terça-feira, 3 de abril de 2012

O Brasil e a vaga permante no Conselho de Segurança da ONU 03/04/2012


 Autor: Defensor, especial para o Plano Brasil
Qual seria realmente o forte argumento a ser utilizado pelo Brasil para disputar uma vaga permanente com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU? A sexta economia do mundo? A alemanha e o Japão também  não possuem essa prerrogativa embora busquem a vaga juntamente com o Brasil. Os países com vaga permanente e poder de veto são: Estados Unidos da América, Rússia, Reino Unido, França e a China, todos países reconhecidos como Potências. Analisemos o que diz o Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre duas de suas funções e atribuições:
 De acordo com a Carta da ONU, as principais funções e atribuições do Conselho de Segurança são:
- Manter a paz e a segurança internacionais de acordo com os princípios e propósitos das Nações Unidas;
 -Decidir sobre ações militares contra agressores;
 (Fonte: http://www.brasil-cs-onu.com/)
Logo, aspirando uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil anseia uma posição global que tem por obrigação “MANTER A PAZ E DA SEGURANÇA INTERNACIONAL” e o poder de “DECIDIR SOBRE AÇÕES MILITARES“. Não tem como não relacionar, automaticamente, estas obrigações à posse de um grande poderio militar, em que o país possa se impor perante suas decisões.
Recentemente (2012) o Diplomata Americano, Richard Haass, do ‘Council on Foreign Relations’ dos EUA, visitou o Brasil e concedeu uma estrevista ao Jornal Folha/UOL. Nesta estrevista a jornalista Cláudia Antunes fez a seguinte pergunta:
-FOLHA – O subsecretário de Estado William Burns descreveu o Brasil como uma “potência global emergente”. Usaria a mesma descrição?
-HAASS - A resposta curta é sim. A palavra emergente é difícil. Em alguma medida, o Brasil já chegou lá. Economicamente, o Brasil já é uma potência mundial. Diplomaticamente, tem assumido um papel maior. Militarmente, ainda é modesto, e tem que decidir que tipo de capacidade o país quer, que papel quer desempenhar.
 Em uma recente visita de politicos suécos (2012), estes fizeram o seguinte questionamento:
 “Afinal, o que quer o Brasil? Qual é o objetivo do Brasil na arena global?”
 Disse ter conhecimento do potencial do país e da atual fase de crescimento.
“Mas não está claro para mim por que a Suécia deveria dar apoio ao Brasil no plano internacional. O Brasil quer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Mas para quê? Vejo o Brasil como um país que parece querer ser amigo de todos internacionalmente. Quando você é amigo de todos, não consegue o respeito nem o apoio necessário.”
Relação entre Pólos de Poder e Grande Potência, segundo Wikipédia:
 “Não existe consenso sobre quais modalidades de poder são as mais importantes para definir uma grande potência ou uma potência regional, embora exista um relativo consenso de que o poder militar, o poder econômico e o poder político, são determinantes para qualquer classificação.” (Wikipédia )
Fazendo uma breve análise sobre o que é preciso para se ter uma influência global, um país necessita ter decisões firmes, que logicamente vêm asseguradas por um notável poderio militar. Como bem sabemos o Brasil não é possuidor de um poderio bélico que se faça ser respeitado e o objetivo em suas relações internacionais é de ser visto como o país “politicamente correto”, visando o bom relacionamento com todos os demais. Como já dizia o velho ditado: “Todo bonzinho morre coitadinho”.
 Abaixo temos uma tabela com alguns dados gerais e militares sobre os cinco países com a vaga permanente, o Brasil (aspirante à vaga permanente), China (segunda economia do mundo) e Índia:
Fontes: (http://www.globalfirepower.com/ em 01/04/2012) e FMI(www.imf.org/ em 02/04/2012)
Os dados destacados em vermelho são considerados relativamente importantes para se executar uma comparação sobre o poderio militar do Brasil, das Nações com vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e de duas outras grandes economias mundiais. Muitos poderão dizer que não há como comparar o Brasil com os E.U.A. Justamente, não podemos comparar, pois o que o Brasil deve fazer daqui pra frente, já foi feito por eles há anos. Uma análise rápida da tabela mostra que o Brasil:
- possui a menor quantidade de militares por km²;
- não investe o que deveria em suas Forças Armadas, se analisarmos o percentual (%) do PIB investido em realação aos demais países; deve-se levar em conta que a China possui o segundo maior orçamento militar do mundo, com 100 bilhões de dólares por ano, e a Índia está adquirindo 126 caças para sua Força Aérea.
- com somente 371.000 militares, tem investimento por militar maior apenas que Rússia (1.200.000 militares), China (2.285.000 militares) e Índia (1.325.000 militares);
- tem uma quantidade irrisória de aviões por km², lembrando que os caças F-5 da FAB tem projeção de vida para até 2015 e mais da metade não sai do chão, e a aquisição dos novos caças nos projeto FX-2 se arrasta há mais de 10 anos, para compra de míseros 36 aviões;
- possui a menor quantidade de helicópteros entre os 7 países,  e ficando próximo à Rússia em helicópteros por km², que possui uma área duas vezes maior;
- possui uma quantidade 11 vezes menor de carros de combate por km² do que a França, que é a que menos possui carros de combate;
- possui mais navios por km litorâneo que a Rússia e o Reino Unido, os quais têm, respectivamente, uma linha costeira cinco vezes maior  e uma vez e meia maior que a do Brasil, sendo que a Rússia possui 48 submarinos (alguns com capacidade de lançar mísseis intercontinentais com ogivas nucleares) e um porta aviões (que diferente do Brasil, possui aeronaves funcionando), e o Reino Unido possui 11 submarinos e 01 porta aviões;
- possui a menor quantidade de submarinos, e todos diesel-elétricos;
- possui um porta-aviões, sendo que nenhum dos 14 aviões está em condições de vôo, anulando assim seu emprego; (vale ressaltar que um porta-aviões costuma possuir normalmente acima de 40 aeronaves)
- não possui armamento nuclear (posse de armamento nuclear é apenas para conhecimento, não devendo ser levado em conta sua posse, pois como sabemos, o desenvolvimento deste armamento hoje trás mais incômodos do que projeção militar propriamente dita, isso sem deixar de lembrar que o Brasil é signatário do TNP – Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares).
Observamos então que o Brasil não possua uma projeção global a ponto de exigir uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, devido ao fato de não possuir um poderio militar condizente com as nações que o integram, nem com outros grandes atores Globais como  a Índia. Ao contrário do que deveria ser feito, nosso governo trata suas Forças Armadas com descaso, ignorando um dos grandes ‘quesitos’ para ser merecedor da tão sonhada vaga no Conselho de Segurança. Sugiro então que utilizemos outros argumentos. Que tal afirmar que somos o país do futebol? O país do carnaval? Da caipirinha? Sugiro que esperemos sentados.

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