Forte presença brasileira faz real virar moeda corrente em Buenos Aires
Na capital argentina, é possível comer, assistir aos espetáculos e comprar lembranças com a moeda brasileira
A forte presença de turistas brasileiros na Argentina transformou o real em moeda corrente nos principais pontos turísticos do país e especialmente na capital, Buenos Aires. Empresas de táxi, lojas no aeroporto internacional de Ezeiza, restaurantes, cafés, lojas de produtos de beleza, camelôs e casas de tango são alguns que aceitam a moeda brasileira.
É possível comer, assistir aos espetáculos e comprar lembrancinhas com reais no bolso. Cada comerciante oferece a sua própria cotação, que pode variar entre 2,40 a 2,50 pesos por real - preço semelhante ao das casas de câmbio.
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As amigas entraram na loja Dodo, uma rede de produtos de beleza, no calçadão da rua Florida, onde se lia um pequeno aviso na vitrine: "Aceitamos reais". Na loja, as vendedoras María Joana, de 23 anos, e Juliana Martins, de 24 anos, disseram que a presença de clientes brasileiros é crescente. "Trabalho aqui há três anos, mas só recentemente a loja passou a aceitar reais. É que são tantos brasileiros que assim as vendas ficaram ainda mais fáceis", disse María Joana.
Segundo dados do governo da cidade de Buenos Aires, os brasileiros lideraram o ranking de turistas que chegaram à cidade em 2010 e nos primeiros quatro meses deste ano. Nas casas de câmbio da turística rua Florida é comum ver filas de comerciantes trocando reais por dólares ou pesos. Em algumas lojas vê-se um aviso na entrada: "Neste estabelecimento falamos português".
Foto: Márcia Carmo / BBC Brasil
Santiago Bustamante, gerente do restaurante Chiquilín, no centro de Buenos Aires
O artesão Darío Ruben, de 31 anos, disse que está até poupando em reais para viajar de férias com a mulher para o Rio de Janeiro. "Só aceito real, euro, dólar e peso argentino. Neste ano já poupei R$ 1,4 mil com o que recebi dos brasileiros", disse.
A estudante mineira Thaissa Fernandes, de 22 anos, oferece shows de tangos para brasileiros a partir de R$ 120. O pagamento também é feito na moeda brasileira. Promotora da agência Magic Travel, na mesma rua Florida, ela ergue um cartaz oferecendo shows e city tours. "Eu ganho comissão, mas graças a esta imensa presença de brasileiros ganho muito mais aqui do que ganhava no Brasil. Aqui ganho 4 mil pesos por mês e em Minas, como estagiária, recebia 300 reais", disse.
As amigas paulistas Ângela Toniello, Regina Marques e Neide Granja, aposentadas, contaram que pagaram, com reais, quase todas as compras no shopping Galerias Pacifico, em Buenos Aires. "Estou vindo de Ushuaia e de El Calafate, na Patagônia, e lá também aceitaram meus reais", contou Ângela. No aeroporto de Ezeiza, pelo menos uma das empresas de táxis, a Vip Car, aceita pagamento em reais. Entre os cafés e restaurantes, a lista é ampla.
Casos, por exemplo, dos restaurantes La Dorita, nos bairros da Recoleta e Palermo, e Chiquilín, no centro. "O real está valorizado e muitos turistas brasileiros chegam aqui com a moeda no bolso. Então, pra gente vale a pena. Depois, trocamos ou guardamos", disse Santiago Bustamante, gerente do Chiquilín.
Mas fora do circuito turístico a moeda brasileira não tem aceitação. Os paulistas Vinícius Martins e Dagmar Pedroso, de 31, disseram que nada puderam comprar com reais no bairro do Onze, conhecido por ampla concentração de lojas e preços no atacado.
A cabeleirera María Romero, dona do salão Estúdio Recoleta, disse que recebe dezenas de clientes brasileiros por semana. Ela não aceita reais."Mas mesmo assim muitos fazem cabelos e unhas e, principalmente, compram xampú. E pagam com dólares", disse.
http://economia.ig.com.br/forte+presenca+brasileira+faz+real+virar+moeda+corrente+em+buenos+aires/n1596974565631.html
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