quinta-feira, 24 de maio de 2012

BB sofre com plano de comprar o Santander 24/05/2012

BB sofre com plano de comprar o Santander Foto: Montagem/247

Ações do banco estatal caíram 4,20% ontem, em razão dos rumores de que estaria comprador de 49% da instituição espanhola no Brasil; foi preciso a presidente Dilma mandar avisar que não quer que o negócio seja feito; isso vai ser suficiente para acalmar o mercado hoje?



247 – O mercado financeiro é implacável. E a quarta-feira 23 foi um dia em que o maior banco do País, o Banco do Brasil, experimentou uma forte dose dessa verdade. Depois de perderem até 8% ao longo do dia, os papéis da instituição fecharam em baixa de 4,20%, enquanto um de seus concorrentes privados, o Banco Santander, de matriz espanhola, chegou a estar subindo 3% para encerrar o dia ainda no azul, com melhoria de 0,67%.
A comparação faz sentido à medida em que os dois bancos foram envolvidos, ontem, por rumores de que o primeiro estaria comprando 49% das operações do segundo. Um negócio de aproximadamente R$ 30 bilhões. Dele ainda faria parte o Banco Votorantim, hoje com preço de mercado estimado em R$ 6 bilhões e seguidos prejuízos em seus balanços. Pelo plano que parcialmente veio a público, o BB se tornaria sócio da instituição de Emilio Botín também como forma de dar um salto para a frente e diluir as perdas sofridas com a compra do Votorantim. Nesse caso, um forte sócio privado, o próprio Botín, estaria entrando para a convivência do círculo de comando do Banco do Brasil. Como se sabe, ele tem potencial para, até mesmo, se tornar majoritário no futuro, o que consumaria a sempre polêmica hipótese de privatização da instituição nacional. Isso não está na pauta hoje, mas, numa mudança de governo, tornaria desde já politicamente mais fácil para o novo governante fazer a mudança no controle acionário.
Todas essas conjecturas passaram pela cabeça dos agentes do mercado, que agiram ontem, em suas ordens de venda de BB e compra de Santander, como se o negócio estivesse a um passo da concretização. Sobrou para o BB. Nesta quinta, os efeitos da aventada aquisição ainda devem produzir efeitos na oscilação dos papéis.
Além da perda no valor das ações do BB, o que ficou para o mercado foi a certeza de que a compra de 49% do Santander no Brasil estava sim sendo ensaiada pela diretoria da instituição estatal. Essa certeza se consolidou na forma pela qual o desmentido do negócio foi anunciado hoje, no  mesmo espaço em que a perspectiva da compra havia sido noticiada – a coluna da jornalista Sônia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo. Esse desmentido não veio na forma de uma negativa da direção do banco, mas pela informação de que a presidente Dilma Rousseff, pessoalmente, determinara a imediata dos planos e conversas naquela direção.
O episódio é exemplar a respeito do momento do governo.  A presidente Dilma, economista que chegou a frequentar as aulas de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas na Unicamp, está cada vez mais presente nas decisões referentes aos assuntos econômicos. De conselhos a líderes internacionais sobre a superação da crise financeira à luta contra os juros altos dentro das fronteiras do Brasil, a presidente tem procurado se posicionar , com ênfase, sobre todos os temas. Ela não conseguiria, neste momento de desenvoltura, ficar calada diante de um movimento que, conforme julgou o mercado, ao punir duramente as ações do Banco do Brasil e premiar os papéis do Santander, passou a uma primeira impressão de que seria muito ruim para o um e muito bom para o outro. Por mais que a instituição brasileira queira crescer, e apesar de toda a vontade dos espanhóis de venderem ativos para salvar as contas de sua matriz, o implacável mercado – e Dilma – mandaram avisar que não é por ai.

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