No recurso, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), afirma que a liminar concedida por Gilmar
Mendes ao mandado de segurança levado ao STF por Rodrigo Rollemberg
(PSB-DF) "ofende a Constituição", transforma o STF num "suprapoder",
acima dos demais, e enfraquece a democracia; embate é crucial para os
rumos do País
247 - Ao dar chance ao Supremo
Tribunal Federal de "rever seus próprios excessos", o presidente do
Senado Federal, Renan Calheiros, listou uma série de argumentos
essenciais para o futuro da democracia no Brasil. Leia, abaixo, trechos
selecionados pela coluna Radar:
O Congresso enviou um recurso ao STF
contra a liminar de Gilmar Mendes que suspendeu a tramitação do projeto
que inibe a criação de novos partidos. No recurso, alega basicamente o
seguinte:
* Que não cabe Mandado de Segurança no caso, mas sim uma Ação Direita de Inconstitucionalidade.
* Diz que o estado democrático de Direito pressupõe um
corpo legislativo legitimado a tomar decisões políticas em nome da
comunidade. E que os juízes não são eleitos democraticamente.
* Fala que a decisão assemelha-se à do Fundo de
Participação dos Estados e que ministros do STF não podem substituir as
deliberações amplamente pluralizadas do parlamento.
* Alega que, se aceita a decisão de Mendes, o STF vai virar um suprapoder, desnaturando o pacto constituinte.
* Diz que a decisão coloca em risco as instituições
democráticas. Fala também que só depois de concluído o processo
legislativo poderia se ingressar na Justiça, pois falar em casuísmo,
nesse momento, seria pura especulação.
* Alega que a decisão tira do Senado a possibilidade de ser casa revisora.
* Por fim, diz que a liminar, sob o pretexto de defender a Constituição, está a ofendendo.
Leia, abaixo, noticiário da Agência Senado, sobre o caso:
O Senado protocolou nesta quinta-feira (25) recurso junto ao Supremo
Tribunal Federal (STF) na tentativa de retomar a tramitação do Projeto
de Lei da Câmara (PLC) 14/2013. Oagravo regimental sustenta que a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes representa ingerência nas competências do Poder Legislativo.- O papel do Legislativo é zelar pela suas competências. Da mesma forma que nós nunca influenciamos decisões do Judiciário, nós não aceitamos que o Judiciário influa nas decisões legislativas, consideramos isso uma invasão – afirmou o presidente do Senado, Renan Calheiros, logo após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, na tarde desta quinta-feira (25).
A decisão de Gilmar Mendes suspendeu a tramitação do projeto, que restringe o acesso de novos partidos ao Fundo Partidário e ao tempo de TV. De acordo com o ministro, houve “extrema velocidade” no exame da matéria, aparente casuísmo em prejuízo das minorias políticas e contradições entre o projeto e normas constitucionais. A foi provocada por mandado de segurança impetrado pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
O agravo regimental é um recurso judicial que pede o reexame de uma decisão monocrática (de um único juiz) pela composição completa da Corte. Renan acrescentou que o agravo será uma oportunidade de o STF fazer uma “revisão” sobre a decisão tomada.
O presidente do Senado negou que haja uma crise entre Legislativo e Judiciário, mas disse ser inconcebível uma tentativa de influência externa no andamento do processo legislativo.
Para Henrique Alves, a provocação ao STF foi equivocada. Ele reforçou o discurso de Renan, ao dizer que não aceita intromissão de outro poder no Congresso. Alves disse que o Congresso não interfere na forma de votar dos ministros do STF e também não pode aceitar qualquer interferência na forma constitucional e regimental de decisão do Legislativo.
- Esperamos que o Supremo possa rever essa posição, fazendo justiça ao papel constitucional do Congresso – disse o presidente da Câmara.
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