As faixas do Minha Casa, Minha Vida destinadas à classe média baixa – renda familiar acima de R$1.600, segue com um nível de inadimplência semelhante ao de todo o crédito habitacional: em torno de 2%.
No nível de financiamento para a camada mais pobre, inadimplência alta nunca deixou de ser um elemento considerado em toda a engenharia financeira do programa, tanto que os recursos provêm de transferências do Tesouro, porque isso é política pública, essencialmente, não operação de crédito.
Mesmo que sejam os 20% apontados por Veja – não achei dados oficiais sobre isso, é indiscutivelmente um sucesso, se comparado aos 90% de inadimplência que o BNH e as Cohabs tinham no final dos anos 70. Aliás, as Cohabs só diminuíram um pouco este nível quando passaram a dirigir seus programas para as faixa de renda superiores, deixando ao léu as camadas mais humildes.
O que tem de ficar claro é que, no caso das famílias mais humildes, o Minha Casa Minha Vida É UMA POLÍTICA - a palavra que os neoliberais odeiam desde que não seja para o capital - DE SUBSÍDIO À HABITAÇÃO E NÃO UMA POLÍTICA DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO.
No caso das demais faixas, sim, trata-se de crédito imobiliário, embora mitigado de forma a compatibilizar a capacidade de pagamento de uma imensa camada da população com os preços praticados pelo mercado imobiliário e, além do mais, de estimular a a construção civil a se financiar para ampliar o número de lançamentos de unidades habitacionais.
O efeito benéfico disso para a expansão do crédito imobiliário em geral – inclusive fora do programa – é imenso.
O crédito imobiliário no Brasil – como aliás todas as modalidades de crédito de longo prazo – é ínfimo em relação à expressão que tem em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
No gráfico ao lado, que retirei do excelente blog do economistaFernando Nogueira da Costa, professor da Unicamp e ex-vice-presidente da Caixa e da Federação de Bancos, mostra esta incontestável atrofia da modalidade de crédito de maior repercussão na vida das famílias.
Aliás, neste post, Nogueira da Costa desmonta todo o blá-blá-blá sobre a existência de uma bolha imobiliária no Brasil.
Mas, se não bastasse isso, bem que a gente poderia perguntar o que foram os programas de habitação popular bem sucedidos nos governos tucanos…
“Meu viaduto, minha Toca”? “Minha Ponte, Meu Telhado”? “Minha Invasão Precária, Minha Lama”?
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