Notícia
publicada na edição de 24/07/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página
003 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é
atualizado diariamente após as 12h.
A queda mais forte da taxa Selic deve ajudar a reduzir em cerca de R$ 21 bilhões as despesas que o governo tem com o pagamento de juros da Dívida Pública Federal (DPF) ao longo deste ano. Projeções do Tesouro Nacional, obtidas pelo Grupo Estado, indicam que o custo de financiamento da dívida deve fechar o ano em torno de 10,50%, uma queda de 3 pontos porcentuais em relação ao ano passado.
Pelas estimativas do Tesouro, enquanto a taxa Selic média acumulada em 12 meses deve cair de 11,71%, registrado em 2011, para 8,41%, este ano, o custo de financiamento da dívida passará de 13,57% para 10,50%, no mesmo período. De 2011 para 2012, as despesas com o pagamento de juros da dívida, que tinham sempre tendência de alta, devem cair de R$ 211,5 bilhões para R$ 190,5 bilhões, passando de 5,11% para 4,27% do Produto Interno Bruto (PIB).
O subsecretário da Dívida Pública, Paulo Valle, avaliou que o processo de queda da taxa de juros no Brasil para padrões internacionais é um grande aliado para a gestão da dívida e já está promovendo um movimento cada vez mais intenso de busca, por parte dos investidores, por títulos com prazo de vencimento mais longos e com taxas prefixadas, definidas na hora da venda dos títulos públicos.
"Com a queda dos juros, tem havido um apetite maior por alongamento e por papéis prefixados. Acreditamos que esse movimento vai acelerar", disse o subsecretário. O aumento da demanda por prefixados tem ocorrido com os fundos de previdência aberta e os fundos mútuos de investimento. Na contramão desse movimento, o interesse pelas LFTs (títulos com rentabilidade atrelada à taxa Selic) é cada vez menor devido à perda de rentabilidade desses papéis.
A procura dos investidores pelos leilões de troca do Tesouro vem aumentado fortemente. Nesses leilões, os investidores entregam as LFTs que têm em carteira como pagamento pelos títulos vinculados ao IPCA, as NTN-Bs, com prazo de vencimentos mais longos.
Para o subsecretário, o cenário de queda de juros por um período prolongado vai consolidar a melhoria do perfil da dívida púbica na direção dos níveis considerados ótimos para sua gestão, que levam em conta uma participação maior de papéis prefixados e vinculados à inflação e uma pequena parcela de títulos com correção atrelada ao câmbio e à taxa Selic.
"Há cinco anos, não tínhamos nenhum papel prefixado de 10 anos. Hoje, temos e com liquidez diária. É uma evolução. Acreditamos que o dia em que o mercado tiver mais confortável com essa taxa de juros vai migrar para um papel mais longo e que terá mais liquidez", ponderou Valle.
O Tesouro informou ontem que a dívida do governo federal subiu 2,53% em junho, para R$ 1,97 trilhão. O aumento foi influenciado, por exemplo, pela emissão de R$ 10 bilhões para injetar mais recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A participação dos títulos atrelados à Selic caiu para 23,37% do total, menor patamar da história.
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