Do Opera Mundi
Peña Nieto se encontrou com Dilma e manifestou interesse em políticas de distribuição de renda
O presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto, afirmou nesta
quinta-feira (20/09), em Brasília, durante encontro com a presidente
Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, sua intenção de promover uma
reforma na estatal petrolífera Pemex, que enfrenta resistência política
no país. A ideia, já enfatizada durante sua campanha, é de transformar a
estrutura de gestão da empresa mexicana em semelhante à sua
correspondente brasileira, a Petrobras.
No encontro com Dilma, ficou acertado que executivos da petrolífera
mexicana se reunirão com representantes da Petrobras, inclusive a
presidente, Maria das Graças Foster, para conhecer mais detalhes do
funcionamento da empresa. A Petrobras sempre foi muito elogiada pelo
novo presidente mexicano e classificada por ele como "maior" e "mais
competitiva", a partir das mudanças feitas em seu formato
administrativo.
No México, grupos nacionalistas criticam a intenção do novo
presidente de acabar com o monopólio estatal da petrolífera. À época de
sua campanha eleitoral, Peña Nieto chegou a citar a possibilidade de
lançar as ações da empresa, semelhante ao que ocorreu na Petrobras, mas
com o controle do governo assegurado em questões consideradas
estratégicas e sensíveis à economia do país.
"Pedi a colaboração para conhecer essas experiências exitosas que
poderão servir para a modernização da empresa petroleira de nosso país.
Pedi que conheçamos o que foi a reforma que transformou a Petrobras em
uma grande empresa petroleira, justamente ao permitir a participação do
setor privado e maior autonomia", disse Peña Nieto em entrevista após
reunir-se com a presidente Dilma.
"Uma relação mais estreita" e "uma maior cooperação" entre as duas
economias mais importantes da América Latina "seria importante" para
ambos países, mas também "para toda a região", pois serviria como
locomotiva para o comércio e a promoção de investimentos, afirmou.
Além da petrolífera, Peña Nieto afirmou que pretende se inspirar
no modelo brasileiro de políticas públicas na área educacional e no
combate à pobreza extrema. Segundo dados oficiais, no México existem
cerca de 50 milhões de pessoas que vivem na pobreza, número equivalente a
cerca de 46% da população.
Na educação, Peña Nieto manifestou seu interesse no programa "Ciência
sem Fronteiras", por meio do qual o governo brasileiro outorgará bolsas
de estudos a cerca de 100 mil jovens nas cem melhores universidades do
mundo.
O futuro chefe de Estado mexicano também reafirmou o interesse em
elevar as relações comerciais com o Brasil em setores em que ambas as
economias possam se encontrar, visando inclusive o maior desenvolvimento
regional. O entendimento de ambos os lados é que as transações
comerciais entre os dois países estão aquém da dimensão das duas
economias.
Agência Efe
Peña Nieto desce rampa interna do Palácio do Planalto, em Brasília, para falar com jornalistas
Durante
o encontro, a presidente Dilma confirmou que comparecerá à posse
presidencial do advogado, que ocorrerá no dia 1º de dezembro, na Cidade
do México.
A possibilidade de rever a necessidade de vistos para
turistas brasileiros que desejam ir ao México também deverá ser
considerada pelo novo governo mexicano.
Questões comerciais
específicas, como uma atuação conjunta entre Petrobras e Pemex no
mercado internacional, deverão ser debatidas em encontros futuros.
A
própria polêmica envolvendo o acordo automotivo entre Brasil e México
não foi tema de discussão, afirmou Peña Nieto. A melhor saída para a
questão, segundo disse, seria uma ampliação do comércio entre os dois
países, com a garantia de aumento da presença do Brasil nas importações
mexicanas.
Após o encontro com Dilma, o presidente eleito fez
breves declarações a jornalistas e em seguida embarcou para o Chile,
terceira escala de uma viagem que inclui visitas à Argentina e ao Peru e
que já o levou à Guatemala e Colômbia.
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