A atuação da “Mídia Ninja – Narrativas Independentes Jornalismo e Ação” foi debatida no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, nesta terça-feira (30). A discussão sobre a influência do Mídia Ninja no formato atual de jornalismo produzido pela mídia no país foi um dos assuntos do programa. O grupo tem transmitido pela internet, ao vivo, imagens dos recentes protestos que tomaram as ruas de várias cidades do Brasil.
Bruno Torturra, um dos coordenadores do grupo, falou sobre os objetivos da Mídia Ninja e afirmou que o grupo deve começar a buscar novas formas de financiamento e investir em outros formatos de cobertura jornalística.
Segundo Torturra, o trabalho da Mídia Ninja é a “quebra de uma narrativa midiática única, da grande mídia, sempre focada nos mesmos assuntos e nas mesmas óticas da informação”.
Durante o programa, professores de comunicação e jornalistas também comentaram sobre a importância do grupo. Para Leonel de Aguiar, professor de Comunicação Social da PUC-RJ, além de influenciar a “grande mídia”, a Mídia Ninja deverá influenciar mudanças, inclusive, nos cursos de jornalismo das universidades.
O professor também levantou uma questão: “como é que você junta estas duas questões: jornalismo e ativismo social?”. Segundo Torturra, os integrantes dão o seu ponto de vista durante a cobertura, mas, para ele, isso não significa que ocorra manipulação da informação. “A opinião durante a cobertura faz parte da concepção de atuação do grupo”, completa.
Para Ivana Bentes, professora de comunicação da UFRJ, o grupo consegue extrair informações extras do que está acontecendo nas manifestações porque estão lá no local, desde o princípio, “diferente de outros jornalistas que vão, fazem a matéria, e vão embora”, diz a professora.
A pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, Sylvia Moretzsohn, discorda que a produção do grupo seja jornalismo. Ela critica a postura dos integrantes sobre os conteúdos divulgados: “Eles sequer sabem o que está acontecendo em determinados locais onde há manifestações e mesmo assim estão lá, transmitindo ao vivo. Parece que estão brincando de transmitir um evento”, afirma.
Para além das manifestações
O apresentador do programa, Alberto Dines, refletiu sobre como a Mídia Ninja vai fazer este mesmo trabalho quando terminar as manifestações nas ruas, já que a atuação do grupo é predominantemente ao vivo, O cineasta, Eduardo Escorel, respondeu à pergunta dizendo que acredita que isso não é um problema para a cobertura alternativa da mídia, pois o que define a motivação da cobertura é o interesse dos integrantes: “havendo disponibilidade de ir para as ruas, sempre haverá o que cobrir ao vivo”, afirma.
Bruno também lembrou que o trabalho do grupo veio antes das manifestações. Segundo ele, além de algumas transmissões nas ruas, ao vivo, o Ninja priorizava debates em estúdios fechados sobre vários temas. “A ideia sempre foi criar um núcleo de jornalismo auto-sustentável, que tenha liberdade de atuação, que possa investigar”, diz o coordenador.
Financiamento
Bruno Torturra afirma que o Mídia Ninja pretende desvincular o financiamento de um intermediário entre o público e quem vai produzir a informação. Segundo ele, o Ninja pretende investir nos formatos “crowdfunding” em São Paulo e no Rio. São modelos alternativos de arrecadar recursos on-line, com a contribuição de pessoas que se simpatizam com o projeto. Ele explica que está sendo pensada uma assinatura mensal para acesso a alguns conteúdos para que as pessoas possam ajudar no financiamento e também para que o grupo possa “começar a pensar em remuneração” dos integrantes.
Para saber mais sobre o Mídia Ninja, acesse aqui o perfil do grupo no Facebook.
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