Bolívia, Venezuela, Equador e Nicarágua
abandonaram o Tratado Interamericano de Defesa Recíproca em meio a uma
forte ofensiva diplomática contra os Estados Unidos e para presionar a
reforma da Organização de Estados Americanos (OEA), cuja 42ª Assembleia
Geral termina nesta terça-feira.
— Tomamos a decisão de enterrar o que
acreditamos que já esteja enterrado e jogar no lixo o que já não serve —
disse o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, numa entrevista conjunta
e em nome de seus colegas de Venezuela, Nicolas Maduro; Bolívia, David
Choquehuanca; e Nicarágua, Denis Moncada.
Patiño recordou que o Tratado
Interamericano de Defesa Recíproca foi criado por iniciativa dos Estados
Unidos com o propósito de uma defesa coletiva diante de uma agressão
bélica extracontinental a qualquer um dos integrantes.
— O movimento mais importante deveria ter
sido usado na época do ataque (britânico) às Ilhas Malvinas, mas não
foi aplicado. Um dos países, inclusive, respaldou o agressor — disse
Patiño, se referindo aos EUA.
Fora do encontro, o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, propôs a criação de mecanismos latino-americanos
que contribuam para fortalecer a unidade e a integração da região,
depois de advertir que, “se a OEA não mudar , é preciso acabar com ela”.
— Para que a OEA e para que a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)? Vamos criar nossos mecanismos
nestes espaços geopolíticos de unidade e de integração que estão
nascendo como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos
(Celac) — afirmou Chávez, do Palácio de Miraflores, à televisão estatal.
Os quatro países questionaram a OEA,
dizendo que o organismo deveria passar por uma reforma ou morrer, mas
concentraram suas críticas principalmente na Comissão Interamericana de
Direitos Humanos e na Corte Interamericana de Direitos Humanos, que
acusam de se subordinar a Washington para torpedear governos de esquerda
na região.
Embora não tenha uma aplicação prática, o
anúncio de quatro dos principais países da Aliança Bolivariana para as
Américas (Alba) constitui um gesto de pressão sobre o órgão.
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