sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Messenger encontra sinais de gelo e compostos orgânicos em Mercúrio 30/11/2012

NASA anuncia sinais de gelo e compostos orgânicos em Mercúrio
As áreas claras no fundo das crateras de impacto podem representar até 100 quilômetros cúbicos de água congelada. [Imagem: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington]


Redação do Site Inovação Tecnológica

Gelo no forno
Utilizando dados da sonda espacial Messenger, cientistas da NASA anunciaram ter encontrado sinais de gelo de água e compostos orgânicos em Mercúrio.
Os dados foram apresentados em três artigos científicos publicados na revista Science.
Dada a sua proximidade do Sol, Mercúrio era um local improvável para conter gelo - sua temperatura varia de -170º C a 400º C.
Contudo, como a inclinação de seu eixo é menor do que 1 grau, há áreas em seus pólos que nunca recebem luz do Sol.
Dados de radar, obtidos nos anos 1990, já haviam detectado zonas brilhantes no pólo norte do planeta, o que é compatível com gelo porque o gelo reflete bem os sinais de radar, gerando pontos mais claros nas imagens.
Os dados mais precisos da Messenger indicam que o gelo, que está no fundo de crateras no pólo norte de Mercúrio, pode chegar a 100 quilômetros cúbicos de água congelada.
Claro, escuro e misterioso
O gelo parece estar exposto nas partes mais frias das crateras, mas a maior parte está enterrada sob um material excepcionalmente escuro. Nestas áreas, a temperatura na superfície é quente demais para a manutenção do gelo.
"Nós estimamos, com base em nossas medições de nêutrons, que o gelo de água está sob uma camada que tem muito menos hidrogênio. A camada superficial tem entre 10 e 20 centímetros de espessura," disse David Lawrence, membro da missão Messenger.
O segundo artigo discute a presença dos depósitos de materiais claros e escuros que se alternam de forma irregular.
"Ninguém tinha visto estas regiões escuras em Mercúrio antes, de forma que elas são sobretudo misteriosas," comentou Gregory Neumann, que coordenou este estudo.
São esses materiais escuros que dão sustentação à ideia de que há gelo soterrado nas crateras, fornecendo-lhe uma espécie de camada de isolamento térmico.
Possibilidades orgânicas
O terceiro artigo vai um pouco mais longe e sugere que esse material pode ter origem em cometas ou asteroides ricos em compostos voláteis que teriam caído no planeta e produzido as crateras de impacto agora analisadas.
"O material escuro pode ser uma mistura de compostos orgânicos complexos levados para Mercúrio pelo impacto de cometas e asteroides, os mesmos objetos que provavelmente forneceram água [para a Terra]," sugere David Paige, um dos autores da hipótese.
Bibliografia:

Evidence for Water Ice Near Mercury’s North Pole from MESSENGER Neutron Spectrometer Measurements
David J. Lawrence, William C. Feldman, John O. Goldsten, Sylvestre Maurice, Patrick N. Peplowski, Brian J. Anderson, David Bazell, Ralph L. McNutt Jr., Larry R. Nittler, Thomas H. Prettyman, Douglas J. Rodgers, Sean C. Solomon, Shoshana Z. Weider
Science
Vol.: ScienceXpress
DOI: 10.1126/science.1229953

Bright and Dark Polar Deposits on Mercury: Evidence for Surface Volatiles
Gregory A. Neumann, John F. Cavanaugh, Xiaoli Sun, Erwan M. Mazarico, David E. Smith, Maria T. Zuber, Dandan Mao, David A. Paige, Sean C. Solomon, Carolyn M. Ernst, Olivier S. Barnouin
Science
Vol.: ScienceXpress
DOI: 10.1126/science.1229764

Thermal Stability of Volatiles in the North Polar Region of Mercury
David A. Paige, Matthew A. Siegler, John K. Harmon, Gregory A. Neumann, Erwan M. Mazarico, David E. Smith, Maria T. Zuber, Ellen Harju, Mona L. Delitsky, Sean C. Solomon
Science
Vol.: ScienceXpress
DOI: 10.1126/science.1231106

Molécula de DNA é fotografada diretamente pela primeira vez 30/11/2012

Molécula de DNA é fotografada diretamente pela primeira vez
A estrutura do DNA foi descoberta usando cristalografia de raios X. Esta imagem foi gerada usando feixes de elétrons de um microscópio eletrônico. [Imagem: Gentile et al./Nano Letters]

Com informações da New Scientist

Diga "elétron"
Ela não tem a beleza das ilustrações coloridas da chamada "molécula da vida".
Mas esta é a primeira imagem de uma molécula de DNA capturada diretamente por um microscópio eletrônico.
Além do valor histórico da imagem, a técnica que permitiu sua obtenção ajudará os cientistas a estudar como as proteínas, o RNA e outras biomoléculas interagem com o DNA.
A estrutura do DNA foi descoberta usando cristalografia de raios X, que envolve a reflexão dos raios X nos átomos de fitas de DNA cristalizadas.
Contudo, a imagem gerada é um complicado padrão de pontos em um filme fotográfico, cuja interpretação exige cálculos matemáticos complexos, permitindo então deduzir a estrutura cristalina da molécula.
As novas imagens são muito mais naturais, já que são uma "fotografia" direta de uma molécula de DNA - a geração da imagem usou elétrons em vez de raios X.
Molécula de DNA posando para foto
Francesco Gentile e seus colegas da Universidade de Gênova, na Itália, depositaram a molécula de DNA sobre dois pilares de silício.
Molécula de DNA é fotografada diretamente pela primeira vez
"Corda" de DNA estendida entre dois nanopilares, sobre um furo que permite a passagem do feixe de elétrons para geração da imagem. [Imagem: Gentile et al./Nano Letters]
Para isso, eles desenvolveram um padrão de nanopilares que cria uma superfície fortemente hidrofóbica - que repele água.
Assim, a solução contendo as moléculas de DNA evapora-se rapidamente, deixando apenas as moléculas estendidas entre dois ou mais nanopilares, prontas para serem levadas ao microscópio eletrônico.
As imagens revelam a estrutura em formato de parafuso, permitindo ver com clareza a chamada "dupla hélice" da molécula de DNA.
União faz a resistência
Contudo, a "estrela" da foto não é uma molécula individual de DNA.
Trata-se de uma espécie de corda trançada, formada por seis moléculas enroladas ao redor de uma sétima, que funciona como núcleo.
Isso porque o feixe de elétrons disparado pelo microscópio é forte demais, e queimaria uma molécula de DNA individual.
Os cientistas afirmam que técnicas mais modernas, que permitam a captura de uma emissão menor de elétrons, permitirá no futuro o imageamento de uma molécula individual de DNA.
Bibliografia:

Direct Imaging of DNA Fibers: The Visage of Double Helix
Francesco Gentile, Manola Moretti, Tania Limongi, Andrea Falqui, Giovanni Bertoni, Alice Scarpellini, Stefania Santoriello, Luca Maragliano, Remo Proietti Zaccaria, Enzo di Fabrizio
NanoLetters
Vol.: Article ASAP
DOI: 10.1021/nl3039162

Dilma veta trecho da lei dos royalties do petróleo que altera contratos vigentes 30/111/2012


Presidenta também encaminhará medida provisória ao Congresso com mudanças na lei, na qual tentará resgatar repasse de 100% dos royalties futuros para a educação

iG São Paulo

A presidenta Dilma Rousseff  vetou nesta sexta-feira o artigo da nova lei dos royalties do petróleo que alterava a divisão das receitas provenientes dos campos atualmente em exploração. Além de alterar este item do projeto, Dilma anunciou que encaminhará uma medida provisória ao Congresso para resgatar o repasse de 100% dos royalties futuros para a educação, numa tentativa de reverter a derrota sofrida pelo governo na votação da proposta no Legislativo.
A decisão sobre a manutenção dos contratos vigentes já era esperada desde o meio desta semana e ocorre após a presidenta se posicionar em favor do uso "responsável" dos royalties. A decisão também atende às pressões conduzidas nas últimas semanas por Estados produtores, em especial Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Com o veto de Dilma, continuará valendo, nas áreas em que já há concessão, a regra atual para a exploração do petróleo. A mudança na distribuição dos recursos valerá somente para contratos futuros, o que inclui campos de exploração como o pré-sal.
Dilma convocou ministros para uma reunião no Palácio do Planalto e incumbiu a equipe de formalizar o anúncio do veto. Foram chamados os ministros da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; de Minas e Energia, Edison Lobão; das Relações Institucionais, Ideli Salvatti; e da Educação, Aloizio Mercadante.

Gleisi esclareceu que o governo procurou resguardar integralmente a distribuição dos recursos aprovada pelo Congresso, embora tenha optado por alterar as regras para sua aplicação. “O veto colocado ao artigo terceiro resguarda exatamente os contratos estabelecidos e também tem o objetivo de fazer a readequação, ou seja, a redistribuição dos percentuais dos royalties”, disse Gleisi. “A presidenta procurou conservar em sua maioria as deliberações do Congresso Nacional, garantindo contudo a distribuição de recursos para a educação brasileira.”
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acrescentou que Dilma procurou preservar o "patrimônio brasileiro", sem que isso signifique uma afronta ao Congresso Nacional. "Não há nenhum desapreço ao Congresso Nacional com esse veto." Segundo ele, a decisão da presidenta procurou evitar que a lei não interfira no "direito adquirido". "O que o governo agora faz é em complemento àquilo que nos veio do Poder Legislativo. A nosso ver, há uma inconstitucionalidade de alguns artigos, em especial o artigo terceiro ( que altera a regra para contratos em concessão )", emendou Lobão.
Como o veto à lei foi parcial, o governo poderá poderá fazer leilões por esse modelo já em 2013. Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o primeiro leilão de partilha será feito em novembro do próximo ano.
Educação
A proposta do governo federal de destinar a aplicação de royalties futuros na educação já havia sido derrubada no Congresso durante a tramitação do projeto. Mercadante comemorou a insistência do Planalto em levar o assunto a apreciação no Legislativo. De acordo com o ministro, 50% de todo o rendimento do Fundo Social, que receberá parte dos royalties, também será destinado para educação.
"Só a educação vai fazer com que o Brasil seja uma nação efetivamente desenvolvida. Se o petróleo e o pré-sal são o passaporte para a educação, não há futuro melhor do que investir na educação", disse o ministro.
*Com informações da Agência Estado

