Jornalista da revista Época (da Globo), mente. Lula, desmente
As sete mentiras da capa de Época sobre Lula
A revista Época, em nota assinada pelo seu editor-chefe,
Diego Escosteguy, na sexta-feira (1), reafirmou o que está escrito na matéria
“Lula, o operador”, como sendo correto e verdadeiro. Como a nota do seu editor
é uma reiteração de erros cometidos pela revista, apontamos aqui as 7
principais dentre as muitas mentiras da matéria de Época.
Primeira mentira - dizer que Lula está sendo
investigado pelo Ministério Público.
A Época afirma que o Ministério Público abriu "uma
investigação" na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria
"formalmente suspeito" de dois crimes. Época não cita fontes nem o
nome do procurador responsável pelo procedimento.
O Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República
do Distrito Federal não abriu qualquer tipo de investigação sobre as atividades
do ex-presidente Lula. O jornal O Globo, do mesmo grupo editorial, ouviu a
propósito a procuradora Mirella Aguiar sobre o feito em curso e ela esclareceu:
há um “procedimento preliminar”, decorrente de representação de um único
procurador, uma “notícia de fato”, que poderá ou não desdobrar-se em
investigação ou inquérito, ou simplesmente ser arquivada.
A mesma diferenciação foi observada pelo jornal The New York
Times e pela agência Bloomberg. O The New York Times chamou de
"preliminary step" (um passo preliminar) e não de investigação.
Isso não é um detalhe, e para quem preza a correção dos
fatos, faz diferença do ponto de vista jurídico e jornalístico.
Ao publicar apenas parcialmente o cabeçalho de um documento
do MP, sem citar os nomes do procurador Anselmo Lopes, que provocou a
iniciativa, e da procuradora Mirella, que deu prosseguimento de ofício, e sem
mostrar do que realmente se trata o procedimento, Época tenta enganar
deliberadamente seus leitores.
Segunda mentira- Lula seria lobista
No início da matéria a revista lembra um fato: Lula deixou o
poder em janeiro de 2011 com grande popularidade e desde então, não ocupa mais
cargo público. Segundo a revista, Lula faria lobby para privilegiar seus
"clientes". Que fique bem claro, como respondemos à revista: o
ex-presidente faz palestras e não lobby ou consultoria.
A revista Época colocou todas as respostas das pessoas e
entidades citadas nas suas ilações no fim da matéria, que não está disponível
na internet. Por isso vale ressaltar trecho da resposta enviada pelo Instituto
Lula:
"No caso de atividades profissionais, palestras
promovidas por empresas nacionais ou estrangeiras, o ex-presidente é
remunerado, como outros ex-presidentes que fazem palestras. O ex-presidente já
fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores
- tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações - e de diversos
países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e
Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se
responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem. O ex-presidente faz
palestras, e não presta serviço de consultoria ou de qualquer outro tipo."
Os jornalistas Thiago Bronzatto e Felipe Coutinho, que
assinam o texto, chamam Lula de "lobista em chefe". A
expressão, além de caluniosa, não condiz com a verdade, e revela o preconceito
e a ignorância dos jornalistas de Época em relação ao papel de um ex-presidente
na defesa dos interesses de seu país.
O que Lula fez, na Presidência e fora dela, foi promover o
Brasil e suas empresas. Nenhum presidente da história do país liderou tantas
missões de empresários ao exterior, no esforço de internacionalizar nossas
empresas e aumentar nossas exportações.
Terceira mentira – sobre as viagens de Lula
A “reportagem” de Época não tem sustentação factual. A
revista afirma que nos últimos quatro anos Lula teria viajado constantemente
para "cuidar dos seus negócios”. E continua: “Os destinos foram
basicamente os mesmos - de Cuba a Gana, passando por Angola e República
Dominicana."
