7/5/2012, Xinhua News Agency,
Pequim
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Países do ocidente, por um lado
pressionam para o fim do governo de al-Assad, com pressões econômicas contra seu
governo; pelo outro lado, fornecem muito dinheiro e armas para a oposição. Estão
empurrando a Síria para o abismo da guerra
civil.
Conferência dos "Amigos da Síria" |
Pequim
– Em sua terceira reunião, os autodenominados “Amigos da Síria” clamam por
sanções mais duras, em golpe organizado contra o governo sírio (“mudança de
regime”), no país já atormentado pelo conflito; ao mesmo tempo, prometem mais
ajuda para a oposição.
Comparada
às reuniões anteriores, a reunião em Paris, ontem, 6ª-feira, pouco acrescentou.
Isso, porque a reunião, dominada pelo ocidente, só tem um tema – derrubar o
governo do presidente sírio Bashar al-Assad, segundo os analistas.
O
apoio obcecado à oposição síria e a insistência em pressionar Damasco já
obrigariam a considerar que os autodenominados “Amigos da Síria” seriam, de
fato, amigos da oposição na Síria?
Aumenta
a pressão pela derrubada de al-Assad
A
conferência dos autodenominados “Amigos da Síria” reuniu mais de 100 países, a
vasta maioria países ocidentais e árabes, além de organizações internacionais e
alguns grupos da oposição síria. O grupo, constituído pela França, no início do
ano, reúne-se agora pela terceira vez, depois de Túnis e Istambul, reuniões nas
quais nada foi discutido ou proposto, além de sanções cada vez mais duras contra
o governo de al-Assad.
Falando
no encontro de Paris, o presidente francês François Hollande conclamou al-Assad
a assumir a responsabilidade pela crise que já dura 16 meses e deixar o poder,
abrindo assim o caminho para uma transição política.
A
secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton foi mais específica: exigiu “real e
imediata punição pela resistência, incluído o desrespeito às sanções” contra o
governo de al-Assad.
Laurent Fabius |
O
ministro das Relações Exteriores da França Laurent Fabius disse que a ONU deve
usar os meios necessários para implementar o plano de seis passos concebido por
Kofi Annan, enviado especial à Síria, como representante da ONU e da Liga Árabe.
Fabius
disse também que o Conselho de Segurança da ONU deve aprovar resoluções,
baseadas no Cap. 7 da Carta da ONU, que admite que o CS autorize ações, que vão
de ações diplomáticas e sanções econômicas, à intervenção militar.
Divisões
quanto ao uso da força
Países
ocidentais, contudo, ainda divergem quanto ao uso da força na Síria.
Guido Westerwelle |
O
ministro de Relações Exteriores da Alemanha Guido Westerwelle patrocinou uma
moção contra o uso, nas atuais circunstâncias, de força militar. Para o ministro
alemão, só cabe discutir o uso de força militar “depois de comprovado que as
sanções não estão tendo o efeito esperado”.
Observadores
dizem que, hoje, os países ocidentais continuam divididos sobre o melhor modo de
abordar o conflito sírio; mas que o grupo dos que insistem em buscar solução
política começa a prevalecer.
A
reunião de Paris também aprovou decisão de “ampliar a assistência à oposição”,
oferecendo aos grupos ferramentas para que se comuniquem com segurança entre
eles e com o mundo exterior. Por tudo isso, mantendo substancial apoio à
oposição, os autoproclamados “Amigos da Síria” agem, de fato, como “amigos da
oposição síria” – dizem os analistas, ou, mesmo, como amigos de apenas uma parte
da oposição síria.
As empresas de mídia-imprensa ocidentais também ofereceram ampla cobertura de apoio à reunião de Paris. Todos os jornais noticiaram com destaque a deserção de um alto comandante militar sírio, apresentada como importante golpe contra o governo de Assad.
As empresas de mídia-imprensa ocidentais também ofereceram ampla cobertura de apoio à reunião de Paris. Todos os jornais noticiaram com destaque a deserção de um alto comandante militar sírio, apresentada como importante golpe contra o governo de Assad.
ATENÇÃO!
No
Brasil, como sempre, TODOS os chamados “grandes jornais e revistas” – Grupo GAFE
(Globo-Abril-FSP-Estadão) – noticiaram exatamente a mesma notícia, nos dias
5-6-e 7/7/2012, reproduzindo matéria das mesmas agências:
· Estadão, com chamada na primeira página
da edição de sábado, em: “Alto
comandante sírio foge para a França”;. e
· O UOL, parte da Folha de S. Paulo, do Grupo GAFE,
repetiu também, sem tirar nem por, a mesma notícia, em: “Comandante
militar próximo a Assad desertou na Síria, dizem agências”.
Todas
essas empresas-imprensa de repetição, mais do que noticiar uma deserção,
“noticiam”, sobretudo, a (desejada pela imprensa-empresa) “importância” que
teria uma deserção, como “prova” de que Assad esta(ria) prestes a cair. Não informam que o referido
general estava “de pijamas” há mais de um ano.
Difícil
é saber que utilidade teria esse “jornalismo” que, no Brasil, continua a ser
vendido a consumidores PAGANTES.
De
fato,
é
difícil entender quais interesses levam empresários como os Marinhos, os Frias,
os Civitas e os Mesquitas e os respectivos sócios e acionistas dessas empresas
comerciais, além de seus empregados, a trabalharem tão ativamente, tão
empenhadamente, diariamente e mentindo/omitindo, a favor de sempre mais guerra,
também na Síria.
Nada,
de fato, é hoje mais difícil de entender, no planeta, que esse “jornalismo”
brasileiro sempre pró-guerra, também na Síria. [voltar ao
artigo].
A
abordagem enviesada é como assoprar as brasas da guerra
Bashar al-Assad |
O
grupo que se reuniu em Paris discutiu meios para forçar a saída de al-Assad do
governo da Síria, mas pouco apresentou no campo de ideias sobre como encaminhar
a questão síria depois de al-Assad – dizem analistas políticos sírios.
Ao
mesmo tempo, a insistência de países ocidentais em assegurar meios para
facilitar a continuidade da luta entre grupos sírios, ajuda a inflar a
disposição dos grupos armados e não contribui para levá-los à mesa de
negociações para diálogo político entre os próprios grupos e entre eles e o
governo. O encaminhamento que países ocidentais insistem em dar à questão síria,
absolutamente não contribui para que se busquem soluções políticas pacíficas.
Analistas sírios dizem que essa abordagem enviesada é como soprar as brasas da
guerra.
Kofi Annan |
O
plano de paz de Annan, que exige o fim dos conflitos e diálogo entre Damasco e a
oposição, para que se construa uma “transição política” para o país, é a única
solução para a crise na Síria que, segundo analistas, pode ser aceita pela
comunidade internacional.
Para
analistas sírios, fornecer armas e dinheiro a qualquer das partes em conflito só
agravará a crise cada vez mais, fortalecendo as barreiras que bloqueiam qualquer
solução política.
Damasco
já ofereceu reformas políticas, para incluir figuras da oposição no processo
político. O novo governo sírio, que acaba de ser constituído, depois de eleições
para o parlamento sírio, também enviou sinais claros de estar disposto a iniciar
diálogo político, até que se encontrem soluções para a crise que sejam
aceitáveis por todos.
Se a
oposição síria conseguir dar forma política a suas reivindicações, e se se
dispuser a participar de diálogo político nacional, será possível andar na
direção de solução política e pacífica, para a questão síria – como dizem
observadores baseados no Oriente Médio. Mas países do ocidente, por um lado
pressionam para derrubar o governo de al-Assad, com pressões econômicas; e,
simultaneamente fornecem muito dinheiro, armas e sofisticados equipamentos de
comunicação e vigilância, para a oposição. Assim, nada fazem, além de empurrar a
Síria para o abismo da guerra civil.
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