As UPPs e a produção artística nas favelas 30/11/2012


Por alfeu
Do Rio on Watch
Funk e FLUPP: O Futuro da Festa na Favela
“O galo já não canta mais no Cantagalo / A água não corre mais na Cachoerinha / … Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres…” De composição do também poeta Paulo César Pinheiro, estes versos fazem parte da música ‘Nomes de Favela’, típico samba que se canta com a boca cheia de vida e os olhos recheados de lágrimas.
A música de Pinheiro remete a um tempo em que fazer samba no Brasil estava associado a ficar de vadiagem; hoje, não há como negar, o senso comum estabelece que esse papel cabe ao funk e aos funkeiros, independente do teor que contenham as letras de suas composições. “A repressão é menos ao funk enquanto música do que a quem faz, população favelada de maioria negra. Toca em ambientes frequentados pela classe média, mas a questão é com os bailes funk. Não é à toa que o funk, por ser uma expressão dessas populações, será afetado”, analisa Adriana Facina, que concluiu seu pós-doutoramento pelo Museu Nacional/UFRJ com apresentação de trabalho sobre lazer e música popular no Rio de Janeiro, com ênfase no funk.A UPP Traz o Mercado
Mesmo com tanto interesse de especialistas pelo ato de “pesquisar com a favela“, no dizer de Adriana, a opção da cultura consumista é colocada pelo poder público como o principal atrativo, em oposição ao fomento na criação ou ampliação no acesso a políticas de incentivo do Estado nos ramos de educação e cultura.
Aliado a isso, e pensando na proximidade dos megaeventos esportivos (Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016), que a cada novo dia bate à nossa porta assinalando a contagem regressiva, os governos (municipal, estadual e federal), unidos sob a égide de uma inseparável aliança, enxergam um grande filão para o futuro das favelas.
No dizer das autoridades, “a retomada de territórios é muito importante para a cidade como um todo”. Com isso, a ocupação de favelas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) é o que Adriana Facina (autora do artigo que investiga o estigma social atrelado à juventude funkeira da favela), professora de História na UFF, chama de “um pacote para as comunidades”. Ao que ela acrescenta: ”A UPP é uma iniciativa ligada muito mais do que apenas à segurança pública, gerando especulação imobiliária, obtenção de serviços para telefonia e tevê, abertura de lojas e fonte de cultura.”
FLUPP e Produção Artística Local
Desde a implantação da UPP, tem aumentado o número de eventos organizados por entidades de fora das comunidades. Um desses eventos, resultante da mescla entre saberes populares, pesquisas acadêmicas e integração ao mercado, ocorreu entre os dias 7 e 11 de novembro, no Morro dos Prazeres.

Em sua primeira edição, a Festa Literária Internacional das UPPs (Flupp) transcorreu sem qualquer imposição por parte do comando da UPP – a Flupp não foi idealizada e organizada pela UPP (“a gente foi a favelas sem UPP, casos de Manguinhos e Vigário Geral, durante a preparação da Flupp Pensa, que resultou em um livro com 43 autores novatos”, lembra Écio Salles, também codiretor da Flupp) – e abriu o horizonte da Literatura em novas frentes no município e Região Metropolitana do Rio de Janeiro, habitualmente restritos a uma minoria de cariocas: brancos, ricos, letrados, com alto nível de escolaridade e em grande parte moradores da Zona Sul.
Segundo Júlio Ludemir, o segundo de quatro diretores da Flupp, uma outra concepção de cidade foi na que se debruçou a organização da Festa, com o intuito de expandir a cidade por meios pouco convencionais, embora com maiores chances de produzir resultados benéficos para mais pessoas: ”Fazer no Morro dos Prazeres teve uma razão especial: trata-se de uma favela na zona central. A gente queria evitar de fazer na Zona Sul (com aquele clima da mesmice praia-sol-praia); por outro lado, fazer numa comunidade distante, traria problemas de logística. A solução, então, é que fosse feita numa região que já tivesse alguma tradição cultural, caso de Santa Teresa, sem contar que o Prazeres tem uma vista em 360º do Rio de Janeiro. Aí, a gente incorporou à Flupp esse conceito de 360º. Ainda por cima, era simbólico fazer em um morro que tem esse nome”.
UPP Inibe Festas Comunitárias
Eliza na sacada do Morro dos Prazeres
Presidente da Associação de Moradores do Morro dos Prazeres há quatro anos, Eliza Rosa também já foi secretária e tesoureira da entidade. O último imbróglio provocado pela UPP do Prazeres começou e terminou no dia 17 de novembro, um sábado, para quando estava marcada a realização do Bonde da Nike.
Trata-se de um evento organizado pelos moradores, como o Bonde do Pio e o pagofunk, com entrada gratuita, e estava para acontecer na quadra de esportes da comunidade. Segura do compromisso firmado com o comando da UPP local e pela quantidade de convites que foi distribuída, Eliza tinha certeza de que o comparecimento seria em massa. De acordo com o previsto, seria, porque não ocorreu: “O capitão tinha me garantido a realização do Bonde da Nike, só que ele saiu para fazer um curso. O tenente que ficou no lugar dele, não quis liberar o evento. Mas eles acham que podem se encontrar a hora que bem entenderem, nesse espaço que é dos moradores. Já estou vendo o dia em que os policiais da UPP quiserem usar a nossa quadra, e nós não deixaremos que se reúnam”.
Por isso, quando se trata de favela, a relação de quem mora no local com os agentes do poder público costuma expor mais espinhos do que flores. Devido à repetida intransigência do poder policial, a verdade é que, atualmente, moradores de favelas com UPP correm o risco de que a decisão sobre a realização de certos eventos caiba exclusivamente à Polícia Militar (PMERJ).
De festas de aniversário – recorrentes em qualquer parte da cidade – a bailes funk – típicos da favela e sua juventude -, se aprovada a Resolução 013, ficará nas mãos do comandante de cada UPP se haverá, ou não, determinado evento.
MC Leonardo
Tornado patrimônio cultural em setembro de 2009, o funk foi definido como “movimento cultural e musical de caráter popular”, segundo a  Lei 5.543, aprovada pela maioria dos deputados estaduais na Assembleia Legislativa (Alerj). E embora se tenha evitado que o funk fosse colocado à margem da legalidade, infelizmente ainda não foi possível, pela articulação entre alguns desses deputados e aApafunk, legitimar os bailes em todas as favelas com UPP: “O baile funk não é visto com bons olhos por boa parte dos comandantes, não só das UPPs, como de todos os batalhões do Rio de Janeiro. Os bailes foram parar dentro das favelas, não respeitando horário e volume, por conta da falta de políticas públicas”, relata MC Leonardo, cofundador e atual presidente da Apafunk.
Migrante brasiliense, Eliza vive no Morro dos Prazeres há 15 anos, e desde o primeiro ano se envolve com as rotineiras dificuldades que prejudicam a vida de quem mora no morro: ”Com a entrada da UPP, a expectativa era de que haveria melhoras. Infelizmente, até agora, nada. E nada é nada mesmo. A nossa água é feita através de manobra. Antes da UPP, tinha dois manobreiros, e com a “pacificação” eles nos tiraram um, ao mesmo tempo que a Cedae começou um projeto chamado “Água Para Todos”. São 19 manobras na comunidade, mas o funcionário tem que ter oito horas trabalhadas; o meu, se brincar, trabalha 24 horas, porque, às vezes, água boa só de madrugada. E ele recebe só um salário-mínimo. Agora, água para todos como?”
Até a próxima edição da Flupp, em 2013, que terá como sede a Vila Cruzeiro, a esperança reside na até agora deixada em suspenso realização de bailes e festas nos espaços públicos das favelas “pacificadas”. Porque enquanto houver qualquer tentativa de silenciar a favela, sempre haverá um funkeiro disposto a “voltar pra defende nossa bandeira“.

Castells vê “expansão do não-capitalismo” 30/11/2012

Do Outras Palavras

Culturas econômicas alternativas teriam sido reforçadas pela crise. Mas sociólogo adverte: sistema não entrará em colapso por si mesmo
Entrevista a Paul Mason | Tradução: Gabriela Leite | Imagem: Binho Ribeiro

O professor Manuel Castells é um dos sociólogos mais citados no mundo. Em 1990, quando os mais tecnologicamente integrados de nós ainda lutavam para conseguir conectar seus modens, o acadêmico espanhol já documentava o surgimento da Sociedade em Rede e estudava a interação entre o uso da internet, a contracultura, movimentos de protesto urbanos e a identidade pessoal.
Paul Mason, editor de notícias econômicas da rádio BBC, entrevistou o professor Castells na London School of Economics (Escola de Economia de Londres) sobre seu último livro, “Aftermath: The Cultures of Economic Crisis” (“Resultado: as Culturas da Crise Econômica”), ainda sem tradução para português.
Castells sugere que talvez estejamos prestes a ver o surgimento de um novo tipo de economia. Os novos estilos de viver dão sentido à existência, mas a mudança tem também um segundo motor: consumidores que não têm dinheiro para consumir.
São práticas econômicas não motivadas pelo lucro, tais como o escambo, as moedas sociais, as cooperativas, as redes de agricultura e de ajuda mútua, com serviços gratuitos – tudo isso já existe e está se expandindo ao redor do mundo, diz ele. Se as instituições políticas vão se abrir para as mudanças que acontecem na sociedade – é cedo para saber. Seguem trechos da conversa.

O que é surgimento de novas culturas econômicas?
Quando menciono essa Cultura Econômica Alternativa, é uma combinação de duas coisas. Várias pessoas têm feito isso já há algum tempo, porque não concordam com a falta de sentido em suas vidas. Agora, há algo mais — é a legião de consumidores que não podem consumir. Como não consomem — por não terem dinheiro, nem crédito, nem nada — tentam dar sentido a suas vidas fazendo alguma coisa diferente. Portanto, é por causa das necessidades e valores — as duas coisas juntas — que isso está se expandindo.

