quinta-feira, 7 de julho de 2011

O capital ficticio quer mais vitimas

Juro começa a subir no mundo. Foco volta aos EUA

Era esperado que ocorresse, mas não havia segurança de que o Banco Central Europeu fosse, como fez, subir sua taxa básica de juros -  de 1,25% ao ano para 1,5% – como resposta à crescente inflação no continente.  Os altos níveis de desemprego e a relativa estagnação da economia, com vários países na “fila” para inviabilizar suas contas não serviram de freios para uma decisão que tem várias implicações no mundo.
A primeira, e mais direta, é que aumentam as pressões sobre os Estados Unidos, que estão na iminência de ampliar seu endividamento – ou decretara uma impensável moratória – até o dia 2 do mês que vem. Ontem, numa “coletiva” pública, com perguntas recebidas via Twitter, o presidente Barack Obama voltou a criar um clima de pressão sobre os republicanos, que relutam em autorizar o aumento do limite da dívida pública e o fim de isenções fiscais:
“Nosso crédito pode ser rebaixado, taxas de juros podem subir drasticamente e poderia haver uma nova espiral rumo a uma segunda recessão ou pior”, disse Obama. “O Congresso tem a responsabilidade de garantir que nós paguemos nossas contas”.
Niguém, em sã consciência, duvida que esse aumento de endividamento será aprovado e que, dificilmente, em véspera de eleição presidencial, os EUA vão fazer um arrocho de crédito, aquele que exigem do mundo.E a fragilidade de sua moeda vai continuar, mesmo com o risco de isso explodir a economia mundial.
Mas o que isso tem a ver com a gente?
O que tem é que, com a subida dos juros lá fora e uma inflação oficial (o IPCA)  subindo mais do que o esperado – em parte por não ter se não  reduzido como era esperado, com a safra, o preço do etanol -  vão aumentar as pressões para novo aumento da taxa de juros do Banco Central.
Primeiro, para recompor o elevado “prêmio” de juros reais que pagamos para que o capital “prefira” aplicar-se aqui e não lá. Segundo, porque a pressão por juros é mundial e isso se comprova com a decisão recentíssima de subi-los em um país que é reconhecido por restringi-los fortemente: a China. E aqui, porque a política de “dar como certo” do BC que haverá aumento de juros sinaliza, para os agentes econômicos, uma elevação preventiva de preços.
Ao contrário do que ocorreu quando enfrentamos a crise mundial com uma política anticíclica – que ficou popularmente conhecida pelo “marolinha” com que Lula denominou seus efeitos aqui – estamos “andando junto com a maré” neste momento em que tudo parece indicar um novo e forte abalo na economia mundial.
E nossa sofrida experiência história mostra que, sempre que fomos “meninos bonzinhos” na ordem econômica mundial, entramos pelo cano.
Outro dia, com a queda que levou o dólar à cotação mínima em uma década, um operador financeiro falou: “é impossível não comprar”.  Pois é. O Brasil tem de encarar seriamente a necessidade de construir, já, diques para a evasão rápida de moeda. Verdade que as reservas cambiais altas são garantias extremamenteimportantes, mas ficam dentro do “jogo de mercado”, em que os prejuízos do desastre ficam restritos ao Estado.
Se não estendermos, nem que seja minimamente, os controles à saída de capital financeiro – como fizemos com a sua entrada, via IOF – estaremos vulneráveis aos movimentos de boiada que marcam esse jogo financista. Não é fechar a porteira, porque isso é inviável, no atual estado da economia. Mas temos que organizar um brete, que é aquela saída mais estreita, onde não podem passar todas as reses a um só tempo.


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