domingo, 23 de fevereiro de 2014

Maduro propõe "conferência de paz" para neutralizar grupos violentos na Venezuela 23/02/2014

Em marcha que aconteceu no centro de Caracas, presidente venezuelano pediu fim de “provocações” e “emboscadas”

Agência Efe

Nicolás Maduro pediu paz ao país durante marcha do chavismo

Milhares de pessoas marcharam no centro de Caracas neste sábado (22/02), pedindo “paz” no país. Convocado pelo chavismo, o ato terminou no Palácio de Miraflores, onde Nicolás Maduro convocou todos os setores sociais e políticos do país para que instalem uma Conferência Nacional de Paz na próxima quarta-feira (26).

Segundo ele, o objetivo é “neutralizar” grupos violentos que atuaram em protestos realizados no país ao longo dos últimos dias. Além de agressões a edifícios e bens públicos e privados, os protestos já causaram pelo menos nove mortes e quase 140 feridos. “Faço um chamado para que continuemos repudiando os grupos violentos, e que cessem as provocações, as emboscadas e o intervencionismo”, reiterou.

Neste sábado (22), a imprensa local difundiu que uma jovem ferida durante um protesto no estado venezuelano de Carabobo morreu após ser operada. Ontem (21), um homem foi degolado ao passar em moto por um arame ao longo de uma via em uma barricada armada por manifestantes.

“Algumas pessoas acham que incendiando o país, eles podem tomar o poder político”, expressou Maduro, fazendo um chamado para que as pessoas saiam às ruas no caso de que alguma coisa aconteça “por essas circunstâncias fascistas de violência imperlialista”.“Se [um dia] eu não estiver, porque o fascismo desapareceu comigo, eu os autorizo a se lançar nas ruas para resgatar a pátria, cada milímetro da pátria”, completou

No entanto, Maduro jurou a seus seguidores que se encarregará de que isso nunca aconteça e que estará no cargo até 2019, quando encerra seu mandato, iniciado no ano passado.

Vozes do chavismo

No ponto inicial da marcha em Caracas, na região de Bellas Artes, diversas senhoras carregavam flores. Uma delas, Ana Ísis Chacón, de 62 anos, afirmou que segurava uma flor em sinal de paz e em homenagem ao falecido presidente Hugo Chávez.

“Maduro é um homem muito humilde, eu o conheci pessoalmente, e sei que Chávez não se equivocou ao designá-lo como sucessor. Eu vivi muita repressão neste país, vivi a pobreza e não pude nem terminar a escola. E agora eles [opositores] querem voltar ao poder para se apropriar da riqueza do nosso país. Mas eles não voltarão”, expressou. Ao mencionar a morte do jovem degolado, afirmou: “Isso não é maneira de se manifestar”.

Na saída do metrô perto do local da concentração, um grupo passou cantando “não voltarão, não voltarão”, em referência à oposição. Um grupo de mulheres cantava que a Leopoldo López - preso na última terça e apontado pelo governo como autor intelectual da violência em protestos - lhe espera a prisão.


Enquanto isso, em um palco, uma apresentadora entoava: "Corina, fascista, vende-pátria e terrorista", em referência à deputada María Corina Machado, que lidera, ao lado de Leopoldo López, uma campanha denominada "A Saída", na qual se propõe presença nas ruas até uma mudança de governo.

Para o aposentado Elio Hernández, de 66 anos, que também segurava uma flor na manifestação, a situação vivida na Venezuela com a eclosão dos protestos “é normal”. “Os que foram privilegiados antes, agora se levantam para tentar ter novamente o que sempre tiveram: o petróleo, a riqueza, as terras, os privilégios. Não aceitam que este processo está orientado a colocar isso nas mãos do povo”, garante.

Ex-designer gráfico da UCV (Universidade Central da Venezuela), Hernández afirma que a população nas comunidades pobres aprendeu ao longo dos anos, a se conter. “Claro que há entre os chavistas quem ache que o caminho é a confrontação, mas isso é pensar com o coração e não com o cérebro”, explica. “É difícil dizer”, diz, no entanto, sobre quanto tempo os apoiadores continuarão contidos.

“Tem todos os meios de comunicação com que os Estados Unidos contam e que apostam na derrubada do governo. Este é um novo tipo de golpe de Estado, para o qual tenta se acentuar uma cara social, com grupos de classes médias, acomodadas. É isso o que está em processo”, afirma, complementando: “Eu não acho que eles consigam concretizar nada. Não entendem que este processo não é um homem, não é um governo, mas um povo."

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/34095/maduro+propoe+conferencia+de+paz+para+neutralizar+grupos+violentos+na+venezuela.shtml

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