Você escreveu que as economias são culturais. Pode falar mais sobre isso?
Se queremos trabalhar para ganhar dinheiro, para consumir, é porque acreditamos que comprando um carro novo ou uma nova televisão, ou um apartamento melhor, seremos mais felizes. Isso é uma forma de cultura. As pessoas estão revertendo essa noção. Pelo contrário: o que é importante em suas vidas não pode ser comprado, na maioria dos casos. Mas elas não têm mais escolha porque já foram capturadas pelo sistema. O que acontece quando a máquina não funciona mais? As pessoas dizem “bem, eu sou mesmo burro. Estou o tempo todo correndo atrás de coisa nenhuma”.
Qual a importância dessa mudança cultural?
É fundamental, porque desencadeia uma crise de confiança nos dois maiores poderes do mundo: o sistema político e o financeiro. As pessoas não confiam mais no lugar onde depositam seu dinheiro, e não acreditam mais naqueles a quem delegam seu voto. É uma crise dramática de confiança – e se não há confiança, não há sociedade. O que nós não vamos ver é o colapso econômico per se, porque as sociedades não conseguem existir em um vácuo social. Se as instituições econômicas e financeiras não funcionam, as relações de poder produzem transformações favoráveis ao sistema financeiro, de forma que ele não entre em colapso. As pessoas é que entram em colapso em seu lugar.

A ideia é que os bancos vão ficar bem, nós não. Aí está a mudança cultural. E grande: uma completa descrença nas instituições políticas e financeiras. Algumas pessoas já começam a viver de modo diferente, conforme conseguem – ou porque desejam outras formas de vida, ou porque não têm escolha. Estou me referindo ao que observei em um dos meus últimos estudos sobre pessoas que decidiram não esperar pela revolução para começar a viver de outra maneira – o que resulta na expansão do que eu chamo de “práticas não-capitalistas”.

São práticas econômicas, mas que não são motivadas pelo lucro – redes de escambo, moedas sociais, cooperativas, autogestão, redes de agricultura, ajuda mútua, simplesmente pela vontade de estar junto, redes de serviços gratuitos para os outros, na expectativa de que outros também proverão você. Tudo isso existe e está se expandindo ao redor do mundo.

Na Catalunha, 97% das pessoas que você pesquisou estavam engajadas em atividades econômicas não-capitalistas.
Bem, estão entre 30-40 mil os que são engajados quase completamente em modos alternativos de vida. Eu distinguo pessoas que organizam a vida conscientemente através de valores alternativos de pessoas que têm vida normal, mas que têm costumes que podem ser vistos como diferentes, em muitos aspectos. Por exemplo, durante a crise, um terço das famílias de Barcelona emprestaram dinheiro, sem juros, para pessoas que não são de sua família.
O que é a Sociedade em Rede?
É uma sociedade em que as atividades principais nas quais as pessoas estão engajadas são organizadas fundamentalmente em rede, ao invés de em estruturas verticais. O que faz a diferença são as tecnologias de rede. Uma coisa é estar constantemente interagindo com pessoas na velocidade da luz, outra é simplesmente ter uma rede de amigos e pessoas. Existe todo tipo de rede, mas a conexão entre todas elas – sejam os mercados financeiros, a política, a cultura, a mídia, as comunicações etc –, é nova por causa das tecnologias digitais.

Então, nós vivemos numa Sociedade em Rede. Podemos deixar de viver nela?
Podemos regredir a uma sociedade pré-eletricidade? Seria a mesma coisa. Não, não podemos. Apesar de agora muitas pessoas estarem dizendo “por que não começamos de novo?” É um grande movimento, conhecido como “decrescimento”. Algumas pessoas querem tentar novas formas de organização comunitária etc.

No entanto, o interessante é que, para as pessoas se organizarem e debaterem e se mobilizarem pelo decrescimento e o comunitarismo, elas têm que usar a internet. Não vivemos numa cultura de realidade virtual, mas de real virtualidade, porque nossa virtualidade – significando as redes da internet – é parte fundamental da nossa realidade. Todos os estudos mostram que as pessoas que são mais sociáveis na internet são também mais sociáveis pessoalmente.

Existem diversos grupos que hoje protestam sobre o assunto A, amanhã sobre o assunto B, e à noite jogam World of Warcraft (jogo RPG online de aventura). Mas será que eles vão conseguir o que Castro e Guevara conquistaram?
O impacto nas instituições políticas é quase insignificante, porque elas são hoje impermeáveis a mudanças. Mas, se você olhar para o que está acontecendo em termos de consciência… há coisas que não existiam três anos, como o grande debate sobre a desigualdade social.

Em termos práticos, o sistema é muito mais forte do que os movimentos nascentes… você atinge a mente das pessoas por um processo de comunicação, e esse processo, hoje, acontece fundamentalmente pela internet e pelo debate. É um processo longo, que vai das mentes das pessoas às instituições da sociedade. Vamos usar um exemplo histórico: a partir do fim do século XIX, na Europa, existiam basicamente os Conservadores e os Liberais, direita e esquerda. Mas então alguma coisa aconteceu – a industrialização, os movimentos da classe trabalhadora, novas ideologias. Nada disso estava no sistema político. Depois de vinte ou trinta anos, vieram os socialistas e depois a divisão dos socialistas… e os liberais basicamente desapareceram. Isso mudará a política, mas não por meio de ações políticas organizadas da mesma maneira. Por quê? Porque as redes não necessitam de organizações hierárquicas.

Onde isso vai dar?
Tudo isso não vai virar uma grande coalizão eleitoral, não vai virar nenhum novo partido, nenhum novo coisa nenhuma. É simplesmente a sociedade contra o Estado e as instituições financeiras – mas não contra o capitalismo, aliás, contra insitituições financeiras, o que é diferente.

Com esse clima, acontece que nossas sociedades se tornarão cada vez mais ingovernáveis e, em consequência, poderá ocorrer todo tipo de fenômeno – alguns muito perigosos. Veremos muitas expressões de formas alternativas de política, que escaparão das correntes principais de instituições políticas tradicionais. E algumas, é claro, voltando ao passado e tentando construir uma comunidade primitiva e nacionalista para atacar todos os outros movimentos e, finalmente, conseguir ter uma sociedade excluída do mundo, que oprime seu próprio povo.

Mas acontece que, em qualquer processo de mudança social desorganizada e caótica, todos esses fenômenos coexistem. E o modo como atuam uns contra os outros vai depender, em última análise, de as instituições políticas abrirem suficientemente seus canais de participação para a energia de mudança que existe na sociedade. Então talvez elas possam superar a resistência das forças reacionárias que também estão presentes em todas as sociedades.

Milhares vão às ruas no Egito protestar contra rascunho de Constituição 30/11/2012


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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta sexta-feira no Egito protestar contra o rascunho da nova Constituição, que foi aprovado às pressas, durante a madrugada desta sexta-feira, pelos integrantes islâmicos da Assembleia Constituinte, aliados do presidente Mohamed Mursi.
O processo foi acelerado justamente para tentar colocar fim à crise aberta pela aprovação, há uma semana, de decretos que concederam superpoderes a Mursi, porque eximem qualquer decisão do presidente de exame por parte do Judiciário.
"O povo quer acabar com o regime", diziam nesta sexta os manifestantes reunidos na praça Tahrir, na capital Cairo. O endereço ganhou fama mundial ao sediar a série de protestos que culminou na deposição do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Houve protestos também nas regiões de Alexandria, do Canal de Suez e do Delta do Nilo.
Em discurso televisionado, Mursi afirmou, na noite de quinta, "não haver espaço para a ditadura" no Egito.
O presidente da Assembleia Constituinte, Hossam al Gheriyani, disse que o projeto será apresentado a Mursi neste sábado (1º, dia útil no Egito). Depois da sanção do mandatário, o rascunho será submetido a referendo popular, a ser convocado nos próximos 30 dias.
Os 234 artigos da Carta Magna egípcia foram aprovados por todos os 85 membros da Assembleia, composta praticamente apenas por integrantes do Partido Liberdade e Justiça, a agremiação a que Mursi é filiado e que pertence à Irmandade Muçulmana.
Semanas antes da votação, 26 integrantes da comissão, na maioria liberais e cristãos, renunciaram aos seus cargos em protesto contra a pressão do governo para incluir medidas de restrição a liberdades no texto. Eles foram substituídos por outros 11, em sua maioria islâmicos.
O rascunho é o primeiro a ser aprovado depois da ditadura de Hosni Mubarak (1981-2011) e inclui medidas pró-democracia, como o limite de oito anos de mandato para o presidente. No entanto, diminui direitos das mulheres e restringe algumas liberdades.

Brasil vai produzir o remédio Atazanavir, para tratar Aids 30/11/2012

Ministério da Saúde anuncia produção nacional do antirretroviral Atazanavir

DA AGÊNCIA BRASIL
Mais um remédio para tratamento de HIV/aids será feito no Brasil. O Ministério da Saúde anunciou hoje (30) o início da troca de tecnologia para produção nacional do antirretroviral Atazanavir. Assim, 11 dos 20 remédios oferecidos pelo sistema público de saúde serão fornecidos por laboratórios nacionais.
O medicamento faz parte do coquetel distribuído para 45 mil pessoas, cerca de 20% dos pacientes. Com a transferência de tecnologia, em 2017 o remédio será totalmente produzido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O acordo foi feito com a norte-americana Bristol-Meyers Squibb, dona da patente do Atazanavir. A previsão é de que a parceria resulte em economia de R$ 385 milhões em cinco anos. Até lá, o Brasil continuará comprando comprimidos da companhia.

