AGRICULTURA IRRIGADA no Ceará (Citricultura)
Ceará é foco da Roque Citrus, empresa sediada em Limeira (SP). Primeira colheita está prevista para julho de 2013
28 de agosto de 2012 – 17:39 | 0 comentário(s)fonte: Corrigir |Imprimir |
A citricultura em escala industrial está subindo o mapa do Brasil. De
Limeira, interior de São Paulo, para o Baixo Acaraú, interior do Ceará.
A Roque Citrus desenvolve um projeto de produção de frutas cítricas nos
municípios de Acaraú e Bela Cruz. Hoje, 500 hectares (ha) estão sendo
cultivados, com estimativa de ter a primeira colheita em julho de 2013.
Os planos futuros são da instalação de uma esmagadora de laranja para
o fornecimento de suco concentrado da fruta e suco de caixinha.
O projeto será realizado em 2.000 ha – duas etapas de 1.000 hectares
-, conforme informou ao O POVO o engenheiro agrônomo e gerente do
projeto no Ceará, Antônio Marcos Aires de Lima.
A compra dos primeiros 500 ha, mais a montagem da infraestrutura e a
plantação das mudas, representou o investimento inicial de R$ 13
milhões, que tiveram início em 2009. Para concluir a primeira fase, os
outros 500 ha e a plantação consumirão R$ 11 milhões. Novas mudas estão
previstas para serem fixadas em outubro.
“A gente acredita que o projeto vai se dar muito bem na região. Nosso
objetivo é aproveitar a entressafra de São Paulo. Com base nisso,
teremos uma vantagem a mais”, comentou Aires de Lima, deixando claro que
a empreitada vai seguir independente da produção paulista.
O gerente explica que o restante da área do projeto será adquirido
após a primeira colheita. Poderá ser por meio de licitação ou por compra
avulsa. “O importante é que queremos continuar neste Perímetro Irrigado
(do Baixo Acaraú, construído pelo Departamento Nacional de Obras contra
as Secas – Dnocs), em função da boa infraestrutura oferecida, como água
e energia elétrica”. Segundo informou, o projeto está sendo financiado
pelo Banco do Nordeste (BNB).
Cerca de 45 funcionários estão trabalhando no Roque Citrus Ceará,
entre eles tratoristas, pulverizadores, responsáveis por podar e
capinar. Na época da colheita, é esperada a contratação de mais 150
trabalhadores temporários. “Os trabalhadores estão sendo capacitados
aqui. Estamos aproveitando a mão de obra local”, garantiu.
Custos menores no CE
O presidente da Câmara Setorial da Fruticultura do Ceará, o empresário
João Teixeira Júnior, afirma que considera importante a entrada da Roque
Citrus no Estado. “O Ceará tem um potencial muito grande. Toda essa
parte de suco sempre vem de outros Estados, principalmente de São Paulo.
Vai gerar riqueza para a nossa região”.
João Teixeira comenta que há vantagens para produzir frutas cítricas
no Ceará, em razão do clima semiárido, que proporciona a menor
incidência de pragas, consequentemente, a menor utilização de defensivos
químicos. “Tem muito sol e poucas chuvas, evitando pragas. Podemos ter
uma relação melhor com a natureza do que em São Paulo”.
O POVO procurou a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) para
falar sobre o projeto no Baixo Acaraú. A agência informou que não
comenta o assunto, por questões de sigilo empresarial.
Sem falar sobre esse caso em específico, o diretor de Atração de
Investimento da Adece, Cláudio Frota, disse que o Estado está criando
condições para cultivar frutas cítricas. A consequência disso é criar as
condições para desenvolver uma indústria de processamento da laranja,
por exemplo.
“A Adece tem uma diretoria voltada ao agronegócio, tem um trabalho
para ver como podemos melhorar o manuseio em produtos que o Ceará tem
vocação. A gente tem ações nessa área (de citricultura). Eu diria que,
quando você tem uma semente, aquela semente gera uma árvore, que gera
frutos”, ressaltou Frota.
O diretor destacou que a laranja não proporciona só o suco. “Você tem
o óleo, tem gominhos da laranja desidratado, que são vendidos no
mercado externo”. (Colaborou Nathália Bernardo e Rebecca Fontes)
Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
A produção da Roque Citrus no Ceará objetiva abastecer Juazeiro do
Norte, Sobral, Teresina, Natal (RN), Mossoró (RN) e possivelmente,
Petrolina (PE). Há intenção de exportar o produto processado, mas isso é
um plano futuro da empresa.
Números
200
toneladas é a capacidade estimada de processamento de laranja na
esmagadora que deverá ser instalada no Vale do Acaraú pela Roque Citrus
10
variedades de frutas cítricas deverão ser produzidas no Ceará, no Vale
do Acaraú com o desenvolvimento do projeto da empresa paulista
Saiba mais
Variedades de 10 frutas em produção
A Roque Citrus vai produzir 10 variedades de frutas cítricas no Vale do
Acaraú, entre elas a dekopon, pokan e clementine (tipos de tangerinas);
laranja pera e limão tahiti, informou o engenheiro agrônomo e gerente do
projeto no Ceará, Antônio Marcos Aires de Lima.
A Roque Citrus está trabalhando na contramão do que está acontecendo
no setor de citricultura no Brasil. A crise econômica mundial e a falta
de interesse das indústrias de sucos norte-americanas pela laranja
brasileira colocam o preço da laranja para baixo. Este ano, houve
colheitas que não foram feitas, trazendo prejuízos no campo.
A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo
informou que a produção paulista de laranja deve atingir 365 milhões de
caixas em 2012, 5% menos se comparada com a de 2011. (com agências)
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