quarta-feira, 25 de julho de 2012

UE quer prisão para manipuladores de juros mundiais 25/07/2012

Da Folha


A Comissão Europeia propôs nesta quarta-feira que a manipulação de índices de referência para as taxas de juros, como o Euribor e o Libor, seja considerada crime, inclusive com pena de prisão.
Por trás do escândalo de manipulação do Libor --a taxa de juros interbancária fixado em Londres-- está "uma falta absoluta de valores morais" por parte de alguns agentes financeiros, que não levam em consideração os cidadãos, as empresas e as autoridades públicas, disse em entrevista coletiva o comissário europeu de Serviços Financeiros, Michel Barnier.
"Este comportamento deve ser punido sem desculpa alguma, e para isso as autoridades supervisoras em todos os países da UE (União Europeia) devem poder identificar e diagnosticar as manipulações, e ao mesmo tempo os juízes devem dispor dos meios para puni-las, inclusive com prisão nos casos mais graves", opinou.
A Comissão Europeia não tipificou as sanções ou o grau de gravidade do delito que os países da UE devem incluir em seus códigos penais.
A proposta da Comissão pede que os Estados-membros incluam em seus respectivos códigos penais o delito sobre a manipulação direta dos índices de referência, a incitação e a participação nesta prática e a tentativa de alterar esses indicadores. Além disso, pedem o estabelecimento de punições efetivas.
"TOLERÂNCIA ZERO'
"Existirá tolerância zero para manipuladores", afirmou a comissária europeia de Justiça, Viviane Reding.
"O Libor e muitos outros índices similares desempenham um papel fundamental na gestão de riscos de nossa economia e o impacto [das taxas de juros interbancárias] se nota em quase todos os serviços financeiros e produtos do planeta", ressaltou.
Estas taxas influem nos custos que os cidadãos e as companhias pagam na hora de contratar um empréstimo, um crédito ou uma hipoteca, e manter o Libor ou o Euribor artificialmente alto ou baixo "é uma fraude", acusou.
'BANKSTERS'
Viviane recomendou que os banqueiros reflitam sobre seu comportamento, "porque alguns talvez sejam mais banksters" (trocadilho com palavra gângster) e atuam "como proprietários de cassinos corruptos que apostam com as economias de seus clientes", denunciou.
A funcionária foi igualmente dura com o Banco da Inglaterra, que atua como supervisor bancário, porque "recebeu anos antes advertências de que algo ia mal e não atuou" para evitar ou frear o escândalo da manipulação do Libor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário