sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Drones: denúncia da guerra secreta 07/12/2012

Esquerda.Net

Nos últimos 8 anos, os EUA já mataram 3.378 pessoas, em 350 ataques com drones. Um novo site (Dronestagram) cruza imagens do google com detalhes dos locais atingidos por drones para que, segundo o autor do site, eles fiquem “um pouco mais visíveis, um pouco mais próximos. Um pouco mais reais”. Por Nick Hopkins.
Imagem do Dronestagram
Os militares geralmente ficam felizes no momento de alardear os seus êxitos, e de louvar homens e mulheres que arriscam a vida pelo seu país. Talvez o vínculo humano (ou a ausência dele) seja o que os anima a levantar a voz quando falam de algumas missões, e a se envergonhar quando se trata dos aviões não-tripulados (drones).
Dirigidos por controle remoto a milhares de quilómetros de distância, os Veículos Aéreos Não-Tripulados (UAV, Unmanned Aerial Vehicles) provaram ser o único triunfo militar infalível na guerra do Afeganistão; quer dizer, se é que “êxito” significa uma equação em que muita gente morre, quase inevitavelmente, e a um preço acessível.
De acordo com o Escritório de Jornalismo de Investigação (BIJ, Bureau of Investigative Journalism), que compila os números de ataques com aviões não-tripulados, os Estados Unidos já mataram 3.378 pessoas, em 350 ataques com drones nos últimos oito anos. E isso, só no Paquistão. Os EUA também organizam ataques com esses aviões no Iémen e na Somália a partir de uma base situada no minúsculo estado africano de Djibuti(o qual supõe-se que ninguém conhece). Mas a Casa Branca quer falar sobre isso? Não, a menos que tenha que fazê-lo, e às vezes nem sequer nesse caso.
Em abril, o Assessor de Contraterrorismo do Presidente Obama, John Brennan, fez um pronunciamento defendendo o uso de drones, e afirmou que tomava grandes precauções para garantir que os ataques fossem legais e éticos. “Estamos em guerra”, declarou. “Estamos em guerra contra uma organização terrorista chamada Al-Qaeda”.
Quem aparece na lista dos alvos, por que os ataques acontecem em certos momento e local específicos e quem assume a responsabilidade pelos mesmos… bom, isso fica para outro dia.
A informação sobre os UAVs é arrancada de Washington aos poucos, e aqui aparece James Bridle. Utilizando as informações escassas que existem, Bridle, criador do microblog New Aesthetic, inventou o Dronestagram. Ao cruzar imagens do Google com detalhes de objetivos do BIJ, começou a apontar os lugares atingidos por ataques UAV.
Bridle afirma que quer que eles fiquem “um pouco mais visíveis, um pouco mais próximos. Um pouco mais reais”.
No seu blogue, Bridle sustenta que “os ataques com drones são realizados por aparelhos invisíveis, à distância e sobre uns média e uma sociedade desconectados… a tecnologia que, supunha-se, iria aproximar-nos, está a ser usada também para obscurecer e ocultar”.
As imagens de Dronestagram podem ser só “paisagens estranhas”, mas Bridle tem a esperança de que a sua rapidez e intimidade se somem à crescente exigência por transparência. Ainda neste ano, a Apple impediu a circulação de um aplicativo que faria praticamente o mesmo, sob o argumento de que muita gente consideraria o conteúdo eticamente questionável. Não é caso, podemos supor, dos parentes e amigos dos civis que são mortos frequentemente pelos ataques de drones, por mais “cuidadosamente” que se escolha o alvo dos ataques, e por mais “precisos” que sejam os mísseis.
Artigo de Nick Hopkins, publicado no jornal britânico The Guardian , traduzido por Gabriela Leitepara Outras Palavras

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