Vamos deixar bem claro: o ex-presidente não tem nenhum
negócio no exterior. E, ao dizer “a maioria das andanças de Lula foi bancada
pela construtora Odebrecht”, mente novamente a revista. Não é verdade que a maioria
das viagens do ex-presidente foi paga pela Odebrecht. Repetimos trecho da nota
enviada para a revista: “O ex-presidente já fez palestras para empresas
nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores - tecnologia, financeiro,
autopeças, consumo, comunicações - e de diversos países como Estados Unidos,
México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como
é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de
deslocamento e hospedagem.”
Mesmo sem ter obrigação nenhuma de fazê-lo, as viagens do
ex-presidente estão documentadas no site do Instituto Lula e as suas viagens ao
exterior foram informadas à imprensa.
De novo, diferente do que diz a revista, depois que deixou a
Presidência, Lula viajou para muitos países, e o mais visitado foi os Estados
Unidos da América (6 viagens), onde entre outras atividades recebeu o prêmio da
World Food Prize (http://www.institutolula.org/lula-recebe-nos-eua-premio-por-trabalho-de-combate-a-fome),
pelos seus esforços de combate à fome, em outubro de 2011, e do International
Crisis Group, em abril de 2013, por ter impulsionado o Brasil em uma nova
era econômica e política (http://www.institutolula.org/lula-recebe-premio-em-nova-york-por-impulsionar-o-pais-a-nova-era-economica-e-politica).
Nos EUA encontrou-se ainda, por duas vezes, com o
ex-presidente Bill Clinton --que também tem o seu instituto e também faz
palestras.
Dois países empatam no segundo lugar de mais visitados por
Lula após a presidência: o México e a Espanha (5 visitas cada um). No México,
além de proferir palestras para empresas do país, Lula recebeu o prêmio Amalia
Solórzano, em outubro de 2011 (http://www.institutolula.org/lula-recebe-no-mexico-o-premio-amalia-solorzano)
e lançou, junto com o presidente Peña Nieto, a convite do governo mexicano, um
programa contra a fome inspirado na experiência brasileira: http://www.institutolula.org/lula-no-mexico-eu-vim-aqui-dar-um-testemunho-e-possivel-acabar-com-a-fome-do-mundo .
Na Espanha, Lula recebeu os prêmios da cidade de Cádiz (http://www.institutolula.org/cidade-espanhola-de-cadiz-premia-lula-por-combate-a-pobreza),
o prêmio internacional da Catalunha (http://www.institutolula.org/lula-recebe-24o-premio-internacional-Catalunha),
e o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Salamanca (http://www.institutolula.org/lula-recebe-titulo-de-doutor-honoris-causa-da-universidade-de-salamanca-na-espanha).
Os leitores que eventualmente confiem na Época como sua
única fonte de informação, não só não foram informados desses prêmios, como
foram mal informados sobre as atividades do ex-presidente no exterior.
Sobre os países citados pela revista, Lula esteve, desde que
saiu da presidência, três vezes em Cuba, duas em Angola, e somente uma vez em
Gana e na República Dominicana, os dois países mais citados na matéria.
A revista diz serem “questionáveis” moralmente as atividades
de Lula como ex-presidente. Em primeiro lugar, como demonstrado acima, a
revista está mal informada ou informando mal sobre tais atividades
(provavelmente os dois). Por exemplo, a revista acha moralmente questionável
organizar, na Etiópia, um Fórum pela Erradicação da Fome na África, junto com a
FAO e a União Africana (http://www.institutolula.org/e-preciso-investir-nos-pobres-para-acabar-com-a-fome-disse-lula-a-uma-plateia-de-15-chefes-de-estado-africanos)?
Esse evento não foi noticiado pela Época, nem pela Veja. Mas foi noticiado pelo
jornal britânico The Guardian (em inglês - http://www.theguardian.com/global-development/2013/jul/01/africa-brazil-hunger-lula).