PF combate tráfico internacional de drogas em 7 Estados 30/11/2012

Operação deve cumprir 22 mandatos de prisão e 60 de busca e apreensão; São Paulo e Rio estão na lista


Estadão.com.br


SÃO PAULO - A Polícia Federal realiza nesta sexta-feira, 30, uma operação para combater o tráfico internacional de drogas e a distribuição de entorpecentes por uma organização criminosa comercializados por facções como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil.  Chamada de 'Vera Cruz', ação deve cumprir 22 mandados de prisão e 60 de busca e apreensão em sete Estados do País: Paraná, Santa Catarina, Bahia, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo
As buscas acontecem depois de mais de dois anos de investigação e também contam com o apoio do Ministério Público Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai.
De acordo com a PF, a organização investigada é especializada no tráfico internacional de drogas, sobretudo crack e cocaína. Segundo as autoridades, o esquema contava com o transporte de entorpecentes do Paraguai para o País, com veículos de luxo.
Ao longo das investigações mais de uma tonelada de cocaína e de crack  foi aprendida, além de cerca de três toneladas de maconha. O patrimônio dos envolvidos foi bloqueado pela Justiça.
Distrito Federal. A Polícia Civil do Distrito Federal realizou a Operação de Combate ao Tráfico de Drogas em Brasília na quarta-feira, 28, e na quinta-feira, 29. Ao menos 18 pessoas foram presas em flagrante por tráfico de entorpecentes e outras quatro em cumprimento de mandados de prisão, uma delas acusada de estupro.
A ação mobilizou policiais das Seções de Repressão às Drogas de todas as delegacias circunscricionais, diz a Polícia Civil do Distrito Federal.
Porções de maconha, crack, cocaína e até um pé de maconha com 45 centímetros de altura foram apreendidos entre ontem e hoje. Os policiais também recolheram uma pistola calibre 380 milímetros, munições, uma balança de precisão, comprimidos de rohypnol e dinheiro proveniente da comercialização ilegal de drogas.
As pessoas autuadas por tráfico foram encaminhadas à carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e do presídio feminino.

Egito e Jordânia exaltam importância do reconhecimento da Palestina pela ONU 30/11/2012





Após a ONU ter reconhecido a Palestina como Estado observador na noite de ontem, Egito e Jordânia ressaltaram nesta sexta-feira a importância da comunidade internacional dar continuidade aos esforços para alcançar a paz entre palestinos e israelenses.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Mohammed Amre, considerou que o amplo apoio alcançado pela dita resolução reflete a crescente consciência da comunidade internacional na importância de seguir com os esforços para resolver a questão palestina.
Segundo Amre, esse objetivo depende diretamente do fim da ocupação israelense e do reconhecimento dos "direitos legítimos do povo palestino", sobretudo, o de ter um Estado independente soberano com as fronteiras de 1967, tendo Jerusalém como capital.
O ministro das Relações Exteriores do Egito destacou que o Egito está disposto a continuar defendendo a causa e o povo palestino.
Da Jordânia, o porta-voz do governo de Amã, Samih Mayta, qualificou a decisão da ONU como uma "conquista importante e estratégica no caminho do conflito árabe-israelense, a qual deveria ser empregada para mobilizar o mundo em apoio dos direitos legítimos do povo palestino, incluído um Estado independente".
Para Mayta, "a resolução da ONU demonstra que a visão de dois Estados é a única solução para acabar com o conflito palestino-israelense e restabelecer a paz no Oriente Médio".
O porta-voz do governo de Amã adiantou que a Jordânia, em cooperação com outras partes, continuará se esforçando para levar israelenses e palestinos à mesa de negociações.
No entanto, Mayta se queixou das práticas israelenses e suas ações "unilaterais", especialmente a construção de assentamentos, que "fazem ameaçam a segurança e a estabilidade do Oriente Médio, além de bloquear o êxito dos esforços mundiais para a paz".
As relações diplomáticas de Israel com o mundo árabe se limitam à Jordânia e Egito: Amã assinou um acordo de paz em 1994, enquanto Cairo assinou em 1979.
Na noite de ontem, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, por maioria absoluta, uma resolução que reconhece a Autoridade Nacional Palestina (ANP) como um estado observador não membro.
Em uma votação direta no plenário da Assembleia Geral, iniciada por volta das 20h (de Brasília), a resolução impulsionada pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, contou com 138 votos a favor, 9 contra e 41 abstenções.
EFE

Proposta italiana de caçar sonegadores 30/11/2012

Do Valor
Mundo mudou, e ricos pagarão mais imposto
Humberto Saccomandi
É possível ter um barco de lazer e declarar renda anual de R$ 50 mil? Sim. Pode-se ter ganho o barco ou tê-lo comprado com patrimônio acumulado. Mas é muito improvável manter esse barco ao longo do tempo com essa renda, sem redução de patrimônio. Há licenças, seguro e manutenção a pagar. Logo, o proprietário possivelmente tem mais renda, não declarada, que permite cobrir essas despesas.
Esse é o raciocínio do Fisco italiano, que implementará, a partir do ano que vem, um sofisticado mecanismo de estimativa de renda, para tentar coibir a sonegação. Estima-se que os italianos soneguem cerca de € 160 bilhões por ano, mais que o bastante para resolver o problema do déficit público.
O novo mecanismo chama-se redditometro (rendômetro). No jargão técnico da Agenzie delle Entrate (a Receita Federal local), é uma "verificação sintética de tipo indutivo". Com ele, o Fisco estima a renda anual do contribuinte. Se a estimativa ficar 20% ou mais acima da declarada, inicia-se um processo de fiscalização.
Alta desigualdade de renda parece cada vez mais intolerável
Como é feita essa estimativa? Em parte com base na declaração de renda e patrimônio dos contribuintes. Dependendo do tipo de bem, o Fisco estima o gasto anual com manutenção. Dependendo da casa e do local onde a pessoa mora, o Fisco estima o seu gasto médio, com base em dados da pesquisa de domicílio do Istat (o IBGE italiano). Além disso, o Fisco consulta outras bases de dados acessíveis ao Estado. Ele pode saber quantos celulares há no domicílio (e estimar o gasto com celulares), pode saber quantos carros há em nome da pessoa (se o contribuinte não declarar tudo o que tem), com base no registro de veículos, e por aí vai.
Segundo Attilio Befera, diretor da Agenzia, uma família italiana a cada cinco tem gastos "não coerentes com a renda" e cerca de um milhão de famílias (4% do total) declaram renda "perto de zero", mas fazem despesas "relevantes e recorrentes".
Outra novidade é que o contribuinte pode fazer um teste para avaliar a sua situação em relação à renda declarada. Com o "redditest", um software baixado da internet, ele saberá em quanto o Fisco deverá estimar a sua renda. O teste usa o padrão de estimativa do redditometro.
Esse mecanismo refinado de coleta fiscal aponta algumas tendências. Primeiro, é óbvio, a necessidade de alguns Estados europeus de ampliar a sua arrecadação. Mas sugere ainda que a tolerância com a sonegação é cada vez menor e que cresce a pressão social por mais equidade fiscal, isto é, para que os ricos paguem mais impostos. Esses dois últimos fenômenos parecem não estar restritos a um punhado de países europeus em crise.
Não só os contribuintes estão na mira no combate à sonegação. Bancos (muitos receberam ajuda do Estado durante a crise) e paraísos fiscais estão sob pressão intensa. A decisão das Ilhas Jersey de devolver dinheiro atribuído a Paulo Maluf não era comum até pouco tempo atrás. A OCDE (entidade que reúne países ricos) está negociando com a Suíça um mecanismo de verificação de dinheiro não declarado, o que na prática acabaria com o sigilo inviolável dos bancos suíços.
Uma opção dos governos para elevar a arrecadação seria taxar mais as empresas, além dos ricos. Alguns países com baixa carga fiscal (como na América Latina) ainda devem fazer isso. Mas, na maior parte do mundo rico (e no Brasil), elevar impostos tiraria competitividade das empresas, que já enfrentam concorrência externa forte de países com baixa tributação, em especial da Ásia. Assim, isso significaria se arriscar a perder empregos. O governo brasileiro está desonerando as empresas para ajudá-las a ganhar competitividade. Recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama prometeu fazer o mesmo.
Ricos, claro, podem migrar para países de baixa tributação. Alguns já o fizeram. O brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, abdicou da cidadania americana e se mudou para Cingapura, economizando US$ 39 milhões em impostos por ano, segundo estimativas. Políticos americanos o acusaram de estar fugindo da taxação e ameaçaram represálias. Hoje, quem solicita visto de entrada para os EUA tem de responder se já renunciou à cidadania americana para fugir do fisco. Mas quantos ricos ocidentais querem morar em Xangai ou Cingapura?
Essa tendência evidente de taxação maior dos ricos (seja combatendo a sonegação, seja elevando impostos) terá impacto político? Já está tendo.
Obama se elegeu prometendo cobrar mais de quem ganha mais, após décadas de aumento da desigualdade de renda nos EUA. O presidente francês, François Hollande, prometeu elevar a alíquota máxima do IR para 75%, o que chega a ser punitivo em relação à riqueza. As maiores alíquotas de IR na Europa ficam pouco acima de 50%. No Brasil, é de 27,5%. Do ponto de vista de arrecadação, a proposta de Hollande não terá efeito significativo. Mas, do ponto de vista político, é uma resposta à demanda crescente para que os ricos contribuam mais neste momento de crise e por um retorno a um modelo europeu de maior igualdade.
O italiano Norberto Bobbio, no seu livro "Direita e Esquerda", insistiu que as diferenças entre os dois lados permaneciam, mesmo após o colapso do comunismo, e definiu direita e esquerda como os partidos, respectivamente, da liberdade e da igualdade, as principais linhas políticas do Ocidente, advindas da Revolução Francesa. Nos 30 anos antes da crise de 2008, o discurso da liberdade individual, do Thatcherismo até a Reaganomics, foi hegemônico. Isso levou, entre outras coisas, a processos de desregulamentação, como o dos mercados financeiros. As esquerdas tiveram dificuldade de responder e se adaptar. Algumas partidos optaram, com sucesso eleitoral, por absorver parte do discurso de liberdade da direita, como fez o Novo Trabalhismo britânico de Tony Blair.
A crise está fazendo a roda girar. O crescimento da desigualdade em quase todo o mundo durante essa hegemonia de liberalismo parece cada vez mais intolerável. O discurso de maior igualdade, que foi hegemônico no mundo rico entre os anos 1930 e 1970, voltou a ganhar força. Isso pode favorecer as esquerdas. Favoreceu a reeleição de Obama. A esquerda está à frente nas pesquisas na Alemanha e na Itália, que terão eleições em 2013. Mas partidos de direita irão captar essa mudança de sensibilidade nas sociedades e incluir, de algum modo, o reequilíbrio de renda nas suas agendas. Nos EUA, os republicanos não fizeram isso, insistindo no discurso contrário.. E perderam uma das eleição mais ganhas da história americana.
Humberto Saccomandi é editor de Internacional. Escreve mensalmente às quintas-feiras

Embaixadora diz que Brasil apoia criação do Estado da Palestina 30/11/2012

A representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), a embaixadora Maria Luiza Viotti, defendeu na última quinta-feira (29) a criação de um Estado independente da Palestina com o compromisso da “autodeterminação e a uma paz justa e duradoura no Oriente Médio”. Viotti condenou a violência e cobrou o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Ela também recomendou a suspensão dos assentamentos israelenses em Gaza e Jerusalém Oriental.


