sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Europa deve ter PIB fraco por dez anos" 18.05.12



O ex-diretor do Banco Central e atual vice-presidente do Itaú-Unibanco, Sérgio Werlang, afirmou em entrevista exclusiva à Agência Estado não acreditar que vai ocorrer um choque de crédito na Europa caso a Grécia deixe a zona do Euro. "Nem os gregos sabem se vão permanecer ou sair da zona do euro", comentou Werlang, pois o tema divide a opinião pública daquele país. "Mas caso a Grécia deixe o euro, os desdobramentos desse fato devem ser menos intensos, porém serão sentidos por um prazo prolongado, de alguns meses", disse. Para Werlang, na hipótese da Grécia abandonar o euro como moeda as autoridades do continente vão atuar para tomar medidas vigorosas a fim de proteger as economias de outros países da região do contágio e que já adotaram medidas de austeridade e que apresentam melhorias em seus resultados fiscais. "O caso da Itália, por exemplo, é impressionante, pois já registra superávit primário", destacou.De qualquer forma o economista vê a crise da Europa se prolongando por um bom tempo. "A crise na Europa é profunda e deve fazer com que a região tenha um fraco crescimento entre 0% e 1% por dez anos, a partir de 2009", disse Werlang. Na sua opinião, um dos principais antídotos que o continente pode adotar para melhorar a recuperação do nível de atividade é o estímulo monetário, apesar de reconhecer que foram muito importantes as duas operações de empréstimos do Banco Central Europeu de longo prazo para bancos privados, que representaram 1 trilhão de euros de financiamentos. "O presidente do BCE, Mário Draghi, fez o milagre de evitar a insolvência soberana na zona do Euro", destacou.Apesar da avaliação mais temerosa sobre o destino da Europa no longo prazo, Sergio Werlang mostra mais otimismo para outros dois polos fundamentais da economia mundial, os EUA e a China. Segundo ele, o país asiático está em pleno pouso suave, mas deve registrar um incremento do PIB de 7,5% a 8% entre 2012 e 2013. Para o nível de atividade norte-americano, ele espera uma expansão moderada nesse período, com expectativa de que deve crescer entre 2,5% e 3%. "Quanto ao Brasil, acredito que tem condições plenas de crescer a média de 4% nos próximos anos, com a inflação sob controle", disse.Seu comentário é um contraponto à opinião do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles que disse, ontem à noite, que o País deve crescer ao redor de 3% nos próximos anos. "O Brasil tem um mercado interno muito grande, o que permite um bom nível de expansão do PIB por um horizonte longo, mesmo com a crise externa, que está confirmando seus efeitos sobre o País em termos próximos ao cenário traçado pelo Banco Central em agosto", disse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário