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sábado, 20 de dezembro de 2014
Putin: o Grande-Mestre e o “ferrolho de ouro” 20/12/2014
12/12/2014, Dmitry Kalinichenko, Investcafe.ru (trad. ao ing. Kristina Rus)
ЗАПАДНЫЙ КАПКАН ГРОССМЕЙСТЕРА ПУТИНА
Traduzido do inglês pelo pessoal da Vila Vudu
O que os países BRICS, liderados por Rússia e China, estão fazendo atualmente é alterar realmente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial ativo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por ação conjunta de Moscou e Pequim, está convertida em simples meio de pagamento intermediário. Sua serventia é “fazer a ponte”, até ser trocado pelo derradeiro-essencial ativo financeiro: o ouro. É assim que o dólar norte-americano perde seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial ativo para acumulação ‒ e cede o trono a outro ativo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.
Entreouvido quiosque do Frozô na Vila Vudu: “Não sei se é verdade, ou tudo mentira e só propaganda. Sei, com certeza, que o editorial da revista Época, do grupo Globo, ensinando privatização & ladroeira à moda da privataria tucana, é TOTALMENTE PROPAGANDA, vendida aos otários como se fosse jornalismo.
OK. É jornalismo de fascistização, mas, como diria qualquer fascista: “É jornalismo, uai!”
Daí concluo que “jornalismo democrático”, só se tiver boooooa propaganda/publicidade prôs dois, três, quatro, mil lados (mas, no mínimo, pra DOIS!). Na página de “Tendências & debates”, publicar-se-ia o besteirol lá de karké daqueles tucano-sem-votos iradinhos, na parte de cima (afinal, o jornal é deles, né?); e, na parte de baixo, esse artigo aí, do russo Dmitry Kalinichenko.O cara é advogado, dos que sabem muito de moeda & pregão & bolsa de valores, parecido com uns que as rádios paulistas entrevistam TOOOODAS as manhãs e depois repetem sem parar até à noite, pra eles dizerem como o dólar está forte e poderoso contra o real, o rublo...
Por que o “especialista” aí não pode ser entrevistado pela Jovem-Pan em Sampa?! Pourquoi pas?! Ou pela BandNews?! Só porque ele diz que o dólar tá é fodido, como fodidos estão os EUA e resto por lá por cima do Equador, do lado “ocidental”?!
Bóra traduzir e publicar. Todo mundo tem de ler. Depois a gente discute.
“Chegaremos à fartura!” (Stálin vive) [pano rápido]
Vladimir Putin e Xi Jinping
As acusações mais frequentes que o ocidente tem feito contra Putin têm a ver com ele ter prestado serviços à KGB. Portanto, é pessoa sanguinária e imoral. Tudo é culpa de Putin. Mas ninguém até hoje o declarou burro [como Kerry] ou doido [como o senador McCain].
Tudo que dizem contra o homem só faz enfatizar sua capacidade para pensar analiticamente e com objetividade, e para tomar decisões políticas e econômicas claras e equilibradas.
Seguidamente, a imprensa-empresa ocidental compara a capacidade do presidente Putin à habilidade dos Grandes-Mestres, capazes de jogar várias partidas simultâneas de xadrez em público. Desenvolvimentos recentes na economia dos EUA e do ocidente em geral permitem-nos concluir que nesse ponto, ao avaliar esses específicos traços da personalidade de Putin, a imprensa-empresa ocidental, finalmente, está absolutamente certa.
Por mais que Fox News e CNN, hoje, só façam repetir elogios aos sucessos econômicos do ocidente, a economia ocidental, levando à frente os EUA, está completamente presa na armadilha que Putin montou para ela, e ninguém no ocidente sabe como sair dessa arapuca. Quanto mais o ocidente esperneia tentando escapar, mais o ocidente se enreda na armadilha.
Qual é o destino realmente trágico no qual estão enredados o ocidente e os EUA? E por que a imprensa-empresa ocidental e os “especialistas” ocidentais midiáticos no campo da Economia mantêm o mais impenetrável silêncio sobre a coisa toda? Tentemos compreender no contexto da economia a essência dos eventos econômicos em curso, deixando de lado os fatores de moralismo, ética e geopolítica.
Depois de dar-se conta do fracasso de suas ações na Ucrânia, o ocidente, comandado pelos EUA, decidiu destruir a economia russa, fazendo desabar os preços do petróleo e também do gás, sabidamente itens principais de entradas no orçamento de exportações e fonte de recursos para recompor as reservas russas de ouro.
