Com a popularidade em baixa, presidente perde mais de 20 prefeituras e vê ameaçados seus planos políticos para 2013. Voto facultativo contribuiu com alto índice de abstenção
Sebastián Piñera, Presidente do Chile. - Foto: Arquivo/Pautaregional.cl
No primeiro desafio eleitoral do governo
de direita do chileno Sebastián Piñera — no poder desde 2010 —, a
oposição de centro-esquerda saiu vitoriosa. A aliança do atual
presidente perdeu mais de 20 prefeituras, muitas delas consideradas
chave para as eleições parlamentares e presidenciais de 2013, como
Santiago (capital do país), Providencia, Ñuñua e Concepción.
Reunindo partidos socialistas, democrata-cristãos, social-democratas e radicais, a esquerda do país conseguiu 43% dos votos válidos, contra 37% do atual governo. No total, a oposição elegeu 167 prefeitos, enquanto a direita conquistou 120 municípios. Segundo especialistas, o resultado expõe a impopularidade do atual governante — o primeiro direitista a ascender ao poder desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Entre as vitórias mais emblemática, estão as de Carolina Toha, ex-ministra da ex-presidente socialista Michelle Bachelet, e de Josefa Errazuriz. Toha derrotou, em Santiago, o ultraconservador Pablo Zalaquett, enquanto Errazuriz ganhou do ex-coronel Cristián Labbé, simpatizante assumido de Pinochet que governava Providencia há 16 anos. Labbé foi enfático ao dizer que não cumprimentaria a vencedora, chamando-a de “a serpente do paraíso”.
Para os analistas, no entanto, o que mais chamou a atenção foi o número de abstenções na primeira eleição facultativa da história do Chile. “Uma democracia que não participa, em sua grande maioria, começa a perder força e legitimidade. Por isso, convido todos a fazerem um exercício de reflexão”, afirmou Piñera, ao defender que os números não podem passar desapercebidos e devem servir de alerta para as próximas eleições.
De acordo com Claudia Hess, cientista política do Instituto de Assuntos Públicos da Universidade do Chile, o fato revela que a maior parte dos chilenos não se identifica com as políticas apresentadas. Antes das eleições, pesquisas mostravam intenções de voto em torno de 63% do eleitorado, mas apenas 43% compareceram. “Este é um sério problema para o sistema político chileno e demonstra a dificuldade de superar a apatia que as pessoas sentem em relação às instituições políticas, especialmente os partidos. É preciso analisar com cuidado esses dados para podermos afirmar, realmente, uma vitória da centro-esquerda”, defendeu a especialista, em entrevista ao Correio, por e-mail.
Economia
O professor de história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes acredita que o resultado também tem características de cunho econômico. “É uma ratificação da impopularidade do governo Piñera, cuja administração foi diretamente atingida pela crise econômica mundial que estava em curso quando assumiu. E é natural que os eleitores se lembrem da época da coligação de Bachelet (de esquerda), que vivia tempos melhores”, afirma ao Correio.
Para Juan Pablo Luna, professor do Departamento de Ciência Política na Universidade Católica do Chile, os resultados consolidam a influência de Bachelet no cenário político do país. Luna ressalva que as taxas de abstenções devem ser analisadas por uma desistência da população mais velha em não sair para votar no antigo sistema e na surpresa com o fato de os jovens votarem mais, mesmo com a expectativa de alto número de abstenções. “A base da centro-esquerda foi menos afetada por esse declínio”, finaliza.
Reunindo partidos socialistas, democrata-cristãos, social-democratas e radicais, a esquerda do país conseguiu 43% dos votos válidos, contra 37% do atual governo. No total, a oposição elegeu 167 prefeitos, enquanto a direita conquistou 120 municípios. Segundo especialistas, o resultado expõe a impopularidade do atual governante — o primeiro direitista a ascender ao poder desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Entre as vitórias mais emblemática, estão as de Carolina Toha, ex-ministra da ex-presidente socialista Michelle Bachelet, e de Josefa Errazuriz. Toha derrotou, em Santiago, o ultraconservador Pablo Zalaquett, enquanto Errazuriz ganhou do ex-coronel Cristián Labbé, simpatizante assumido de Pinochet que governava Providencia há 16 anos. Labbé foi enfático ao dizer que não cumprimentaria a vencedora, chamando-a de “a serpente do paraíso”.
Para os analistas, no entanto, o que mais chamou a atenção foi o número de abstenções na primeira eleição facultativa da história do Chile. “Uma democracia que não participa, em sua grande maioria, começa a perder força e legitimidade. Por isso, convido todos a fazerem um exercício de reflexão”, afirmou Piñera, ao defender que os números não podem passar desapercebidos e devem servir de alerta para as próximas eleições.
De acordo com Claudia Hess, cientista política do Instituto de Assuntos Públicos da Universidade do Chile, o fato revela que a maior parte dos chilenos não se identifica com as políticas apresentadas. Antes das eleições, pesquisas mostravam intenções de voto em torno de 63% do eleitorado, mas apenas 43% compareceram. “Este é um sério problema para o sistema político chileno e demonstra a dificuldade de superar a apatia que as pessoas sentem em relação às instituições políticas, especialmente os partidos. É preciso analisar com cuidado esses dados para podermos afirmar, realmente, uma vitória da centro-esquerda”, defendeu a especialista, em entrevista ao Correio, por e-mail.
Economia
O professor de história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes acredita que o resultado também tem características de cunho econômico. “É uma ratificação da impopularidade do governo Piñera, cuja administração foi diretamente atingida pela crise econômica mundial que estava em curso quando assumiu. E é natural que os eleitores se lembrem da época da coligação de Bachelet (de esquerda), que vivia tempos melhores”, afirma ao Correio.
Para Juan Pablo Luna, professor do Departamento de Ciência Política na Universidade Católica do Chile, os resultados consolidam a influência de Bachelet no cenário político do país. Luna ressalva que as taxas de abstenções devem ser analisadas por uma desistência da população mais velha em não sair para votar no antigo sistema e na surpresa com o fato de os jovens votarem mais, mesmo com a expectativa de alto número de abstenções. “A base da centro-esquerda foi menos afetada por esse declínio”, finaliza.
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