Manifestantes caminharam até prédio onde fica Memorial da Resistência.
Ato foi chamado em resposta a outra marcha, que pedia volta dos militares.
Roney Domingos e Marcelo MoraDo G1 São Paulo
Cerca de mil pessoas caminharam na tarde deste sábado (22) pelas ruas do Centro de São Paulo no evento batizado de "Marcha Antifascista", segundo estimativa da Polícia Militar (PM). Convocada através das redes sociais, os manifestantes se dirigiram ao Largo General Osório, 66, onde fica o Memorial da Resistência.
Em entrevista ao G1, o coronel da PM Fernando Barta Cevius, disse que o "ato antifascista" chegou a ter um pico de mil pessoas e transcorreu sem incidentes. O Centro de Operações da PM diz que 800 participaram.
A manifestação foi um protesto contra outro evento convocado para o mesmo horário na cidade: a "Marcha da Família Com Deus pela Liberdade - O Retorno", que relembra a marcha anticomunista e de apoio ao golpe militar realizado há 50 anos em 19 de março de 1964.
Os manifestantes contrários à "Marcha da Família" escolheram como destino a Luz por causa do simbolismo do prédio. Ele foi sede, durante o período de 1940 a 1983, do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP).
Mulher foi retirada da praça da Sé após criticar
ato antifascista (Foto: Marcelo Mora/G1)
O departamento foi responsável por uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante o regime militar.
Após chegar à Luz, o grupo começou a se dispersar por volta das 18h. Não foram registrados incidentes e as duas manifestações não chegaram a se encontrar nas ruas do Centro.
No ato havia bandeiras do PCO, PCdoB, UJS. A manifestação também contava com a presença de jovens mascarados, adeptos da tática black bloc.
Princípio de tumulto
Por volta das 15h40, ainda durante a concentração, uma mulher criticou o grupo antifascista e provocou tumulto. Ela queria falar ao microfone e segurava um cartaz com as expressões: "Fora PT Impeachment à Dilma" e "Brasil Colônia de Cuba".
Ela foi retirada da Praça da Sé por PMs. Ela chegou a sofrer ameaça de agressão, mas os próprios integrantes da manifestação a protegeram e levaram até os policiais.
Ela foi liberada poucos metros adiante, no fim da Praça da Sé. Aos jornalistas, disse apenas que os manifestantes não iriam "transformar o Brasil em uma Cuba".
Saiba como foi a Marcha da Família original, em 1964
A “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade” ocorreu em 19 de março de 1964 e reuniu cerca de 500 mil pessoas. O ato começou na Praça da República e terminou na Praça da Sé, percorrendo no caminho a Rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Rua Direita. A marcha foi convocada como uma resposta ao comício que o presidente João Goulart fez na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março, quando defendeu suas reformas de base para um público de 200 mil pessoas. Os manifestantes eram contra o governo de João Goulart, pois temiam a implantação de um regime comunista no Brasil, e favoráveis ao golpe militar.
Ela foi organizada pela União Cívica Feminina, um grupo de mulheres com ligação com empresários paulistas. Segundo a historiadora Heloísa Starling, da Comissão Nacional da Verdade, a Marcha teve ainda apoio de setores da Igreja Católica e acabou se tornando o modelo para manifestações que começaram a ocorrer em diversas outras cidades. Para a historiadora, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi a “face mais espetaculosa dos golpistas” em 1964. O ato e as manifestações em outras cidades que se seguiram fizeram parte de uma grande “frente social” que teve ainda participações de setores do comércio, imprensa e estudantes. “Era necessária essa mobilização popular para legitimar o golpe”, segundo Heloísa.
Quase duas semanas depois da Marcha, em 31 de março, o Exército mobiliza tropas e começa a tomada do poder. Em 11 de abril, o general Castello Branco é nomeado o primeiro presidente do período de ditadura, que durou 20 anos. O regime de exceção durou no país até o começo de 1985, quando o governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo foi sucedido por José Sarney (PMDB). À época, Sarney era vice de Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral após o movimento Diretas Já. Durante a ditadura, opositores do regime foram exilados, presos, torturados e assassinados. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instalada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. A comissão tem até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos.