Ou em Angola, país citado pela Época, a revista acha moralmente
questionável fazer uma grande conferência, (http://www.institutolula.org/lula-em-angola-e-possivel-para-qualquer-pais-acabar-com-a-fome)
para mais de mil representantes do governo, do congresso, de partidos políticos
e de ONGs, além de acadêmicos e jornalistas angolanos, reunidos para ouvir
sobre as políticas públicas de Angola e do Brasil para reduzir a pobreza e
promover o desenvolvimento econômico?
Ou em Gana participar de um evento organizado pela ONU,
lotado e acompanhado pela mídia local, novamente sobre combate à fome (http://www.institutolula.org/e-plenamente-possivel-garantir-que-todo-ser-humano-possa-comer-tres-vezes-ao-dia-diz-lula-em-gana)?
Parafraseando a revista, moralmente, o jornalismo de Época,
que mente para seus leitores desde a capa da revista, é questionável. Mas será
que à luz das leis brasileiras, há possibilidade de ser objeto de ação
judicial?
Quarta mentira – sobre a visita de Luiz Dulci à República
Dominicana
A revista Época constrói teorias malucas não só sobre as
viagens do ex-presidente, mas questiona e faz ilações também sobre a visita do
ex-ministro e diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, à República Dominicana em
novembro de 2014. A revista foi informada, e publicou que o ex-ministro viajou
ao país para fazer uma conferência, mas não que era sobre as políticas sociais
brasileiras. Deu entrevistas à imprensa local e foi convidado pelo presidente
Medina para uma conversa sobre as políticas sociais brasileiras, das quais o
presidente dominicano é um admirador. A revista registrou apenas como “versão”
que Dulci foi convidado pelo Senado do país. Todos os documentos do convite e
da viagem estão disponíveis para quem quiser consultá-los. O que a
revista não fez antes de se espantar com o interesse no exterior sobre os
êxitos do governo Lula.
Quinta mentira – a criminalização da atividade
diplomática do Brasil em Gana
Época relaciona como denúncia “dentro de um padrão”, um
comunicado diplomático feito pela embaixada brasileira no país um ano antes de
Lula visitar Gana, enviado em 30 de março de 2012. Lula esteve em Gana apenas
um ano depois de tal comunicado, em março de 2013. É importante lembrar aos
jornalistas “investigativos” da Época, que em março de 2012, Lula estava se
recuperando do tratamento feito contra o câncer na laringe, que havia sido
encerrado no mês anterior.
Quanto ao telegrama de Irene Gala, embaixadora do Brasil em
Gana, a resposta do Itamaraty colocada no fim do texto da Época, malandramente
longe da ilação contra a diplomata, é cristalina sobre não haver qualquer
irregularidade nele: “O Itamaraty tem, entre as suas atribuições, a atuação em
favor de empresas brasileiras no exterior. Nesse contexto, a realização de
gestões com vistas à realização de um investimento não constitui
irregularidade.”
É lamentável que o grau de parcialidade de certas
publicações tenha chegado ao ponto de tentar difamar funcionários públicos de
carreira por simplesmente fazerem o que é parte de suas atribuições
profissionais. Seria como criticar uma embaixada brasileira por dar apoio a um
jornalista da Época, uma empresa privada, quando o mesmo estivesse em visita a
um país.
Sexta mentira – a criminalização do financiamento à
exportação de serviços pelo Brasil
A revista criminaliza e partidariza a questão do
financiamento pelo BNDES de empresas brasileiras na exportação de serviços. É
importante notar que esse financiamento começou antes de 2003, ou seja, antes
do governo do ex-presidente Lula.
Sobre o tema, se pronunciou o BNDES em comunicado (https://www.facebook.com/bndes.imprensa),
e também a Odebrecht (http://odebrecht.com/pt-br/comunicacao/releases/nota-de-esclarecimento-01052015).