Deve-se observar que o principal fracasso do ocidente na Ucrânia não é nem militar nem político, mas, isso sim, não ter conseguido de Putin que ele aceitasse financiar o projeto ocidental da Ucrânia, à custa do orçamento da Federação Russa. E essa decisão de Putin tornou inviável o projeto ocidental no futuro próximo e inevitável.
De outra vez, sob o governo do presidente Reagan, esse tipo de movimento, de o ocidente baixar os preços do petróleo, teve “sucesso” e levou ao colapso da URSS. Mas a história não se repete sempre, e nunca do mesmo modo. Dessa vez, as coisas estão diferentes para o ocidente. A resposta de Putin ao ocidente parece mistura de xadrez com judô – quando você usa contra o inimigo a força que o inimigo usa contra você, com mínimo desgaste da força e dos recursos de quem se defenda. As reais políticas de Putin não são objeto de interesse da imprensa-empresa. Por isso, Putin pode manter-se sempre mais focado na eficiência, que em obter efeitos de impacto instantâneo e passageiro.
Poucos são os que compreendem o que Putin está fazendo nesse momento. E quase ninguém compreende o que ele fará na sequência.
Não importa o quanto pareça estranho, fato é que, hoje, a Rússia só está vendendo petróleo e gás a quem aceite pagar em ouro físico (Gráfico 1).
Putin não está espalhando a notícias aos quatro cantos do mundo. E, claro, ainda aceita dólares norte-americanos como meio de pagamento intermediário. Mas imediatamente converte todos os dólares que receba da venda de petróleo e gás, em ouro físico.
Para compreender, basta observar a dinâmica do crescimento das reservas russas em ouro, e comparar esse dado com o que a Federação Russa recebe da venda de petróleo e gás no mesmo período.
Além do mais, no 3º trimestre, as compras russas de ouro físico alcançaram o ponto máximo histórico, nível recorde. No 3º trimestre desse ano, a Rússia comprou a incrível quantidade de 55 toneladas de ouro. É mais que todo o ouro que há em todos os bancos centrais de todos os países (segundo dados oficiais) somados.
No total, os bancos centrais de todos os países do mundo compraram 93 toneladas de ouro no 3º trimestre de 2014. Foi o 15º trimestre consecutivo de compras líquidas de ouro, pelos bancos centrais. Das 93 toneladas de ouro que os bancos centrais de todo o mundo compraram nesse período, a “fatia” russa é de 55 toneladas (Gráfico 2)
Não faz muito tempo, cientistas britânicos já haviam chegado a uma conclusão, que foi publicada no relatório U.S. Geological. A saber: a Europa não conseguirá sobreviver sem a energia que compra da Rússia. Traduzido para qualquer idioma do mundo, significa: “O mundo não conseguirá sobreviver, se o petróleo e o gás russos forem excluídos da massa global de oferta de energia”.
Implica, pois, que o mundo ocidental, construído sobre a hegemonia do petrodólar, está em situação catastrófica. Não sabe sobreviver sem o petróleo e o gás que recebe da Rússia, e agora a Rússia só se interessa por vender petróleo e gás ao ocidente em troca de ouro físico. O “truque”, na jogada de Putin, é que o mecanismo para a venda de energia ao ocidente em troca de ouro funciona sempre, mesmo quando, como agora, o ocidente pague pelo gás e petróleo russos com o seu dólar artificialmente desvalorizado.
Porque a Rússia, tendo fluxo regular de dólares da venda de petróleo e gás, em todos os casos, sempre, pode converter os dólares em ouro aos preços atuais, que o ocidente oferece a preços deprimidos. Quer dizer, com o preço do ouro, que foi artificial e meticulosamente rebaixado várias vezes pelo Fed e pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA (Exchange Stabilization Fund, ESF), contra o poder de compra artificialmente inflado do dólar mediante a manipulação dos mercados.
Fato relevante: Desde 2012, a manipulação dos preços do ouro para baixo, pelo Fundo de Estabilização do Câmbio, departamento especial do governo dos EUA – com o objetivo de estabilizar o dólar – foi convertida em lei nos EUA.
No mundo financeiro aceita-se como dado indiscutível que o ouro é um antidólar.
Em 1971, o presidente Nixon dos EUA fechou a “janela ouro”, pondo fim ao livre câmbio de dólares por ouro, garantido pelos EUA em 1944 em Bretton Woods.
Em 2014, o presidente Putin da Rússia reabriu a “janela ouro” – sem pedir licença a Washington.
Atualmente, o ocidente consome muito de seus esforços e recursos para manter deprimidos os preços do ouro e do petróleo. Por um lado, para distorcer a realidade econômica a favor do dólar norte-americano; por outro lado, para destruir a economia russa, que se recusa a fazer o papel de vassalo obediente do Ocidente.