“O Brasil dá seu firme apoio à aspiração legítima do povo palestino a um Estado soberano, independente, democrático, contíguo e viável, com base nas fronteiras de 1967, convivendo em paz e segurança com o Estado de Israel”, ressaltou a embaixadora. “Insistimos, igualmente, na necessidade de retirar o bloqueio à Gaza.”
 Viotti lembrou que há 65 anos a Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo embaixador brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou a criação de dois Estados independentes no Oriente Médio – o de Israel e o da Palestina. Mas até hoje, segundo ela, a questão referente à Palestina está em aberto e é “uma das maiores ameaças à paz e à segurança internacionais”.

A embaixadora condenou os assentamentos israelenses, promovidos com o apoio do governo de Israel, nas áreas próximas à Faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental. “Essa prática ilegal permanece sendo um sério entrave à paz na região e à realização da solução de dois Estados. O congelamento da construção de colônias, não é, entretanto, suficiente. A ocupação deve acabar”, disse.

Viotti reiterou ainda que o Brasil rejeita a violência cometida contra civis, como recentemente ocorreu durante os confrontos entre israelenses e o Hamas, movimento de resistência islâmica que ocupa parte da Faixa de Gaza, provocando mais de 160 mortos.

“O Brasil rejeita firmemente o extremismo e todas as formas de violência contra a população civil. Exortamos todos os atores a comprometer-se completamente com a não violência, com o diálogo e com negociações efetivas”, disse a embaixadora. “Todas as partes no conflito têm obrigações sob o direito humanitário internacional e devem cumpri-las.”

Para a embaixadora, o Quarteto (formado pelos Estados Unidos, União Europeia, Rússia e China) é inoperante e demonstrou sua ineficiência, na semana passada, durante os confrontos na Faixa de Gaza. Segundo Viotti, o Conselho de Segurança deve assumir a responsabilidade de comandar o processo de paz entre israelenses e Hamas.

“A promoção da paz no Oriente Médio interessa a todos os membros das Nações Unidas e não pode ser delegada a terceiros. Um quarteto inoperante e um Conselho de Segurança omisso não servem aos interesses da paz no Oriente Médio”, ressaltou a diplomata, elogiando a concessão do status de Estado observador para a Palestina. “Expressamos nossa grande satisfação com a demonstração inequívoca de apoio da comunidade internacional a essa solicitação.”

Fonte: Agência Brasil

SP: Velho Estado amplia matança de pobres 30/11/2012

Centenas de pobres são executados em São Paulo
Patrick Granja   
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Pixação em muro de Osasco, SP, denuncia assassinato de morador
Em poucos dias, centenas de pessoas foram assassinadas a tiros em uma série de atentados em várias partes do estado de São Paulo, em especial na capital e região metropolitana.
Entre os dias 24 e 26 de outubro, cinco homicídios foram registrados na capital paulista e bairros vizinhos. No fim de semana seguinte — dias 27 e 28 de outubro — 42 pessoas foram baleadas em bairros pobres e ao menos 26 delas morreram. Na grande maioria dos casos, as vítimas foram alvejadas por homens em motocicletas ou automóveis sem placa. Na região central, oito pessoas foram atacadas a tiros e ao menos duas delas morreram. Na zona Leste, foram 16 feridos e sete mortos. Na zona Norte, dois homens foram baleados e, na zona Sul, um homem foi assassinado a tiros.
Na zona Norte de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, somente no dia 19 de outubro, 14 pessoas foram baleadas e cinco delas morreram. Nenhum dos mortos tinha passagem pela polícia.
No dia 29 de outubro, o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo divulgou nas redes sociais uma nota às autoridades cobrando uma posição a respeito desses assassinatos.
"Não é possível que não se tenha notícia da prisão dos criminosos ou esclarecimento policial quanto a essas mortes (...) Gostaríamos de saber se para todos esses crimes foram abertos inquéritos policiais, acompanhados pelo Ministério Público Estadual — com investigações, exames necropsiais e de balística — com encaminhamento ao poder Judiciário".
Muitos atribuem a onda de ataques que já deixou centenas de mortos em São Paulo a grupos de extermínio formados por policiais. Investigações das corregedorias de polícia apontam a existência de, ao menos, cinco desses grupos nas zonas Norte e Leste de São Paulo, na cidade de Guarulhos e na Baixada Santista.
Uma investigação sobre esses grupos encontrou indícios de que no dia 12 de julho, em Osasco, um desses grupos tenha assassinado oito pessoas.
Além disso, alguns jornalistas que denunciam as atrocidades cometidas pelo velho Estado têm sofrido ameaças. Segundo carta enviada pelo Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça aos ministros Eduardo Cardozo, da justiça; e Maria do Rosário, Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos; "o repórter André Caramante, do jornal Folha de S. Paulo, e sua família tiveram que deixar o país em razão das ameaças recebidas, muitas das quais foram postadas em endereço digital pertencente ao tenente-coronel reformado Paulo Telhada, ex-comandante da ROTA, batalhão da PM responsável por diversas chacinas nos últimos anos. A repórter Lúcia Rodrigues, da Rede Brasil Atual, também tem sofrido ameaças".

Na última farsa eleitoral, o tenente-coronel Paulo Telhada se elegeu vereador. O PM comandou a ROTA por dois anos e meio, período no qual houve um aumento de 63,16% no número de mortes causadas pelo grupamento. O coronel ainda é acusado de forjar ataques ao batalhão da ROTA em 2010 para justificar a execução de criminosos. Como se não fosse o bastante, Rafael Telhada, filho do coronel, também da Rota, estaria sendo investigado em relatórios do DHPP por possível envolvimento em assaltos a caixas eletrônicos. Rafael foi elogiado pelo pai depois de ter participado da ação da PM que assassinou 9 pessoas em Várzea Paulista, num suposto "tribunal do crime".
Além de Telhada, Conte Lopes também foi eleito. Os dois juntos somam 77 mortes no período em que comandavam a ROTA. O Coronel Álvaro Camilo é 1° suplente e também deve assumir em janeiro de 2013.

Militarização chega à maior favela de SP

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Soldados fazem policiamento na favela Paraisópolis
Não é só no Rio de Janeiro que as populações das favelas e bairros pobres têm sofrido com a militarização. Em São Paulo, na madrugada do dia 29 de outubro, cerca de 500 policiais militares levaram a cabo a chamada "Operação Saturação" na favela de Paraisópolis, na zona Sul da capital. A favela é a maior do estado e tem cerca de 80 mil moradores.
Logo após a entrada dos policiais em Paraisópolis, blitz foram montadas em todos os acessos à favela e todos os moradores que entravam e saiam eram revistados. Desde que a PM ocupou o local, foram feitas 21,8 mil abordagens e 15,7 mil vistorias em carros. Segundo o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, "a operação visa trazer tranquilidade para os moradores" da favela, vizinha de um dos bairros mais ricos do país, o Morumbi.
Segundo o secretário, as ordens para as seguidas execuções de PMs nos meses de agosto e setembro teriam partido de Paraisópolis. E de onde partiram as ordens para a matança em andamento nas favelas e bairros pobres em todo o estado? Essa é a pergunta que não quer calar.
Na internet, nas redes sociais do grupo Mães de Maio, vários internautas criticavam a militarização. Um deles é o jovem Thiago Vinícius, que não poupou palavras.
"Operação Saturação na comunidade aqui ao lado do Campo Limpo, Paraisópolis, é uma ação pontual. Mais uma vez a população vê o Estado presente somente pela repressão. Se não fossem os movimentos sociais de base e de verdade (porque lá chove de ONGs pilantrópicas) a situação seria bem pior. Muitas crianças fora da escola, sem médicos, sem lazer. Tudo isso ao lado do bairro com alto índice de desenvolvimento: o nobre Morumbi."
Outro internauta, Bruno Pereira Bueno, denunciou um suposto toque de recolher nas escolas de Paraisópolis.
"Uma tia minha dá aulas numa escola estadual lá em Paraisópolis onde a PM está ocupando, e disse que a recomendação da polícia, ontem e hoje, foi para que os professores não fossem dar aula, apesar de os principais jornais relatarem que o dia está correndo normalmente."

