Por Tiago Pariz
BRASÍLIA, 21 Fev (Reuters) - O governo federal terá que emitir
412,6 bilhões de reais neste ano em títulos públicos para financiar a
dívida pública federal, que deverá chegar ao fim do ano entre 2,10
trilhões e 2,24 trilhões de reais, de acordo com o Plano Anual de
Financiamento divulgado nesta quinta-feira pelo Tesouro Nacional.
Os vencimentos da dívida pública interna somam este ano 493,2
bilhões de reais e, além de novas emissões, o governo prevê utilizar
131,2 bilhões de reais de recursos orçamentários para honrar esses
compromissos.
De acordo com o documento, o Tesouro tem em caixa o equivalente a
cerca de 5 meses de vencimentos de principal e juros da dívida, que
poderão ser utilizados caso encontre "condições de mercado extremamente
adversas" para a colocação de papéis no mercado.
O Tesouro também já comprou dólares para honrar os compromissos
da dívida externa dos dois próximos anos, segundo o relatório. Neste
ano, vencem o equivalente a 10,7 bilhões de reais em dívida externa
mobiliária e contratual.
PERFIL DA DÍVIDA
A estratégia de financiamento para este ano prevê o alongamento
do prazo médio da dívida para uma faixa entre 4,1 e 4,3 anos, ante 4
anos em 2012, e a troca gradual dos títulos indexados à Selic por
prefixados e remunerados por índices de preços.
De acordo com o PAF, a parcela da dívida atrelada à inflação deve
ficar entre 34 e 37 por cento este ano, conta 33,9 por cento em 2012.
Já a prefixada deverá subir dos atuais 40 por cento, para entre 41 e 45
por cento neste ano.
Com isso, o Tesouro quer reduzir a participação dos títulos
indexados à taxa de Selic -- as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs)--,
para entre 14 por cento e 19 por cento do estoque da dívida. No fim de
2012, esses papéis respondiam por 21,7 por cento do total da dívida
mobiliária federal.
"A indexação que nos gostaríamos de ver diminuída é essa que faz
com que qualquer movimento da política monetária se reflita
imediatamente no preço dos títulos (...) Por isso que a gente trabalha
com os dois títulos: com prefixado e com índice de inflação", disse o
secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, ao divulgar o documento
nesta quinta-feira.
Augustin minimizou o efeito da disparada dos preços no apetite dos investidores por papéis atrelados à inflação.
"Tem momentos que o mercado prefere esse título. O mercado tem
suas avaliações. Nós consideramos normal esse processo no qual o mercado
num determinado momento prefere isso ou prefere aquilo", afirmou o
secretário do Tesouro ao apresentar o Plano Anual de Financiamento
(PAF).
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