Hoje, ativos como ouro e petróleo parecem proporcionalmente enfraquecidos e excessivamente desvalorizados contra o dólar norte-americano. É efeito do enorme esforço econômico que o ocidente está fazendo.
E agora Putin vende recursos energéticos russos em troca desses dólares artificialmente inflados por esforços do ocidente. Com os dólares inflados, ele imediatamente compra ouro, artificialmente desvalorizado em relação ao dólar dos EUA... por empenho do próprio ocidente!
Há mais um elemento interessante no jogo de Putin. É o urânio russo. 1/6 de todas as lâmpadas que há nos EUA dependem do suprimento russo de urânio. Que a Rússia vende aos EUA em troca de dólares, é claro.
Em troca do óleo, do gás e do urânio russos, o ocidente paga à Rússia em dólares, moeda cujo poder de compra está artificialmente inflado contra o petróleo e o ouro, por efeito de esforços do ocidente. Mas Putin usa os mesmos dólares para tirar ouro do ocidente, pelo preço em dólares norte-americanos que o próprio ocidente baixou tanto!
Assim, nessa dança e contradança brilhantes, Putin põe o ocidente, com os EUA à frente, na posição da cobra que furiosamente, agressivamente e aplicadamente vai devorando o próprio rabo.
A ideia dessa armadilha econômica para “segurar” o ocidente pode, muito provavelmente, ter saído da cabeça do próprio Putin. Mais provavelmente, foi ideia do Dr. Sergey Glazyev, Conselheiro da presidência russa para Questões Econômicas. Se não por isso, por que Glazyev, burocrata sem envolvimento no mundo comercial-empresarial, foi incluído, com vários empresários russos, na lista das sanções de Washington? E a ideia do economista foi brilhantemente aplicada por Putin, completamente apoiada por seu colega chinês – XI Jinping.
Particularmente interessante, nesse contexto, é a declaração feita em novembro, pela primeira vice-presidente do Banco Central da Rússia (BCR), Ksenia Yudaeva, que disse que BCR pode usar o ouro das reservas para pagar por importações, sendo necessário. Claro que, no que tenha a ver com as sanções, a declaração visa aos países BRICS, em primeiro lugar à China. Para a Rússia, a disposição dos russos de servir-se do ouro ocidental para pagar por importações, é altamente conveniente. Eis por quê:
– Recentemente, a China anunciou que deixaria de ampliar suas reservas em ativos denominados em dólares norte-americanos. Considerando o crescente déficit comercial entre EUA e China (a diferença hoje é cinco vezes, favorável à China), essa declaração, traduzida do idioma financeiro, significa: “A China parou de aceitar dólares em pagamento pelo que exporta”.
A imprensa-empresa mundial escolhe não noticiar esse que é o mais importante “evento” de toda a história monetária recente. A questão não é que a China literalmente se recuse a vender seus produtos para receber em dólares norte-americanos. É claro que a China continuará a aceitar dólares norte-americanos como pagamento “intermediário” por seus bens. Mas, recebidos os dólares, a China imediatamente cuidará de livrar-se deles e de substituí-lo por algo com mais “substância” nas suas reservas ouro e moedas.
Se não se assume tudo isso, não há como compreender as recentes declarações das autoridades monetárias chinesas: “Estamos detendo o crescimento de nossas reservas ouro e monetárias denominadas em dólares norte-americanos”. Significa que a China não mais comprará bônus do Tesouro dos EUA em troca de dólares armazenados do comércio com outros países, como fazia.
A China substituirá todos os dólares que receberá pelos bens vendidos, não aos EUA, mas ao mundo todo, com algo que não é denominado em dólares norte-americanos. A pergunta seguinte é interessante: com o que a China substituirá todos os dólares de seus negócios? Com que moeda, com que tipo de ativo? Análises da atual política monetária chinesa mostram que muito provavelmente os dólares que venham do comércio, ou parte considerável deles, a China os substituirá em silêncio – de fato, já estão sendo substituídos – por Ouro.
Nesse aspecto, a parceria solitária de russos e chineses é extremamente bem-sucedida para Moscou e para Pequim. A Rússia compra bens da China pelos quais paga diretamente em ouro, aos preços atuais. E a China compra recursos energéticos russos pelos quais paga diretamente em ouro, aos preços atuais. Nesse festival de celebração da vida entre russos e chineses, há espaço para tudo: bens chineses, recursos energéticos russos e ouro – como meio de pagamento nas duas direções. O dólar norte-americano é a única moeda que não tem lugar nesse festival de celebração da vida e da paz.
De fato, não é surpresa. Afinal, o dólar norte-americano não é nem produto chinês, nem recurso energético russo. Não passa de instrumento financeiro intermediário de quitação – e intermediário desnecessário.
Todos os intermediários desnecessários sempre serão, como sempre foram, excluídos de qualquer interação entre parceiros comerciais independentes.
Deve-se observar à parte que o mercado global para ouro físico é extremamente restrito, se comparado ao mercado mundial para petróleo físico. E o mercado para ouro físico é microscópico, comparado à totalidade dos mercados mundiais para entregas físicas de petróleo, gás, urânio e bens manufaturados. Repete-se sempre a expressão “ouro físico”, porque, no pagamento em vendas de recursos de energia, a Rússia não recebe recursos energéticos “de papel”. A Rússia está extraindo ouro do oriente, sempre em sua forma física, não na forma “papel”. É o que a China obtém, ao receber do ocidente o ouro “físico” desvalorizado, como pagamento por entrega física de produtos reais ao ocidente.
As esperanças do ocidente, de que China e Rússia aceitariam, para pagamento por bens e recursos energéticos, as chamadas moedas-merda, “merda-coin” [orig. shitcoin] ou o chamado “papel-ouro” de vários tipos, não se realizaram. À Rússia e à China só interessa o ouro, e como metal físico, como meio final de pagamento.
PARA REFERÊNCIA: O turnover do mercado de papel ouro, só de ouro futuro, é estimado em US$ 360 bilhões/mês. Mas a entrega de ouro físico é de apenas US$ 280 milhões/mês. A proporção entre papel-ouro e ouro físico é de 1.000:1.
Ao servir-se do mecanismo de retirar ativamente do mercado, um ativo financeiro artificialmente desvalorizado pelo ocidente (ouro), em troca de outro ativo financeiro, mas artificialmente sobrevalorizado pelo ocidente (o dólar norte-americano), Putin iniciou a contagem regressiva que leva ao fim da hegemonia mundial do petrodólar. E Putin empurrou o ocidente para um impasse, porque não há nenhuma perspectiva econômica positiva.
O ocidente pode consumir quantos esforços e recursos deseje para engordar artificialmente o poder de compra do dólar, baixar os preços do petróleo e baixar artificialmente o poder de compra do dólar. O problema, para o ocidente, é que os estoques de ouro físico que hoje estão no ocidente não são ilimitados. Assim sendo, quanto mais o ocidente desvalorize o petróleo e o ouro em relação ao dólar norte-americano, mais depressa o ocidente perde, porque desvaloriza o ouro que guarda em suas reservas finitas.
Nessa jogada brilhante de combinação econômica que Putin ativou, o ouro físico que sai das reservas ocidentais está rapidamente fluindo para Rússia, China, Brasil, Cazaquistão e Índia, os países BRICS. Ao ritmo atual de redução de reservas de ouro físico, o ocidente simplesmente não tem tempo para fazer qualquer coisa contra a Rússia de Putin, antes do desabamento e colapso de todo o mundo do petrodólar ocidental. No xadrez contra o relógio, a situação em que Putin meteu o ocidente – com os EUA à frente – chama-se “falta de tempo”, em alemão Zeitnot.
O mundo ocidental jamais antes assistiu aos eventos e fenômenos econômicos aos quais assistem hoje. A URSS vendeu ouro rapidamente quando os preços do petróleo desceram. A Rússia rapidamente compra ouro quando os preços do petróleo descem. Implica que a Rússia impõe hoje ameaça real contra o modelo norte-americano de dominação mundial pelo petrodólar.
O princípio chave do modelo do petrodólar mundial é permitir que os países ocidentais liderados pelos EUA vivessem à custa do sangue, do trabalho e dos recursos de outros países e povos, a partir do papel que tem a moeda norte-americana, dominante no sistema monetário global (SMG). O papel do dólar norte-americano no SMG é que é (ou foi) o meio derradeiro de pagamento. Significa que a moeda nacional dos EUA, na estrutura do SMG, é (ou foi) o derradeiro ativo para acumulação, que não faria jamais sentido cambiar por qualquer outro ativo.
BRICS
O que os países BRICS, liderados por Rússia e China, estão fazendo atualmente é alterar realmente o papel e o status do dólar norte-americano no Sistema Monetário Global. De meio de pagamento derradeiro-essencial, e de derradeiro-essencial ativo para acumulação, a moeda nacional dos EUA, por ação conjunta de Moscou e Pequim, está convertida em nada além de meio de pagamento intermediário. Sua serventia é “fazer a ponte”, até ser trocado pelo derradeiro-essencial ativo financeiro: o ouro. É assim que o dólar norte-americano perde seu papel de derradeiro-essencial meio de pagamento e derradeiro-essencial ativo para acumulação – e cede o trono a outro ativo monetário reverenciado, sem pátria ou nação ou aliados ou inimigos: o ouro.