"Suspeito: preto, pobre, da periferia"

Segundo especialistas em sociologia e ciências políticas, a origem do problema está na formação da polícia militar de São Paulo e nas condições desumanas de sobrevivência impostas à crescente população carcerária de São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao AND, a socióloga Vera Malaguti — professora de Criminologia da Universidade Cândido Mendes e Secretária Geral do Instituto Carioca de Criminologia (ICC) — disse que um dos motivos da atual escalada da violência contra os pobres em São Paulo foi o descumprimento de acordos extraoficiais firmados entre o gerenciamento estadual e a organização criminosa PCC — Primeiro Comando da Capital.
— Uma hora, as autoridades vão ter que colocar as cartas na mesa e dizer que está sendo feito um acordo entre o PCC e o governo do estado de São Paulo desde os crimes de maio de 2006 e o acordo foi quebrado pela polícia com essa matança de pobres que está acontecendo. Inclusive, existe uma tese de antropologia da USP que trata justamente desses acordos extraoficiais. O próprio PCC surgiu a partir da opressão penitenciária, realidade que não mudou até os dias de hoje. Os presídios estão superlotados, os parentes de presos não são tratados com dignidade. Qual poderia ser o resultado dessa realidade brutal? Outros estudos revelaram que os líderes do PCC ingressaram no sistema penitenciário por pequenos delitos. Eu acredito que essa escalada da matança de pobres que está acontecendo em São Paulo só vai ser interrompida quando a discussão for feita com a verdade, com os fatos — alerta.
O cientista político da USP Guaracy Mingardi vai mais fundo ao apontar as raízes antipovo da polícia de São Paulo. O especialista diz que, até a década de 70, havia três tipos de polícia em São Paulo: Civil, Força Pública e Guarda Civil.
Em 69, o regime militar disse ‘isso não dá certo porque a gente não controla a polícia’. Então, eles juntaram no mesmo balde a Força Pública, a Guarda Civil e criaram a Polícia Militar. E para manter aquilo sob controle, o primeiro, segundo, terceiro comandantes foram coronéis ou generais do Exército, pra militarizar aquela polícia. Ou seja, militarizou com base no que o Exército achava que era o trabalho policial. A partir dos anos 70 esse comando do Exército foi recriando a ideia do inimigo. É nesse momento que vem a figura do suspeito: preto, pobre, da periferia, porque, para um agrupamento militar é preciso ter a ideia do inimigo, que deve ser identificável enquanto grupo que deve ser derrotado — explica o especialista à revista digital Carta Maior.

Matança de pobres em todo o país

Em apenas 29 meses, 2.882 pessoas foram mortas pela polícia em favelas e bairros pobres de quatro estados do país. Uma média de 3,3 mortos por dia. São dados divulgados pela própria Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) referentes ao período compreendido entre janeiro de 2010 e junho de 2012. Os estados analisados foram apenas quatro, já que os outros gerenciamentos estaduais não divulgam números de homicídios cometidos por policiais.
Em Santa Catarina, 137 pessoas foram mortas no período analisado. No Mato Grosso do Sul, foram 57, 1.590 no Rio de Janeiro e 1.098 em São Paulo. Segundo dados da Anistia Internacional, em 2011, o número de pessoas mortas em supostos "autos de resistência" — como são chamadas as mortes em confronto com a polícia — foi 42,16% maior do que todas as penas de morte executadas, após o devido processo legal, em 20 países. De acordo com Débora Maria, coordenadora do movimento Mães de Maio e mãe de uma das vítimas dos Crimes de Maio de 2006 em São Paulo, os gerenciamentos de turno dão carta branca para a matança e fazem vista grossa para grupos de extermínios formados por policiais.
A gente sabe que quem matou em 2006 aqui em São Paulo continua matando até os dias de hoje, porque não foram punidos. Eles ganharam carta branca para matar. O governo do estado é omisso, ele não admite que dentro das corporações policiais existem grupos de extermínio, por exemplo — argumenta.

SP: polícia mata cada dia mais

Nos últimos dias, o monopólio dos meios de comunicação estampou em suas manchetes alertas para o crescimento do número de policiais assassinados em São Paulo. Entretanto, pouco se fala sobre a disparada no número de mortes cometidas pelas polícias do gerenciamento Alckmin entre os meses de fevereiro e junho desse ano. Segundo dados da ouvidoria de polícia do estado de São Paulo, em média, 36 pessoas foram mortas por mês pela PM entre fevereiro e abril. Em maio, o índice saltou para 52 casos, o que representa um aumento de 44% em comparação com os meses anteriores. Em relação ao mesmo período de 2011, a alta foi de 13%.
A maioria desses assassinatos é atribuída a ROTA — Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar — a mais letal tropa da PM de São Paulo. Somente no primeiro semestre desse ano, a ROTA foi reponsável por 48 dessas mortes. Um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2011. Desde novembro do ano passado, a ROTA esteve sob o comando do tenente-coronel Salvador Modesto Madia, que foi substituído no dia 26 de setembro pelo tenente-coronel Nivaldo César Restivo. Ambos são réus no processo sobre o Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando 111 detentos foram mortos pela polícia sob o comando dos dois militares.
Em 2011, supostos confrontos envolvendo a ROTA em favelas e bairros pobres de São Paulo deixaram 82 pessoas mortas, o que revela um crescimento estarrecedor desde 2007, quando foram registradas 46 mortes. Desde 2001, o maior número de ‘autos de resistência’ envolvendo a ROTA foi registrado em 2003, quando 124 pessoas foram assassinadas.
Além disso, em 2012, o número de homicídios também subiu consideravelmente no estado de São Paulo. Somente no mês de junho, 434 pessoas foram assassinadas. No mesmo período do ano passado, o número de mortos foi de 324. Em setembro, a discrepância foi ainda maior. Foram 135 assassinatos. Um aumento de 96% em relação ao mesmo período de 2011.

 A Nova Democracia

Alemanha aprova novo pacote para a Grécia 30/11/2012


O Parlamento da Alemanha aprovou o mais recente pacote econômico destinado à Grécia por uma ampla maioria, apesar da oposição expressa por muitos políticos do país.
A votação vinha sendo vista na Alemanha como um teste à autoridade da chanceler Angela Merkel sobre a sua própria coalizão de centro-direita.
A líder alemã não foi capaz de assegurar a maioria absoluta dentro de sua própria coalizão e 23 parlamentares se rebelaram contra o pacote.
Mas a oposição social-democrata e os verdes fecharam posição com a coalizão de Merkel.
Entre os 584 deputados do Parlamento, o pacote foi aprovado por 473. Um total de cem parlamentares se opuseram à proposta de auxílio econômico para a Grécia.

Cientistas criam células-tronco do sangue 30/11/2012


Cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, desenvolveram uma forma de criar células tronco a partir do sangue.
O experimento inédito pode indicar a forma mais viável de criar células para tratar pacientes.
A maior parte das células-tronco são criadas a partir da pele humana, mas estudos recentes mostram que células geradas pela pele humana são menos seguras para o uso médico.

New York Times: “Povo português junta-se ao coro de descontentamento da Europa” 30/11/2012

EsquerdaNet

Ao contrário do que acontecia “até há uns meses atrás”, os portugueses entraram para o ranking dos descontentes da Europa, sendo que os “protestos e as paralisações tornaram-se cada vez mais comuns durante este último ano, à medida que o quotidiano de muitas famílias portuguesas se tornou numa luta para se manterem à tona”, noticia o New York Times.
Foto de Paulete Matos.
Num artigo publicado no New York Times (NYT), o jornalista Raphael Minder sublinha que, “até há uns meses atrás, Portugal era visto como “um modelo a seguir” no cenário de crise da Zona Euro, “adotando cortes na despesa e subindo impostos para reduzir o seu défice sem os tumultos, protestos e greves que as políticas de austeridade despoletaram em outros países do sul da Europa”. “Os credores internacionais elogiaram o governo até mesmo quando disponibilizaram um financiamento ao país no valor de 78 mil milhões de euros, no seguimento de acordos similares com a Grécia e a Irlanda”, adianta o correspondente do jornal diário nova iorquino.
A política de austeridade terá, contudo, e segundo escreve Raphael Minder, ajudado a “empurrar Portugal mais profundamente para uma das mais longas recessões da Europa”, tendo os portugueses entrado “para o ranking dos descontentes da Europa, coordenando, inclusive, uma greve geral com os trabalhadores na vizinha Espanha no início deste mês”.
“Os tempos difíceis também criaram tensões” dentro da coligação PSD/CDS-PP, avança, salientando que, ainda assim, “o governo conseguiu aprovar um novo orçamento de austeridade com aumentos abruptos de impostos, enquanto os manifestantes demonstravam o seu descontentamento fora do edifício do Parlamento”.
“Tais protestos e paralisações tornaram-se cada vez mais comuns durante este último ano, à medida que o quotidiano de muitas famílias portuguesas se tornou numa luta para se manterem à tona”, observa o jornalista, lembrando que o “salário dos trabalhadores do setor público e do setor privado está a ser cortado, a taxa de desemprego aumentou para quase 16 por cento, os aposentados enfrentam custos de saúde mais elevados e os estudantes vão pagar mais pelo seu curso, sem qualquer garantia de que o seu grau académico lhes proporcionará emprego”, optando, muitas vezes, por emigrar.
A pretexto da aprovação do Orçamento do Estado para 2013, o NYT publica ainda uma fotogaleria, composta por 16 fotografias. O fotógrafo Maurício Lima opta por temas como a demolição de casas no Bairro de Santa Filomena, na Amadora, a emigração de uma estudante recém formada, um prédio abandonado, sem abrigos, entre outros, para retratar um Portugal empobrecido e fustigado pelas medidas de austeridade impostas pelo executivo do PSD/CDS-PP.

Ampliação do Brasil Carinhoso retira 8,1 milhões de jovens com até 15 anos da extrema pobreza 30/11/2012


A Ação Brasil Carinhoso, que faz parte do Plano Brasil Sem Miséria, vai ser ampliada para atender famílias que vivem na extrema pobreza com jovens de até 15 anos, alcançando 8,1 milhões de crianças e adolescentes, e beneficando 16,4 milhões de pessoas. Inicialmente, o programa era direcionado a famílias com filhos entre 0 e 6 anos. O anúncio foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (29). A presidenta Dilma Rousseff classificou a iniciativa como a mais forte de combate à pobreza extrema no Brasil.

“Eu tenho que o Brasil que nós todos queremos construir é um país de classe média. E, para isso, nós colocamos, como uma de nossas prioridades, desde o início do governo, de retirar 16 milhões de brasileiros da pobreza. E o que estamos anunciando é um passo decisivo para essa sociedade de classe média que desejamos.(…) Não há nada mais importante a fazer. Tenho certeza que vamos fazer”, afirmou Dilma Rousseff, que assinou medida provisória, enviada ao Congresso, para a ampliação da ação.

Os benefícios do Brasil Carinhoso serão depositados a partir de 10 de dezembro, e a expansão do programa representa um custo adicional de R$ 1,74 bilhão ao ano no Programa Bolsa Família. Até agora, a ação já retirou 9,1 milhões de pessoas da extrema pobreza. Com a ampliação, serão mais 7,3 milhões. A ação engloba três pilares – renda, educação e saúde – com a garantia de que todas as famílias extremamente pobres com um ou mais jovens de até 15 anos tenham renda mínima superior a R$ 70 por pessoa. Ainda há o investimento em construção e repasse para creches e pré-escolas, com o aumento de 66% na verba destinada para alimentação das crianças.