A questão foi analisada em textos de Marcelo Zero (http://www.pt.org.br/ignorancia-ou-ma-fe-amparam-desinformacao-do-mp-publicada-pela-epoca/)
e Luís Nassif (http://jornalggn.com.br/noticia/na-epoca-o-alto-custo-da-politizacao-do-ministerio-publico-federal),
que lembrou que a publicação irmã de Época, Época Negócios, exaltou a internacionalização
das empresas brasileiras em outubro de 2014.
Sétima e maior mentira – o “método jornalístico” de Época
Bolsas de estudo pomposas nos Estados Unidos pagas por
institutos conservadores (http://www.institutomillenium.org.br/blog/instituto-ling-concede-mais-27-bolsas-de-estudos-exterior/)
valem pouco se o jornalismo é praticado de maneira açodada, com má vontade e
parcialidade, de uma forma mentirosa.
Não é a primeira vez que o Instituto Lula, ou outras pessoas
e entidades tem contato com o método “Época” de jornalismo (que não é também
exclusivo desta revista). Resumindo de forma rudimentar, o método constitui na
criação de narrativas associando fatos, supostos fatos ou parte de fatos que
não têm relação entre si, e que são colados pelo jornalista, construindo
teorias sem checar com as fontes se a realidade difere da sua fantasia.
Poucas horas antes do fechamento, quando pelos prazos de
produção jornalística provavelmente a matéria já está com as páginas reservadas
na revista, capa escolhida e infográficos feitos, o repórter entra em contato,
por e-mail, com as pessoas citadas na matéria. Em geral sem contar sobre o que
realmente o texto se trata (Época não perguntou ou mencionou a iniciativa do
Ministério Público). Não há interesse real em verificar se as acusações, em
geral muito pesadas, se sustentam e justificam o espaço dado ao assunto ou o
enfoque do texto.
Mesmo que a tese do jornalista não se comprove, a matéria
não será revista e será publicada. Na “melhor” das hipóteses, as
respostas das pessoas e entidades envolvidas serão contempladas ao final da
matéria, e este trecho não será disponibilizado online (e muitas vezes não é
visto com cuidado por jornalistas de outros veículos que dão a “repercussão” do
fato). É feito assim, primeiro porque a revista não teria nenhuma matéria para
colocar no lugar, e segundo porque isso poderia afetar o impacto político, bem como
a repercussão em outros órgãos de imprensa e nas mídias sociais.
Foi exatamente isso que a Época fez. Contatou o Instituto
Lula, a partir de Brasília, três horas antes do fechamento. Haviam duas opções:
falar por telefone ou por e-mail. O presidente do Instituto Lula, Paulo
Okamotto, para registrar inclusive as perguntas e respostas à revista, optou
por responder por e-mail, lamentando que não houve a possibilidade de
esclarecer as dúvidas da revista pessoalmente (http://www.institutolula.org/resposta-do-instituto-lula-a-revista-epoca).
É importante registrar que Época ou não ouviu, ou não
registrou o outro lado de todos os citados na matéria. Cita e publica fotos de
dois chefes de Estado estrangeiros, John Dramani Mahama, de Gana, e Danilo
Medina, da República Dominicana, ambos eleitos democraticamente e
representantes de seus respectivos países. E não os ouve, nem suas embaixadas
no Brasil.
Mais absurdo ainda porque, em tese, a revista Época deveria
seguir os “Princípios Editoriais do Grupo Globo”, do qual faz parte, e que
foram anunciados para milhões de brasileiros, no Jornal Nacional (http://g1.globo.com/principios-editoriais-do-grupo-globo.html).
Como a revista não parece respeitar o jornalismo,
diplomatas, chefes de estado dominicanos ou ganenses, ou ex-ministros e
ex-chefes de estado brasileiros, melhor lembrar a recomendação de um
norte-americano, Joseph Pulitzer, sobre os danos sociais da má prática
jornalística. “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária e demagógica
formará um público tão vil quanto ela mesma.”
Assessoria de
Imprensa
Instituto Lula
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/
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