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No seu discurso ao país, o primeiro-ministro não
se referiu uma única vez ao desemprego, mas anunciou o despedimento de
30 mil funcionários públicos, pondo os restantes a trabalhar mais horas
por menos salário. As reformas aos 65 anos passam a ser penalizadas e os
pensionistas serão sujeitos a um novo imposto.
Passos Coelho à saída da declaração em que anunciou mais austeridade para quem trabalha ou já se reformou. Imagem RTP
Apesar dos níveis de desemprego não pararem de subir, a par da dívida,
Passos Coelho acredita que "é grande a confiança que inspiramos por toda
a Europa" e não hesitou em apresentar mais medidas que penalizam
sobretudo aqueles que mais têm sofrido nos últimos anos, os
trabalhadores e pensionistas.
Passos Coelho anunciou a abertura de processos de rescisão com 30 mil
funcionários públicos e o aumento do horário de trabalho no Estado para
as 40 horas semanais ainda este ano, justificando este aumento com a
necessidade de convergência do regime de trabalho no setor público com o
do privado. Também em 2013, o Governo pretende passar a despedir
funcionários com 18 meses de permanência no Sistema de Mobilidade
Especial, trabalhadores que já viram o seu salário cortado várias vezes
durante esse período.
Os funcionários públicos verão ainda ser refletido no seu salário o
aumento da contribuição para a ADSE em 1%, dos quais 0,75% já em 2013,
acrescentou o primeiro-ministro, anunciando outros cortes através da
elaboração de uma "tabela única de suplementos" para quem trabalha na
Função Pública.
Passos Coelho anunciou mudanças no regime de segurança social e quem se
reformar aos 65 anos passa a ser penalizado no valor da pensão.
Polícias e militares vêem a idade mínima de acesso à situação de
reserva, pré-aposentação e disponibilidade aumentar para os 58 anos de
idade.
Os atuais pensionistas voltam a ser um dos alvos preferidos do Governo
para cortar na despesa pública. Apesar de terem financiado a sua própria
reforma ao longo da carreira contributiva, serão agora sujeitos a um
novo imposto indexado ao crescimento económico.
O primeiro-ministro anunciou ainda a eliminação dos regimes de
bonificação de tempo de serviço para acesso à reforma e a convergência
das regras das pensões atribuídas pela Caixa Geral de Aposentações com
as regras da Segurança Social. E avisa que quer mexer também na fórmula
do factor de sustentabilidade da Segurança Social, baseada na esperança
de vida, acrescentando-lhe a massa salarial total da economia.
Ao todo, pelas contas de Passos Coelho, estes novos cortes sobre os
trabalhadores e reformados representam cerca de 4,8 mil milhões de euros
nos próximos dois anos, ou seja, cerca de um terço dos juros da dívida
que o Estado pretende pagar no mesmo período. Há dois dias, o mesmo
Passos Coelho afirmava no encontro com os TSD que o país pagou em 2012
"qualquer coisa como 7,5 mil milhões em juros de dívida pública".
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