“[O Brasil Carinhoso] nasce como uma iniciativa que o Brasil oferece aos seus filhos mais frágeis, para que possam crescer fortes e saudáveis, com as mesmas oportunidades dos outros brasileiros e brasileiras que têm casa, comida, roupa, remédio, brinquedo e escola. E que têm futuro. Nasce porque, junto a ele, uma série de programas se articulam para garantir o futuro. (…) O programa das creches, da alfabetização na idade certa e o da escola integral. Esses programas se articulam para garantir a saída da miséria extrema. A ação do Brasil Carinhoso articulada com todas essas ações, é uma ação que constrói hoje o futuro do nosso país”, completou.

O SUS cercado pelo mercado 30/11/2012

Da Carta Capital

Por Rodrigo Martins e Samantha Maia
No início de outubro, o gigante americano United Health Group (UHG) anunciou a compra da operadora de planos de saúde Amil, um negócio que pode alcançar a vultosa cifra de 9,9 bilhões de ­reais. ­Coincidentemente, a ruidosa aquisição foi fechada na mesma semana em que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) impôs uma severa restrição a 38 operadoras de seguro saúde, ora proibidas de comercializar novos planos por três meses. A decisão, anunciada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi provocada pelo descumprimento de prazos máximos para a marcação de consultas, exames e cirurgias.
Os episódios são emblemáticos. De um lado, revela o forte crescimento e a tendência de concentração das empresas do setor, que movimentou 84,1 bilhões de reais no ano passado, valor 11,5% superior ao de 2010. De outro, as operadoras sofrem cobranças cada vez maiores por conta da baixa qualidade dos serviços ofertados, com mais de 10 mil reclamações de usuários de julho a setembro, segundo a ANS. Ainda assim, o País mostra-se dependente do setor, responsável pela assistência médica a 48 milhões de brasileiros, um quarto da população.

Diagnóstico. A rede privada se beneficia com renúncias fiscais, e o SUS padece de pires na mão. Foto: Raul Spinassé / Ag. A Tarde / AE
Apesar de desafogar a rede pública, o economista Carlos Octávio Ocké-Reis, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sustenta que, da forma como estão organizados hoje, “os planos de saúde mais prejudicam do que contribuem com o Sistema Único de Saúde, a começar pelo fato de o Estado subsidiar o setor privado com renúncias fiscais e abrir mão de mais de 19 bilhões de reais que poderiam ser investidos na rede pública”. Autor do livro SUS: O desafio de ser único, recém-lançado pela Editora Fiocruz, o especialista, com pós-doutorado pela Yale School of Management (EUA), defende uma nova regulamentação da saúde suplementar, de forma que a assistência médica passe a ser organizada a partir do modelo de concessão, como ocorre no setor elétrico. E propõe que o governo crie um seguro público para competir com os planos privados, nos moldes do Plan Public Option, que o presidente Barack Obama tentou, sem sucesso, implantar nos EUA.

Ocké-Reis elenca um
 extenso rol de distorções causadas pelo sistema paralelo, público e privado. Um deles é a forma arbitrária como os preços dos planos de saúde são estabelecidos. Os idosos ou doentes crônicos, por exemplo, são praticamente expulsos do mercado quando mais precisam, em razão das elevadas mensalidades cobradas a esse público. São empurrados para a rede pública, que sofre com o subfinanciamento e assume os custos dos procedimentos médicos mais caros e complexos, normalmente não cobertos pelos planos de saúde. A legislação permite que o SUS peça o ressarcimento pelos serviços prestados aos clientes da rede privada, mas as operadoras boicotam a cobrança. Os prestadores de serviços médicos também são estimulados a trabalhar para o mercado privado, mais lucrativo. Sem falar da dupla porta de entrada em hospitais de referência, que atendem pacientes do SUS, mas oferecem atendimento diferenciado aos usuários de planos de saúde.
“Ao criar um seguro público, haverá uma salutar competição com os planos privados. E o governo terá condições de induzir mudanças para fortalecer o SUS, assim como os bancos estatais ajudaram a reduzir os juros cobrados pelo sistema financeiro”, aposta Ocké-Reis. “Os incentivos fiscais também devem ser repensados, pois acabam por favorecer os mais ricos.”

O economista Carlos Ocké-Reis propõe a criação de um seguro saúde público para competir com as operadoras privadas, nos moldes do plano de Obama nos EUA. Foto: Adriana Lorete
Em 2006, o governo abriu mão de 7,5 bilhões de reais da arrecadação de Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas para compensar os gastos dos contribuintes com a saúde privada, em especial com os planos. Se incluir os descontos para medicamentos e hospitais filantrópicos, o gasto tributário em saúde ultrapassa a marca de 12,5 bilhões, proporcional a 30% dos dispêndios do Ministério da Saúde. O livro não traz dados mais recentes sobre o subsídio estatal ao setor privado, mas não é difícil projetar o impacto. Uma vez mantido esse porcentual de renúncia fiscal (o que parece improvável, tendo em vista o elevado crescimento do mercado de planos), o governo deixou de arrecadar, aproximadamente, 19 bilhões de reais em 2010. As isenções beneficiam pouco mais de 10% da população.
“O nó a ser desatado é o fato de o SUS não ter condições, hoje, de substituir o setor privado na cobertura do núcleo mais dinâmico da economia e do Estado”, diz o especialista. Isso porque o Estado, historicamente, contribuiu para a formação e o fortalecimento dos planos privados. O movimento começou nos anos 1960, quando o governo financiou a juros negativos a construção de instalações hospitalares e equipamentos médicos, beneficiando, sobretudo, as empresas de medicina de grupo. A partir dos anos 1990, o governo permite a consolidação dos planos de saúde por meio de sua política de renúncia fiscal. Ocorre então a chamada “universalização excludente”.
“Milhões de pobres e trabalhadores informais passaram a ter acesso à saúde pública, antes restrita a quem contribuía para o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)”, afirma. “Houve, contudo, uma ‘exclusão por cima’, na medida em que milhões de trabalhadores formais, em busca de atendimento diferenciado, migraram do seguro social para o mercado de planos de saúde. Em vez de ser um sistema único, para todos os brasileiros, o SUS ficou relegado aos mais pobres.”
A crítica ao sistema híbrido encontra eco na academia. “A ideia era de que o sistema privado fosse suplementar, a oferecer serviços a mais que o SUS. Na realidade, as duas atividades se sobrepõem”, critica João Fernando Moura Viana, especialista em regulação econômica com doutorado pela Unicamp. “De 2000 a 2011, os planos de saúde foram reajustados em 151%, e esse aumento não tem fim. A mudança do perfil demográfico, com a população com mais de 60 anos passando de 10%, em 2010, para 19%, em 2030, agrava esse cenário.”
Difícil será convencer os usuários de planos e os prestadores de serviços médicos a confiar na opção preferencial pelo SUS ou num seguro saúde público. “Hoje, o País conta com uma rede de 6 mil hospitais, dos quais um terço é público, um terço é privado lucrativo e outro um terço é filantrópico, que atende tanto os planos de saúde quanto o SUS”, comenta Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Particulares. “Só que o SUS é mal pagador, e muitas instituições diminuem o número de leitos do SUS para atender os pacientes privados.”
Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), é impossível desatar o nó da saúde no Brasil sem a contribuição da rede privada. “Com base em dados do próprio governo, nos próximos 18 anos a saúde pública não dará conta da demanda. O ­porcentual de gasto público com saúde em relação ao PIB entre 2000 e 2010 subiu de 2,9% para 3,8%. A previsão é de que alcance 3,96%, e ainda assim será muito inferior ao dos países desenvolvidos.”

Ministros cogitam rever penas impostas no julgamento do mensalão 30/11/2012

Personagens considerados secundários tiveram condenações por alguns crimes acima das penas impostas a personagens primários; STF deve discutir o assunto na próxima semana

Wilson Lima - iG Brasília
 
Advogados dos réus e até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) admitem que existem incongruências na dosimetria das penas de alguns dos 25 condenados no processo do mensalão . Na última quarta-feira, o STF terminou a imputação das penas, mas alguns ministros admitem que, na próxima semana, deve ocorrer uma “adequação” na dosimetria.

O maior problema verificado nas penas impostas pelo Supremo está no crime de corrupção passiva. Alguns personagens que tiveram participação secundária no episódio receberam penas maiores ou semelhantes a outros considerados “mais importantes” no esquema descoberto em 2005.

Agência STF
Ministros devem discutir na próxima semana assuntos pendentes no julgamento do mensalão
Um dos maiores exemplos é do Bispo Rodrigues, ex-PL. Ele recebeu R$ 400 mil do esquema de Marcos Valério e foi condenado a 3 anos de prisão. Já Valdemar Costa Neto, ex-presidente da legenda da qual Rodrigues fazia parte, que recebeu R$ 10 milhões (25 vezes mais que Rodrigues) e, segundo o STF, ele também era responsável pela distribuição dos recursos aos demais membros do partido, foi condenado a dois anos e seis meses de prisão. No julgamento, os próprios ministros reconheceram que Rodrigues tinha uma importância menor que Valdemar.
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na sessão de quarta-feira alertou para esse tipo de incongruência. Ele classificou de "absurda" a pena contra Valdemar Costa Neto. “Lembro que Valdemar Costa Neto recebeu, nessas inúmeras vezes, o montante de mais de R$ 10 milhões e, pelos critérios que vêm sendo adotados por este plenário - e que considero equivocados, por essa razão estou fazendo esse adendo -, lhe foi aplicada a pena de dois anos e seis meses de reclusão, que, a meu sentir, é o absurdo dos absurdos”, declarou. Valdemar Costa Neto recebeu a mesma punição que os réus Pedro Corrêa (PR-PE), Pedro Henry (PP-MT), Romeu Queiroz (PSD-MG) e José Borba (PP-PR).
As penas pelo crime de corrupção passiva destes foram, por exemplo, bem inferiores à do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. No mensalão, ele foi acusado de ter recebido R$ 326 mil do esquema de Marcos Valério para facilitar a formalização de contratos entre as empresas de publicidade de Valério com o Banco do Brasil. Pelo crime de corrupção passiva, ele foi condenado a três anos e nove meses de prisão.
Na visão de alguns ministros, o grande problema verificado na fase de imputação de pena estava em uma dissintonia entre aquilo que previu o ministro Joaquim Barbosa e o revisor Ricardo Lewandowski. O primeiro previa penas mais duras; o segundo, penas mais leves. Em alguns desses casos, prevaleceu a tese do revisor. No caso do Bispo Rodrigues, prevaleceu a tese do relator. O ministro Marco Aurélio de Mello, por exemplo, acredita que, se o Supremo tivesse analisado o nexo de causalidade de alguns crimes antes da imposição da dosimetria, esse problema não teria ocorrido.
Na próxima semana, o Supremo pretende rediscutir algumas penas dos condenados no mensalão para corrigir justamente essas distorções. A ideia, entretanto, deve gerar novos debates já que ela não é bem vista por ministros como Lewandowski, embora seja defendia enfaticamente por Barbosa. Além de uma possível reanálise de algumas penas, o Supremo também vai definir aspectos técnicos como perda de mandato automática de parlamentares condenados.

Putin acredita na viabilidade de um Estado palestino independente 30/11/2012



Vladimir Putin Palestina

 

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, considera absolutamente viável a tarefa de formação de um Estado palestino.

"Estamos certos de que esta tarefa é realizável, considerando os anos de atividade abnegada de várias gerações de palestinos e sua aspiração à independência", diz-se na mensagem de felicitações de Putin ao presidente da ANP, Mahmud Abbas, por ocasião do Dia Internacional de Solidariedade com a Palestina.
"Como membro permanente do CS da ONU e participante do quarteto de mediadores internacionais, a Rússia está disposta a favorecer, também no futuro, os esforços destinados a resolver definitivamente o conflito no Oriente Médio", assinala-se na mensagem.
portuguese.ruvr.ru

Marinha de Guerra russa recebeu novo porta-mísseis com tecnologia Stealth 30/11/2012


armamentos Forças Armadas frota militar Mar Cáspio
 
© Vissarion, ru.wikipedia.org

 

O novo navio porta-mísseis Dagestan passou a integrar a Marinha de Guerra da Rússia.

A embarcação está já ao serviço, integrada na Flotilha do Mar Cáspio. O seu armamento permite-lhe destruir quaisquer alvos marinhos a 300 km de distância e alvos terrestres a 1500 km de distância.
Para isto, a bordo da fragata foi instalado o recém-testado conjunto Kalibr de mísseis de alta precisão e alta velocidade, praticamente invulneráveis.
Além disto, a fragata foi construída com a utilização de tecnologias Stealth, que tornam o navio praticamente invisível aos radares. Os sinais destes últimos não se refletem ao incidir no navio, mas se dispersam, impedindo a sua identificação.
portuguese.ruvr.ru

Hackers invadem sistema da AIEA pedindo investigação “aberta” sobre o reator israelense de Dimona 30/11/2012





A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU, reportou que um dos seus servidores foi invadido por hackers, que roubaram informações e as publicaram juntamente com uma mensagem anti-Israel na internet.
A ação foi reivindicada por um grupo chamado Parastoo ("engolir", em farsi), o que reforça suspeitas de que o ataque tenha partido do Irã. Segundo a agência, as informações roubadas pelo grupo se referem a "alguns contatos relacionados a especialistas que trabalham" junto à AIEA.
A declaração postada pelo grupo incluía uma série de endereços de e-mails, junto aos respectivos nomes dos destinatários, com um pedido de assinaturas para uma petição em favor de uma investigação "aberta" sobre o reator israelense de Dimona.
"Israel possui um arsenal nuclear, associado a um corpo militar crescente", afirma a mensagem do grupo.
Gill Tudor, porta-voz da AIEA, declarou que a agência "lamenta profundamente a publicação de informações contidas em um servidor antigo que foi desativado há algum tempo".

ARSENAIS
Acredita-se que Israel possua o único arsenal atômico do Oriente Médio, mas não confirma nem nega oficialmente sua existência. O país não é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que exigiria a deposição de tais armas e a abertura a observadores de seu reator na cidade de Dimona, no sul do país.
Tanto Israel quanto os EUA, por sua vez, acusam o Irã de estar desenvolvendo um projeto nuclear com fins bélicos, o que Teerã nega.

EFE

Governo vai levar empresas iniciantes para o Vale do Silício 30/11/2012


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA*
O governo levará start-ups (empresas iniciantes) brasileiras para passar um período de intercâmbio no Vale do Silício (EUA), lar das gigantes da tecnologia Google, Apple, Microsoft e Facebook.
A estratégia é parte do programa Start-up Brasil, que será lançado hoje em São Paulo. O braço de fomento para empresas iniciantes é uma das ações do plano TI Maior, para o desenvolvimento da cadeira de software, adiantado pela Folha em agosto.
Hoje, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) apresentará o edital para selecionar até seis aceleradoras de start-ups.
A Folha apurou que o intercâmbio só será apresentado entre fevereiro e março de 2013, quando as start-ups forem escolhidas -150 que receberão R$ 40 milhões.
O escritório nos EUA funcionará ainda para atrair fundos de investimento e é uma parceria com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). (HELTON SIMÕES GOMES)

Saiba como a aposentadoria pode mudar 30/11/2012

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PAULO MUZZOLON
EDITOR-ADJUNTO DE "MERCADO"
Parlamentares e sindicalistas devem iniciar nesta quarta-feira pressões para que o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, coloque em votação projeto que muda a aposentadoria.

A proposta extingue o fator previdenciário --índice que reduz o benefício por tempo de contribuição de quem se aposenta cedo.
A fórmula foi criada para estimular o adiamento do benefício, mas, na prática, isso não ocorreu. Os trabalhadores continuaram a se aposentar cedo, com valor menor, e optaram por continuar na ativa após receber o benefício.
Além disso, há um agravante: em razão do fator, é impossível para o trabalhador programar sua aposentadoria. O índice muda --para pior-- todos os anos, com a evolução da expectativa de sobrevida da população.
Hoje, um homem com 60 anos de idade e 35 anos de contribuição tem fator 0,8668 (veja quadro). Porém um trabalhador com 55 anos de idade e 30 de contribuição não terá esse mesmo índice em cinco anos. O fator será menor --porque a expectativa de sobrevida da população tende a aumentar--, e seu impacto na aposentadoria, maior.
FÓRMULA 85/95
A pressão pelo fim do fator aumentou há cinco anos. O Congresso chegou a aprovar sua extinção, mas o então presidente Lula vetou a proposta em 2010 por não haver um substituto para o índice.
Agora as discussões voltam-se para o chamado fator 85/95, que já foi discutido anteriormente, mas acabou descartado. Como o governo não aceita o fim puro e simples do fator atual, a fórmula voltou a ser cogitada.
A proposta é simples: aposentadoria integral quando a soma da idade do segurado com seu tempo de contribuição for 85, para mulheres, e 95, para homens. O tempo mínimo de contribuição (30 anos, para mulheres, e 35, para homens) seria mantido.
A mudança valeria só para os trabalhadores da ativa (veja exemplos no quadro).
O problema é que o governo, que já deveria ter apresentado uma contraproposta mais próxima do que considera viável do ponto de vista orçamentário, não conseguiu finalizar o texto até agora.
Além disso, o Ministério da Previdência já fala que medidas provisórias podem emperrar as votações e levar a discussão para setembro.
O relator do fator 85/95, deputado Ademir Camilo (PSD-MG), entretanto, afirma que Marco Maia será cobrado para manter o acordo de votação até o dia 10 de agosto.
"Temos acordo com as lideranças. Se o governo não apresentar um novo texto, pode fazer ajustes no nosso."
A CUT e a Força Sindical também prometem pressionar pela votação.

Editoria de Arte/Folhapress

Editoria de Arte/Folhapress

Expectativa de vida do brasileiro sobe para 74 anos 30/11/2012

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DE SÃO PAULO
A expectativa de vida do brasileiro subiu para 74 anos e 29 dias (74,08 anos) no ano passado, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quinta-feira (29). Em relação a 2010, a esperança ao nascer teve um aumento de 3 meses e 22 dias (73,76 anos).
Em relação a 2000, o indicador fechou 2011 com um aumento de cerca de 3,65 anos (3 anos, 7 meses e 24 dias). No período, houve um crescimento anual médio de 3 meses e 29 dias.
Os homens tiveram um ganho maior em relação as mulheres na última década --3,8 anos contra 3,4.
De acordo com a Tábua de Mortalidade da população do Brasil, o acréscimo na esperança da vida dos homens é de 5 meses e 23 dias a mais do que para as mulheres.

Reprodução
MORTALIDADE INFANTIL
A taxa de mortalidade infantil (de crianças com até um ano) no ano passado ficou em 16,1 óbitos para cada mil nascidos vivos, queda de 76,7% desde 1980. Já a taxa de mortalidade na infância (até cinco anos) foi de 18,7 por mil -redução de 49% em relação a 2000.
Segundo o IBGE, com o Censo de 2010 foi possível, pela primeira vez, fazer o levantamento sobre a ocorrência de óbitos com variáveis associadas às características dos domicílios.
Uma das análises foi sobre esgotamento sanitário.
Nas residências com rede de esgoto a taxa de mortalidade infantil foi de 14,6 óbitos para cada mil nascidos vivos e a taxa de mortalidade na infância, de 16,8 para cada mil. Ambas abaixo das médias nacionais.
Já nos domicílios com esgotamento por vala, essas taxas subiram para 21,0 por mil e 24,8 por mil, respectivamente.
A taxa de mortalidade na infância para o Brasil em 2010, revisada com dados do Censo, foi estimada em 19,4 óbitos para cada mil nascidos vivos, alcançando a meta estipulada para o quarto ODM (Objetivo de Desenvolvimento do Milênio), da ONU, para 2015 (19,9 por mil).