Grupo que saiu da Sé passa no Largo de São Bento rumo à Luz (Foto: Marcelo Mora/G1)
Grupo se reúne para Marcha Antifascista em São Paulo. (Foto: Marcelo Mora/G1)
Mulher critica grupo na Sé e causa princípio de tumulto (Foto: Roney Domingos/G1)
Grupo antifascita sobre o Viaduto Santa Ifigênia (Foto: G1)
Manifestantes da Marcha Antifascista passam pela Avenida Cásper Líbero (Foto: G1)
ato antifascista (Foto: Marcelo Mora/G1)
O departamento foi responsável por uma das polícias políticas mais truculentas do país, principalmente durante o regime militar.
Após chegar à Luz, o grupo começou a se dispersar por volta das 18h. Não foram registrados incidentes e as duas manifestações não chegaram a se encontrar nas ruas do Centro.
No ato havia bandeiras do PCO, PCdoB, UJS. A manifestação também contava com a presença de jovens mascarados, adeptos da tática black bloc.
Princípio de tumulto
Por volta das 15h40, ainda durante a concentração, uma mulher criticou o grupo antifascista e provocou tumulto. Ela queria falar ao microfone e segurava um cartaz com as expressões: "Fora PT Impeachment à Dilma" e "Brasil Colônia de Cuba".
Ela foi retirada da Praça da Sé por PMs. Ela chegou a sofrer ameaça de agressão, mas os próprios integrantes da manifestação a protegeram e levaram até os policiais.
Ela foi liberada poucos metros adiante, no fim da Praça da Sé. Aos jornalistas, disse apenas que os manifestantes não iriam "transformar o Brasil em uma Cuba".
Saiba como foi a Marcha da Família original, em 1964
A “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade” ocorreu em 19 de março de 1964 e reuniu cerca de 500 mil pessoas. O ato começou na Praça da República e terminou na Praça da Sé, percorrendo no caminho a Rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Rua Direita. A marcha foi convocada como uma resposta ao comício que o presidente João Goulart fez na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março, quando defendeu suas reformas de base para um público de 200 mil pessoas. Os manifestantes eram contra o governo de João Goulart, pois temiam a implantação de um regime comunista no Brasil, e favoráveis ao golpe militar.
Ela foi organizada pela União Cívica Feminina, um grupo de mulheres com ligação com empresários paulistas. Segundo a historiadora Heloísa Starling, da Comissão Nacional da Verdade, a Marcha teve ainda apoio de setores da Igreja Católica e acabou se tornando o modelo para manifestações que começaram a ocorrer em diversas outras cidades. Para a historiadora, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi a “face mais espetaculosa dos golpistas” em 1964. O ato e as manifestações em outras cidades que se seguiram fizeram parte de uma grande “frente social” que teve ainda participações de setores do comércio, imprensa e estudantes. “Era necessária essa mobilização popular para legitimar o golpe”, segundo Heloísa.
Quase duas semanas depois da Marcha, em 31 de março, o Exército mobiliza tropas e começa a tomada do poder. Em 11 de abril, o general Castello Branco é nomeado o primeiro presidente do período de ditadura, que durou 20 anos. O regime de exceção durou no país até o começo de 1985, quando o governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo foi sucedido por José Sarney (PMDB). À época, Sarney era vice de Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral após o movimento Diretas Já. Durante a ditadura, opositores do regime foram exilados, presos, torturados e assassinados. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instalada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. A comissão tem até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos.
Grupo que saiu da Sé passa no Largo de São Bento rumo à Luz (Foto: Marcelo Mora/G1)
Grupo se reúne para Marcha Antifascista em São Paulo. (Foto: Marcelo Mora/G1)
Mulher critica grupo na Sé e causa princípio de tumulto (Foto: Roney Domingos/G1)
Grupo antifascita sobre o Viaduto Santa Ifigênia (Foto: G1)
Manifestantes da Marcha Antifascista passam pela Avenida Cásper Líbero (Foto: G1)
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/03/grupo-se-concentra-na-praca-da-se-para-marcha-antifacista.html
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