Comando do Exército apresentou à presidente Dilma o projeto Proteger, cujo propósito é defender locais como hidrelétricas, refinarias e usinas nucleares
TÂNIA MONTEIRO
BRASÍLIA
O Brasil terá um sistema completo de
proteção das instalações estratégicas do País, que será capaz de evitar
invasões como a que ocorreu na usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará,
em fevereiro de 2008, quando integrantes do movimento dos atingidos por
barragens chegaram à sala de operações e ameaçaram parar a distribuição
de energia em grande parte do País.
O projeto foi apresentado à presidente
Dilma Rousseff na terça-feira, antes de ela embarcar para Londres, pelo
comandante do Exército, general Enzo Peri. O militar disse ao Estado que
Dilma classificou o projeto como “muito importante”. O sistema
Proteger, como foi batizado pelo Exército, custará R$ 9,63 bilhões e
será instalado em 12 anos. O projeto-piloto foi feito para preservar as
instalações da usina hidrelétrica de Itaipu e também atenderá às
subestações e linhas de transmissão do oeste do Paraná, que receberão a
proteção da Brigada de Infantaria de Cascavel (PR). O segundo passo é
reforçar a proteção da infraestrutura de empresas estratégicas de São
Paulo, como a refinaria de Paulínia ou as indústrias de São José dos
Campos e do Rio de Janeiro, onde estão localizadas, por exemplo, a
refinaria de Duque de Caxias (Reduc) e as Usinas Nucleares de Angra dos
Reis.
Trabalho
permanente. ”O Exército deixará de trabalhar só na crise, mas de forma
permanente, agindo preventivamente, diminuindo a vulnerabilidade das
instalações estratégicas do País e de forma interligada com todos os
órgãos responsáveis pela segurança do País”, disse o general José
Fernando Iasbech, gerente do Proteger.
Para a instalação do projeto, no
entanto, conforme o general Peri, serão necessários mais meios e poderá
haver necessidade de aumento de pessoal. Ele espera que os recursos para
o projeto sejam incluídos na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas)
de 2013. O general Iasbech diz que, para começar a instalação do
projeto-piloto na Brigada de Cascavel, já foram liberados R$ 79 milhões
para a compra de equipamentos para 500 integrantes do Exército, além de
viaturas, barracas e equipamentos de comunicação.
O comandante do Exército acrescentou que
“esta Brigada vai receber carros de combate Urutu novos, enquanto os
Guaranis não chegam e será contemplada com prioridade também no
recebimento de armamento individual novo, equipamentos de comunicação,
como estações rádio e rádios de comunicação individual para que todos
sejam interligados”. Há ainda R$ 41 milhões contingenciados, aguardando a
liberação. A prioridade é para a aquisição de produtos nacionais.
Na apresentação para Dilma, o general
chamou a atenção que o novo projeto do Exército objetiva proteger 56% da
matriz energética do País e, no caso de petróleo e gás, a produção de
mais de 20 milhões de metros cúbicos de petróleo e derivados em terra,
além de 20 mil quilômetros de dutos em operação e mais de 100 mil
quilômetros de linhas de transmissão, sendo que só Itaipu é responsável
por 17% da energia elétrica produzida no Brasil.
Alvos. Mas a proteção se estenderá ainda
a todos os terminais portuários e aeroportuários, termelétricas e todo
tipo de projeto estratégico, estruturas que correspondem a mais de 92%
do PIB nacional. No total, são 371 locais que precisam ser
permanentemente monitorados, 689 considerados de alto relevo e 13.300
classificados como de infraestrutura crítica.
Ainda segundo o gerente do Proteger, há
empresas da área de hidrelétricas que já pedem auxílio aos peritos do
Exército. “Já é o início do projeto na base de operação”, disse o
general.
O emprego da força federal, explicou,
sempre ocorrerá após serem esgotados os meios locais, “porque o Exército
não vai virar guarda patrimonial”. Antes do emprego federal, comentou,
as empresas têm suas seguranças próprias, há os órgãos de segurança
pública, e, somente quando esgotados os recursos locais, o Exército
estará pronto para entrar imediatamente, por meio da unidade militar
mais próxima do empreendimento.
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Sistema de monitoramento de fronteira vai começar em MS
BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo
Além do Proteger, o exército dispõe de
dois outros projetos estratégicos em adoção que foram apresentados à
presidente Dilma Rousseff na reunião da última terça-feira: o Sistema
Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), orçado em R$ 11,9
bilhões e que estará concluído em dez anos, e o Centro de Defesa
Cibernética (CD Ciber), com custo de R$ 2,3 bilhões, a ser instalado em
quatro anos. Todos os projetos funcionam de forma integrada e fazem
parte de um total de sete planos estratégicos em desenvolvimento no
exército, com objetivo de ampliar o poder de atuação da Força Terrestre.
Segundo o comandante do exército,
general Enzo Peri, na próxima terça-feira será aberta a licitação do
projeto piloto do Sisfrom, a ser instalado em Dourados (MS). O piloto
prevê o reforço de 650 quilômetros de fronteiras que dividem Mato Grosso
do Sul com Bolívia e Paraguai. Este ano, serão destinados R$ 300
milhões ao Sisfrom, sendo R$ 180 milhões para o sistema de radares de
Dourados, que deverão ser integrados a outras plataformas de vigilância
da região.
Já o CD Ciber, que receberá R$ 120
milhões este ano, passou pelo seu primeiro teste durante a Rio+20. O
Brasil, hoje, é o único país da América Latina a contar com um simulador
de defesa cibernético. / T.M.
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