14/3/2013, Lin Meilian, Global Times, China
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Lin Meilian |
Pouca
gente sabe que há partidos políticos legais e legítimos na China, além
do Partido Comunista da China (CPC). Menos gente ainda conhece o nome
dos oito, chamados genericamente de “partidos democráticos”.
Duas
“sessões” que se realizam em março, anualmente, são importante
plataforma para que os partidos não comunistas contribuam para mostrar
que a China dá grande atenção ao sistema de cooperação multiparditária e
de consultas políticas.
Esse
sistema foi descrito pelo Ministro da Saúde, Chen Zhu, também
presidente do Partido Chinês Democrático de Camponeses e Trabalhadores,
em conferência de imprensa dia 6/3/2013, como “uma garantia de que a
China mantêm-se solidária, como o maior país em desenvolvimento do
mundo, com população de mais de 1,3 bilhões de pessoas. O sistema chinês
motivou todos os partidos a darem-se as mãos e unirem-se no processo de
desenvolvimento do país” – disse Chen.
Perguntado
se esses partidos desejariam que houvesse eleições às quais
concorressem todos os partidos, Wan E'xiang, presidente da Comissão
Revolucionária do Kuomintang Chinês (CRKC), respondeu que o atual
sistema político é comprovadamente bem-sucedido.
“Um velho ditado chinês ensina que “só o pé sabe avaliar se o sapato é confortável ou não” – disse Wan.
Yu Zhengsheng, recém eleito presidente da Conferência Política Consultiva do 12º Comitê Nacional do Povo Chinês [orig. 12th National Committee of the Chinese People's Political Consultative Conference (CPPCC)] disse, na 3ª-feira, que a China jamais copiará sistemas políticos ocidentais.
“Temos
de manter firme a liderança do Partido Comunista da China, aderir a ele
e aprimorar sempre o sistema de cooperação multipartidária e consultas
políticas a outros partidos, sob a liderança do Partido Comunista
Chinês. Não vejo circunstância alguma que torne ou venha a tornar
interessante para a China imitar sistemas políticos ocidentais” – disse
Yu, em entrevista à rede Xinhua.
De muitos, a bem poucos
Há
cerca de quase um século, nos primeiros estágios da China moderna,
havia mais de 300 partidos, o que gerava “rivalidade entre partidos
políticos e senhores-da-guerra e aproximava a China da desintegração” –
disse Wan, presidente do CRKC – “A China jamais teria alcançado o
brilhante sucesso econômico que atingimos, se tivéssemos persistido
naquele tipo de sistema políticos” – concluiu.
Os
oito partidos não comunistas foram criados antes da fundação da
República Popular da China em 1949, e lutaram juntos contra os japoneses
e Chiang Kai-shek durante a II Guerra Mundial e a guerra civil chinesa.
Para
fortalecer e aprimorar a liderança do Partido Comunista Chinês, o
Partido buscou construir uma outra modalidade de democracia. O PCC e os
demais partidos decidiram, por consenso, manter a cooperação
pluripartidária em termos de supervisão política, todos aliados no mesmo
esforço para tornar mais científico e democrático o processo de tomada
de decisões do partido governante.
O
desenvolvimento dos partidos não comunistas foi ameaçado durante a
Revolução Cultural (1966-76), mas o processo voltou a avançar e
aprimorar-se depois da 3ª Sessão Plenária da 11ª Conferência Política
Consultiva do Comitê Nacional do Povo Chinês, em 1978, que marcou o
início da reforma no país e da política de abertura.
Ao
longo dos anos, o número total de membros dos “partidos democráticos”
saltou de 65 mil, em 1978, para 850 mil em 2012, embora ainda não
ultrapasse o 1% do número de membros do PCC.
Os
oito partidos não comunistas não são partidos de oposição. Todos
participam das discussões e da administração do Estado. Mas esses
partidos não tem poder real, porque, como muito se tem discutido, não
têm capacidade para exercer supervisão efetiva sobre o partido
governante.
Zhang
Ming, professor de ciência política na Universidade Renmin da China e
especialista em história dos sistemas políticos, disse que a China, de
fato, não tem partidos democráticos como se entende no ocidente. “Desde a
campanha anti-direitistas de 1957, nunca mais vi qualquer partido
democrático chinês criticar o partido governante com crítica realmente
forte” – Zhang escreveu em Weibo, no início de janeiro.
Em busca de sarna para se coçar
Apenas
um mês antes das duas reuniões do Congresso do Povo Chinês, Xi Jinping,
novo líder do Partido Comunista Chinês, falou sobre a necessidade e a
importância de o Partido Comunista ser mais tolerante a críticas
advindas de não membros do partido: “O Partido Comunista Chinês deve ser
capaz de suportar críticas agudas, corrigir erros, no caso de tê-los
cometido; e de evitá-los, se ainda não os tiver cometido” – disse Xi,
citado em matéria da Agência de Notícias Xinhua.
“E
o pessoal de fora do PCC deve ter a coragem de sempre dizer a verdade,
ecoando as palavras que colham das ruas e que realmente reflitam
aspirações populares” – acrescentou Xi.
Em
resposta, Chen Changzhi, presidente da Associação da Construção
Nacional Democrática da China, deu um exemplo de como o seu partido faz
supervisão democrática.
Há
três anos, descobriu sobre cerca de 100 cidades que haviam declarado
que a nova energia passava a ser um dos pilares de suas indústrias, o
que, para ele, seria desperdício de recursos. Então, levou o problema
diretamente à reunião consultiva central. “Os partidos democráticos
devem dizer a verdade” – disse ele –“mas a crítica tem de ser realista e
racional”.
Zhu Shihai, professor no Instituto Central de Socialismo, disse a Global Times que não é fácil, para os partidos não comunistas manifestar qualquer crítica.
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