Tradicionalmente, o ocidente sempre usou dois métodos para eliminar qualquer ameaça contra a hegemonia do modelo do petrodólar no mundo e todos os descabidos privilégios para o ocidente. Um desses métodos: as revoluções “coloridas”. O segundo método, comumente aplicado pelo ocidente quando falha o primeiro: agressão militar e bombardeio.
Mas no caso da Rússia esses dois métodos são ou impossíveis ou inaceitáveis no ocidente.
Porque, em primeiro lugar, a população da Rússia, diferente de muitos outros povos, não deseja trocar a própria independência e o futuro dos próprios filhos, pelos sanduichões apodrecidos que o ocidente chama de comida. Vê-se bem claro, pelos índices de aprovação de Putin, que as grandes agências ocidentais não se cansam de ‘pesquisar’ e, depois, têm de publicar.
A descoberta de que Alexei Navalny mantém relações estreitíssimas com o Senador McCain e com Washington derrubou toda a credibilidade que tivesse. A notícia do relacionamento entre eles foi assunto de noticiário.
Na sequência, 98% da população russa passou a ver Navalny [vive de denunciar “corrupções”, até agora sem qualquer prova contra Putin, e chegou a ser uma espécie de Aécim russo – embora mais rico, muito mais bonito e muuuuuuuito mais macho que o minerin (NTs)], apenas como sabujo, fantoche e vassalo de Washington e traidor dos interesses nacionais dos russos. E os “especialistas” ocidentais que ainda não enlouqueceram totalmente sabem perfeitamente que “revolução colorida” nunca funcionará no caso da Rússia.
Quanto ao segundo modo tradicional ocidental, da agressão militar direta, evidentemente Rússia não é Iugoslávia, nem Iraque nem Líbia. Em qualquer operação militar não nuclear contra a Rússia, em território russo, o ocidente, com os EUA à frente, estão condenados ao mais fragoroso desastre. E os generais do Pentágono, que são os comandantes de fato das forças da OTAN, já sabem disso.
Ataque nuclear à Rússia também é sem esperanças, inclusive o chamado “ataque nuclear preventivo para desarme”. A OTAN é simplesmente incapaz, em termos técnicos, de lançar qualquer ataque que desarmasse completamente todo o potencial nuclear da Rússia em suas diferentes manifestações. Um ataque massivo nuclear de retaliação contra inimigo ou pool de inimigos atacantes é absolutamente incontornável, se a Rússia for atacada. E a capacidade nuclear total dos russos é suficiente para que os sobreviventes invejem a sorte dos mortos.
Assim se esclarece suficientemente que atacar com armamento nuclear um país como a Rússia não é solução a ser considerada, para resolver o “problema” do colapso do mundo do petrodólar. No melhor dos casos, seria um último acorde no funeral do petrodólar. No pior dos casos, um inverno atômico, o fim da vida no planeta Terra, que ficará entregue a bactérias alteradas pela radiação.
O establishment econômico ocidental sabe e compreende a essência da situação, gravíssima e sem saída, em que o ocidente acabou preso, na armadilha com ferrolho de ouro que Putin urdiu. Afinal de contas, desde os acordos de Bretton Woods todos conhecemos a regra fundamental: “Quem tem mais ouro fixa a regra fundamental.” Mas ninguém, no ocidente, fala sobre a coisa. Não porque o ocidente não saiba onde está metido. Mas porque ninguém no ocidente sabe como o ocidente se safará, se safar-se.
Se se explicar ao público ocidental todos os detalhes do desastre econômico que se aproxima, o povo perguntará aos apoiadores do mundo do petrodólar a mais terrível das perguntas, que se pode formular mais ou menos assim:
– E por quanto tempo o ocidente consegue continuar a comprar petróleo e gás da Rússia e pagar com ouro físico?
E o que acontecerá ao petrodólar norte-americano depois que acabar o ouro físico no ocidente para pagar pelo petróleo, pelo gás e pelo urânio russos, além de outros produtos russos?
Ninguém no ocidente hoje sabe responder essas duas perguntas aparentemente simplíssimas. O nome técnico é xeque-mate, senhoras e senhores.
Fim de jogo.
A brincadeira acabou
POSTADO POR CASTOR FILHO
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