O
ex-diretor do Banco Central e atual vice-presidente do Itaú-Unibanco,
Sérgio Werlang, afirmou em entrevista exclusiva à Agência Estado não
acreditar que vai ocorrer um choque de crédito na Europa caso a Grécia
deixe a zona do Euro. "Nem os gregos sabem se vão permanecer ou sair da
zona do euro", comentou Werlang, pois o tema divide a opinião pública
daquele país. "Mas caso a Grécia deixe o euro, os desdobramentos desse
fato devem ser menos intensos, porém serão sentidos por um prazo
prolongado, de alguns meses", disse.
Para Werlang, na hipótese da Grécia abandonar o euro como moeda as
autoridades do continente vão atuar para tomar medidas vigorosas a fim
de proteger as economias de outros países da região do contágio e que já
adotaram medidas de austeridade e que apresentam melhorias em seus
resultados fiscais. "O caso da Itália, por exemplo, é impressionante,
pois já registra superávit primário", destacou.De
qualquer forma o economista vê a crise da Europa se prolongando por um
bom tempo. "A crise na Europa é profunda e deve fazer com que a região
tenha um fraco crescimento entre 0% e 1% por dez anos, a partir de
2009", disse Werlang. Na sua opinião, um dos principais antídotos que o
continente pode adotar para melhorar a recuperação do nível de atividade
é o estímulo monetário, apesar de reconhecer que foram muito
importantes as duas operações de empréstimos do Banco Central Europeu de
longo prazo para bancos privados, que representaram 1 trilhão de euros
de financiamentos. "O presidente do BCE, Mário Draghi, fez o milagre de
evitar a insolvência soberana na zona do Euro", destacou.Apesar da
avaliação mais temerosa sobre o destino da Europa no longo prazo, Sergio
Werlang mostra mais otimismo para outros dois polos fundamentais da
economia mundial, os EUA e a China. Segundo ele, o país asiático está em
pleno pouso suave, mas deve registrar um incremento do PIB de 7,5% a 8%
entre 2012 e 2013. Para o nível de atividade norte-americano, ele
espera uma expansão moderada nesse período, com expectativa de que deve
crescer entre 2,5% e 3%. "Quanto ao Brasil, acredito que tem condições
plenas de crescer a média de 4% nos próximos anos, com a inflação sob
controle", disse.Seu comentário é um contraponto à opinião do ex-presidente
do Banco Central Henrique Meirelles que disse, ontem à noite, que o
País deve crescer ao redor de 3% nos próximos anos. "O Brasil tem um
mercado interno muito grande, o que permite um bom nível de expansão do
PIB por um horizonte longo, mesmo com a crise externa, que está
confirmando seus efeitos sobre o País em termos próximos ao cenário
traçado pelo Banco Central em agosto", disse.
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