sábado, 7 de julho de 2012

“Amigos da Síria”: amigos da guerra 07/07/2012



7/5/2012, Xinhua News Agency, Pequim
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Países do ocidente, por um lado pressionam para o fim do governo de al-Assad, com pressões econômicas contra seu governo; pelo outro lado, fornecem muito dinheiro e armas para a oposição. Estão empurrando a Síria para o abismo da guerra civil.
Conferência dos "Amigos da Síria"
Pequim – Em sua terceira reunião, os autodenominados “Amigos da Síria” clamam por sanções mais duras, em golpe organizado contra o governo sírio (“mudança de regime”), no país já atormentado pelo conflito; ao mesmo tempo, prometem mais ajuda para a oposição.
Comparada às reuniões anteriores, a reunião em Paris, ontem, 6ª-feira, pouco acrescentou. Isso, porque a reunião, dominada pelo ocidente, só tem um tema – derrubar o governo do presidente sírio Bashar al-Assad, segundo os analistas.
O apoio obcecado à oposição síria e a insistência em pressionar Damasco já obrigariam a considerar que os autodenominados “Amigos da Síria” seriam, de fato, amigos da oposição na Síria?
Aumenta a pressão pela derrubada de al-Assad
A conferência dos autodenominados “Amigos da Síria” reuniu mais de 100 países, a vasta maioria países ocidentais e árabes, além de organizações internacionais e alguns grupos da oposição síria. O grupo, constituído pela França, no início do ano, reúne-se agora pela terceira vez, depois de Túnis e Istambul, reuniões nas quais nada foi discutido ou proposto, além de sanções cada vez mais duras contra o governo de al-Assad.
Falando no encontro de Paris, o presidente francês François Hollande conclamou al-Assad a assumir a responsabilidade pela crise que já dura 16 meses e deixar o poder, abrindo assim o caminho para uma transição política.
A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton foi mais específica: exigiu “real e imediata punição pela resistência, incluído o desrespeito às sanções” contra o governo de al-Assad.
Laurent Fabius
O ministro das Relações Exteriores da França Laurent Fabius disse que a ONU deve usar os meios necessários para implementar o plano de seis passos concebido por Kofi Annan, enviado especial à Síria, como representante da ONU e da Liga Árabe.
Fabius disse também que o Conselho de Segurança da ONU deve aprovar resoluções, baseadas no Cap. 7 da Carta da ONU, que admite que o CS autorize ações, que vão de ações diplomáticas e sanções econômicas, à intervenção militar.
Divisões quanto ao uso da força
Países ocidentais, contudo, ainda divergem quanto ao uso da força na Síria.
Guido Westerwelle
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha Guido Westerwelle patrocinou uma moção contra o uso, nas atuais circunstâncias, de força militar. Para o ministro alemão, só cabe discutir o uso de força militar “depois de comprovado que as sanções não estão tendo o efeito esperado”.
Observadores dizem que, hoje, os países ocidentais continuam divididos sobre o melhor modo de abordar o conflito sírio; mas que o grupo dos que insistem em buscar solução política começa a prevalecer.
A reunião de Paris também aprovou decisão de “ampliar a assistência à oposição”, oferecendo aos grupos ferramentas para que se comuniquem com segurança entre eles e com o mundo exterior. Por tudo isso, mantendo substancial apoio à oposição, os autoproclamados “Amigos da Síria” agem, de fato, como “amigos da oposição síria” – dizem os analistas, ou, mesmo, como amigos de apenas uma parte da oposição síria.

As empresas de mídia-imprensa ocidentais também ofereceram ampla cobertura de apoio à reunião de Paris. Todos os jornais noticiaram com destaque a deserção de um alto comandante militar sírio, apresentada como importante golpe contra o governo de Assad.
ATENÇÃO! No Brasil, como sempre, TODOS os chamados “grandes jornais e revistas” – Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão) – noticiaram exatamente a mesma notícia, nos dias 5-6-e 7/7/2012, reproduzindo matéria das mesmas agências:
·       Revista Veja, em: General ligado a Assad deserta;
·       Folha de S. Paulo, em: General amigo de Assad deserta e deixa Síria; e
·       Estadão, com chamada na primeira página da edição de sábado, em: Alto comandante sírio foge para a França”;. e
·       O UOL, parte da Folha de S. Paulo, do Grupo GAFE, repetiu também, sem tirar nem por, a mesma notícia, em: Comandante militar próximo a Assad desertou na Síria, dizem agências
Todas essas empresas-imprensa de repetição, mais do que noticiar uma deserção, “noticiam”, sobretudo, a (desejada pela imprensa-empresa) “importância” que teria uma deserção, como “prova” de que Assad esta(ria) prestes a cair. Não informam que o referido general estava “de pijamas” há mais de um ano.
Difícil é saber que utilidade teria esse “jornalismo” que, no Brasil, continua a ser vendido a consumidores PAGANTES.
De fato, é difícil entender quais interesses levam empresários como os Marinhos, os Frias, os Civitas e os Mesquitas e os respectivos sócios e acionistas dessas empresas comerciais, além de seus empregados, a trabalharem tão ativamente, tão empenhadamente, diariamente e mentindo/omitindo, a favor de sempre mais guerra, também na Síria.
Nada, de fato, é hoje mais difícil de entender, no planeta, que esse “jornalismo” brasileiro sempre pró-guerra, também na Síria. [voltar ao artigo].
A abordagem enviesada é como assoprar as brasas da guerra
Bashar al-Assad
O grupo que se reuniu em Paris discutiu meios para forçar a saída de al-Assad do governo da Síria, mas pouco apresentou no campo de ideias sobre como encaminhar a questão síria depois de al-Assad – dizem analistas políticos sírios.
Ao mesmo tempo, a insistência de países ocidentais em assegurar meios para facilitar a continuidade da luta entre grupos sírios, ajuda a inflar a disposição dos grupos armados e não contribui para levá-los à mesa de negociações para diálogo político entre os próprios grupos e entre eles e o governo. O encaminhamento que países ocidentais insistem em dar à questão síria, absolutamente não contribui para que se busquem soluções políticas pacíficas. Analistas sírios dizem que essa abordagem enviesada é como soprar as brasas da guerra.
Kofi Annan
O plano de paz de Annan, que exige o fim dos conflitos e diálogo entre Damasco e a oposição, para que se construa uma “transição política” para o país, é a única solução para a crise na Síria que, segundo analistas, pode ser aceita pela comunidade internacional.
Para analistas sírios, fornecer armas e dinheiro a qualquer das partes em conflito só agravará a crise cada vez mais, fortalecendo as barreiras que bloqueiam qualquer solução política.
Damasco já ofereceu reformas políticas, para incluir figuras da oposição no processo político. O novo governo sírio, que acaba de ser constituído, depois de eleições para o parlamento sírio, também enviou sinais claros de estar disposto a iniciar diálogo político, até que se encontrem soluções para a crise que sejam aceitáveis por todos.
Se a oposição síria conseguir dar forma política a suas reivindicações, e se se dispuser a participar de diálogo político nacional, será possível andar na direção de solução política e pacífica, para a questão síria – como dizem observadores baseados no Oriente Médio. Mas países do ocidente, por um lado pressionam para derrubar o governo de al-Assad, com pressões econômicas; e, simultaneamente fornecem muito dinheiro, armas e sofisticados equipamentos de comunicação e vigilância, para a oposição. Assim, nada fazem, além de empurrar a Síria para o abismo da guerra civil.

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