Retrato mostra o físico britânico em seu escritório, na Universidade de Cambridge
Foto: Sarah Lee/London Science Museum/AF
Foto: Sarah Lee/London Science Museum/AF
Philip
Low, neurocientista de 32 anos e executivo-chefe de uma empresa de San
Diego (EUA), espera fazer com que o físico Stephen Hawking consiga,
neste sábado, se comunicar de uma maneira mais fácil - e, a partir dessa
experiência, quer revolucionar a forma com que pessoas com problemas
parecidos tenham como externar seus desejos e pensamentos - além de
ajudar em condições como apneia do sono e depressão. Low usará em
Hawking um equipamento portátil chamado iBrain, que lê as ondas
cerebrais sem a necessidade de eletrodos ou cabos. O americano espera
que o equipamento decodifique o pensamento do britânico e transforme a
simples tarefa de pensar em letras ou palavras em fala sintetizada por
um computador. O teste ocorrerá na Universidade de Cambridge, no Reino
Unido.
Como Hawking fala hojeHawking ficou conhecido no meio científico por seu pioneirismo no estudo dos buracos negros e do Big Bang e fez fama em todo o mundo por seus populares livros sobre ciência para leigos e por sua história de vida. O britânico sofre de uma doença que lhe tirou os movimentos do corpo. Os médicos chegaram a dizer que o cientista viveria poucos anos, mas, mesmo assim, Hawking conseguiu chegar aos 70.
Em 1985, ele perdeu a fala devido a uma traqueostomia. O especialista em computadores Walt Woltosz criou então a conhecida cadeira de Hawking, que faz com que ele consiga escolher letras em uma tela simplesmente piscando um olho (hoje, ele apenas movimenta parte do rosto) e um sintetizador fala pelo físico.
O computador usado é trocado cerca de uma vez por ano por um mais recente e já conta com internet 3G. Curiosamente, durante anos Hawking não aceitou atualizar o sistema operacional, já que seu programa preferido de voz (Equalizer by Words-Plus) só funcionava em DOS. Foi a Intel que converteu o software para Windows para que o britânico pudesse usar.
A cadeira ainda conta com poderosas baterias, similares às de carro, para que o professor de Cambridge mantenha suas viagens. Ela ainda tem programas que permitem a Hawking fazer ligações, controlar as portas, luzes e itens eletrônicos (TV e aparelho de som, por exemplo) do trabalho e de casa.
Como os cientistas esperam que Hawking se comunique
O iBrain faz parte de uma nova geração de equipamentos portáteis e algoritmos que monitoram a atividade cerebral e diagnosticam condições como apneia do sono, depressão e autismo. Criado por Low, o aparelho seria uma alternativa aos eletrodos e cabos usados em laboratórios e coletaria dados em tempo real enquanto o paciente faz coisas comuns do dia a dia - como ver TV ou dormir.
"A ideia é que Stephen possa usar a sua mente para criar um padrão consistente e repetível para o computador traduzir em, digamos, uma palavra ou letra ou um comando", diz o pesquisador ao jornal The New York Times.
Os cientistas viajaram para o escritório do britânico em Cambridge e colocaram o aparelho em Hawking. Eles então pediram para que o físico imaginasse que estava apertando uma bola com a mão direita. "Claro que ele não consegue movimentar sua mão, mas o córtex motor no seu cérebro ainda pode emitir o comando e gerar ondas elétricas", diz Low. Um algoritmo conseguiu distinguir os pensamentos de Hawking das ondas cerebrais que não interessavam.
A ideia tenta ajudar o famoso físico britânico a continuar se comunicando. Após cinco décadas de luta contra a doença, Hawking agora precisa de sensores cada vez mais precisos para captar seus cada vez mais diminutos movimentos faciais. Low espera assim ajudar uma das mentes que mais fascinam o mundo atual a não ficar presa ao próprio corpo, que deve perder em breve a capacidade de movimentar os poucos músculos da face que ainda comanda.
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