- Jornal Ciência
- Tamara Lopez
Arqueólogos descobriram aquele que pode ser o calendário mais antigo do mundo.
Pesquisadores
da Universidade de Birmingham, Inglaterra, acreditam que o monumento
encontrado tem cerca de dez mil anos, sendo assim, mais antigo que o
primeiro calendário conhecido, inventado há cinco mil anos.
A descoberta ocorreu em um monumento mesolítico em Aberdeenshire, na
Escócia, e o tempo era medido de acordo com as fases lunares e solares,
sendo possível controlar o mês lunar ao longo de um ano.
“A
evidência sugere que as sociedades caçadores-coletores tinham tanto a
necessidade e sofisticação para controlar o tempo ao longo dos anos,
quanto para corrigir o desvio sazonal do ano lunar, e isso ocorreu
cerca de cinco mil anos antes da invenção dos primeiros calendários
formais conhecidos no Oriente”, disse Vince Gaffney, professor de arqueologia da paisagem na Universidade de Birmingham, e um dos líderes da pesquisa.
Os primeiros dispositivos formais dos quais Gaffney faz referência
foram criados na Mesopotâmia a cerca de cinco mil anos atrás.
Um pesquisador,
da Universidade de Bradford, explica que as comunidades pré-históricas
de caçadores-coletores precisavam conhecer o tempo, e assim, saber
quais seriam as fontes de recursos alimentares que estariam disponíveis
em diferentes épocas do ano.
As escavações foram feitas entre 2004 e 2006, e recentemente analisadas pelos pesquisadores da universidade britânica.
Eles descobriram que os monumentos, que são na verdade poços,
alinhavam-se durante o nascer do sol do Solstício do Inverno, e segundo
especialistas, isso proporcionaria uma correção anual astronômica que
manteve a ligação entre a passagem do tempo indicado pela Lua, o ano solar e as estações do ano.
A localização dos poços foram descobertas pela primeira vez quando
foram observadas as marcações de culturas incomuns durante o
levantamento aéreo feito pela Comissão Real sobre os monumentos antigos
da Escócia.
“Tiramos
fotos da paisagem escocesa por quase 40 anos, registrando milhares de
sítios arqueológicos que não foram detectados a partir do solo. Este se
destaca como algo especial. É notável pensar que nosso levantamento
aéreo pode ter ajudado a descobrir onde o próprio tempo foi inventado”, disse David Cowley, um dos pesquisadores.
O Dr. Richard Bates, da Universidade de St. Andrews, também esteve
envolvido no projeto e disse que o monumento indica a sofisticação das
sociedades no início Mesolítico da Escócia.
"Nossas
escavações revelaram uma visão fascinante sobre a vida cultural do
povo cerca de 10.000 anos atrás, e agora esta última descoberta
enriquece ainda mais a nossa compreensão de sua relação com o tempo e
os céus."
A pesquisa foi publicada na revista Archaeology.
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