Do G1
Material estava em prédio perto das embaixadas de Brasil e
Chile. Bolívia não tem tecnologia para enfrentar eventual desastre
radioativo.
O governo da Bolívia informou ter encontrado nesta terça-feira (28)
cerca de duas toneladas de urânio em um prédio no coração de La Paz, a
poucos metros das embaixadas de Brasil e Estados Unidos, e ordenou uma
investigação imediata.
"São cerca de duas toneladas de material que se usa para a construção
de armamento nuclear", disse em entrevista coletiva o vice-ministro do
Interior, Jorge Pérez, que dirigiu a operação policial para remover o
material.
"A informação preliminar aponta para um alto nível de radioatividade,
o que vamos determinar com a perícia que se realizará imediatamente",
disse Pérez, revelando que o suposto dono do material foi detido.
Saco contendo vestígios de urânio encontrado no Centro de La Paz. (Foto: Reuters)
O vice-ministro não detalhou como o material foi localizado e para
onde a polícia o levou, e se a operação ocorreu com as devidas medidas
de segurança radioativa. Também não informou se os vizinhos do local
precisarão realizar exames médicos.
O material estava em uma garagem do primeiro andar de um prédio no
coração de La Paz, a poucos metros das embaixadas de Brasil e Estados
Unidos.
"Nos chama a atenção o manejo de um material deste tipo, prejudicial à
saúde, em tal quantidade e no centro da cidade de La Paz", disse Pérez.
As duas toneladas de urânio estavam em bolsas (plásticas) expostas ao
tempo, um material radioativo manipulado de maneira direta e de forma
irresponsável, arriscando a vida de pessoas", prosseguiu.
Segundo Pérez, o urânio "pode proceder do Brasil ou de outro país vizinho, e provavelmente seguiria para o Chile".
Policiais guardam caminhão que o governo usou para retirar urânio do Centro da capital boliviana. (Foto: Reuters)
O vice-ministro destacou que "o processo de manipulação deste tipo de
material deve ser submetido a certo tipo de protocolo e de autorização
especializada", e que "todas as regulamentações do planeta geralmente
assinalam que o manejo do urânio é exclusivo do Estado, e não de
particulares".
O presidente da estatal Corporação Mineira da Bolívia (Comibol),
Héctor Córdova, disse que o achado "é preocupante e chama a atenção"
pelo tipo e quantidade do material encontrado. Córdova lembrou que a
Bolívia não possui tecnologia para processar urânio, apesar de o país
ter uma jazida do mineral no departamento andino de Potosí, no sudoeste
do país.
A imprensa local especulou no ano passado que Bolívia e Irã haviam
fechado um acordo para explorar urânio, o que La Paz negou
energicamente.
"Há convênios internacionais que estabelecem a forma com que se deve
manipular material radioativo, com a intervenção dos Estados. Há formas
de embalar e transportar que são muito controladas para não ocorrer
danos à população", disse Córdova.
"É verdadeiramente surpreendente o que acabamos de descobrir e será
preciso tomar todas as medidas para se evitar qualquer dano à população
exposta a este material".
A Bolívia não tem tecnologia e conhecimento para enfrentar um eventual desastre de saúde por exposição à radiação.
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