sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Dilma quer resistência ao "tsunami monetário" 14/09/2012


O governo não quer que o real se valorize com a entrada de dólares no País
Notícia publicada na edição de 14/09/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 002 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.



Preocupada com um possível retorno do "tsunami monetário", a presidente Dilma Rousseff já coordenou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a estratégia de resistência aos possíveis efeitos das medidas tomadas ontem nos Estados Unidos. Pouco depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou que injetará mensalmente US$ 40 bilhões em dinheiro novo na economia dos EUA para reanimar o mercado doméstico, Dilma e Mantega conversaram por telefone. O governo federal não vai permitir que o real se valorize caso esses dólares emitidos pelo Fed engrossem o fluxo de capital para o Brasil.
Após o telefonema, Mantega desceu do quinto andar do Ministério da Fazenda para o auditório, no andar térreo, para anunciar a desoneração da folha de pagamentos para 25 setores da economia. Aproveitou a coletiva à imprensa para comunicar a estratégia ao mercado financeiro. "Não deixaremos ocorrer uma valorização do real por causa da medida." O ministro acrescentou que o governo poderá lançar mão a qualquer momento do arsenal de medidas de que dispõe para manter o real desvalorizado.
"Já enfrentamos o QE1 e QE2, que eram até maiores", disse Mantega, em referência às políticas de expansão quantitativa (na sigla em inglês, QE) perpetradas pelo Fed entre meados de 2010 e o início de 2011. Naquelas ocasiões, a forte injeção de dólares na economia americana inflou os fluxos de capitais para países emergentes, num movimento que Dilma, no ano passado, apelidou de "tsunami monetário". O governo entende que ainda é prematuro afirmar que o fluxo de dólares vai aumentar, mas a estratégia na equipe econômica já está pronta.
Na terça-feira, quando anunciou o pacote de reforma do setor elétrico, Dilma chegou a afirmar que o atual patamar do real foi conquistado após "ações efetivas para que a moeda, artificialmente valorizada por tsunamis monetários e por políticas monetárias de combate à crise nos países desenvolvidos, deixasse de ser um entrave ao mercado interno".
O entendimento inicial do governo é que instrumentos existem e devem ser usados para evitar que o real volte a se valorizar. Entre os mecanismos estão a compra de dólares, por parte do Banco Central (BC), no mercado à vista, e a venda de contratos de swap cambial reverso no mercado financeiro, numa operação que equivale a compra de dólares no mercado futuro.
Uma frase, creditada ao ex-ministro Antônio Delfim Netto, tem sido repetida por economistas do governo e auxiliares presidenciais em Brasília: "Mesmo com todo o corte efetuado pelo Banco Central na taxa básica de juros, a Selic a 7,5% ao ano num cenário global de juro zero é o último peru no dia de ação de graças".

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